My Propeller: 02 - Strange



O local não era tão grande, mas bem organizado e uma música baixa tocava na jukebox, rock clássico. Tinham algumas mesas ocupadas com adultos sorridentes, outros nem tão sorridentes assim. Alex me puxou para o bar e nos sentamos em bancos altos lado a lado.
- O que vai querer ? - ele perguntou se virando para mim.
- Uma marguerita - disse e ele sorriu como se aprovasse minha escolha.
- Uma marguerita e um copo de whisky por favor - ele pediu ao barman que prontamente iniciou a preparar os drinks.
- Por que esse bar ? - perguntei o encarando.
- Eu costumo vir aqui. Fica num lugar calmo e só algumas pessoas me reconhecem, mas não se importam muito, o que me faz parecer um adulto comum por algumas horas - disse e deu de ombros. Assenti e continuei observando-o.
- Um copo de whisky para o senhor e uma marguerita caprichada para a senhorita - o barman disse galante a última parte e eu sorri para ele ouvindo Alex pigarrear ao meu lado. Olhei confusa para ele, mas decidi ignorar sua ação. Dei um gole e analisei Turner dar um bem mais generoso que o meu em sua bebida.
- Vai com calma - disse segurando o riso e ele me encarou estressado. O ignorei mais uma vez.
- Por que estava fugindo do seu ex ? - ele perguntou depois de um tempo.
- Por ele é um completo idiota que me deixou assim que uma loira gostosa deu bola pra ele e fica querendo voltar a ter algo comigo depois que ela deu um pé na bunda dele. Ele tentou me agarrar pouco antes do show acabar dizendo que eu o estava provocando - disse exasperada e dei mais um gole na bebida.
- Talvez seja pelo jeito que você estava dançando durante Crying Lithning - o moreno a minha frente disse e eu o encarei estupefata percebendo em seguida que ele havia se arrependido completamente do comentário.
- Que música é essa mesmo ? - provoquei e ele fechou a cara me fazendo rir - Estou brincando. É claro que eu sei qual é e eu estava apenas me divertindo, mas parece que isso distraiu tanto ele quanto você não é ? - rebati ousada e ele sorriu sacana de lado.
- Mas agora que eu já falei da minha vida amorosa de merda, me fale um pouco da sua, você não parece ter namorada - disse sarcástica a última parte fazendo-o rir fraco. Era um som realmente agradável de se ouvir.
- Bem, como você se diz uma não-fã da minha pessoa, a senhorita não deve saber que terminei a pouco tempo um relacionamento de 4 anos - ele disse e eu fiquei séria escutando atenta cada palavra - Alexa Chung, já deve ter ouvido falar dela - confirmei com a cabeça. Me lembro de Elise ter falado algo sobre eles dois para mim e pular de alegria porque agora o bonitão estava solteiro, mas no momento não me vem nenhuma lembrança concreta à cabeça. Achei que ele iria encerrar o assunto por ali, já que não é do costume de uma celebridade confiar relatos de sua vida pessoal à um estranho, mas me surpreendi quando ele continuou:
- Nós já não éramos mais um casal, apenas os amigos de antes, então foi melhor acabar de vez. Ela já está com um novo namorado - ele disse tentando parecer indiferente, mas eu percebi que não era assim que ele realmente se sentia.
- E você ainda gosta dela - disse antes mesmo de me dar conta e praguejei mentalmente pelo o ato.
- Por que acha isso ? - ele perguntou me encarando.
- Bom... - hesitei em responder - A julgar pelas músicas do álbum mais recente de vocês, o sentimento que descreveu nas letras não parece fácil de esquecer tão rapidamente. E você pareceu um pouco abatido nos shows ultimamente - ele sorriu de lado e tentei não me sentir tão idiota.
- Você parece saber bastante sobre mim não é ?- ele perguntou irônico bebendo mais um pouco.
- Porque eu convivo com uma tiete sua, que insiste em ficar falando da sua vida pra mim - falei e ele riu me fazendo acompanhá-lo. Estava realmente apreciando fazê-lo rir.
Bebemos mais um pouco e conversamos sobre assuntos banais. Ele parecia mais relaxado e estava mais sorridente, o que por algum motivo teve um efeito extremamente positivo sobre mim. Então Twist and Shout dos Beatles começou a tocar e algumas pessoas comemoraram indo para a pista de dança em grupos ou até mesmo sozinhas.
- Quer dançar ? - perguntei num impulso antes que perdesse a súbita coragem.
- Hã... eu não danço muito bem sóbrio, me pergunta de novo depois de umas 5 doses - ele disse e pediu o barman para abastecer seu copo. Eu poderia ter sentado e ficado quieta, mas o álcool já tinha começado a agir no meu corpo.
- Vamos lá, você precisa se soltar mais - insisti pegando sua mão e sacudindo para que ele concordasse.
- Estou perfeitamente bem aqui - Alex disse ainda impassível e eu revirei os olhos.
- Oh God, quantos anos você tem ?
- 25 - disse simplesmente.
- Ta pior que meu avô e ele tem quase 80 - o moreno fechou a cara e eu por um momento achei que tinha irritado-o de verdade, acabando por fazê-lo ir embora e me deixar ali.
- Tudo bem, espero que seu avô seja tão bom dançando quanto eu - ele disse divertido me surpreendendo. Um sorriso brotou em meus lábios enquanto ele me puxava para junto das outras pessoas dançando.
Parou quase no centro do salão e ficamos de frente um para o outro. Ele começou a se mexer tentando acompanhar a batida e eu também me movimentei. Ele sorria e eu também. Senti-me maravilhada ao vê-lo se divertindo, parecia até outra pessoa por trás de toda aquela tensão de ser estrela do rock praticamente em tempo integral.
- Meu avô ficaria orgulhoso - brinquei. Ele não dançava tão mal quanto alegava, era esquisito, mas divertido. Eu gostava. Ele sorriu e eu gargalhei, porém eu não esperava quando senti um puxão para frente. Juro que tentei, mas não pude evitar arquejar fraco quando meu corpo se chocou contra o seu.
- Agora vamos ver SUA avaliação sobre minhas habilidades na dança - ele sussurrou em meu ouvido e eu engoli em seco sentindo sua voz rouca e sexy arrepiar todo meu corpo. Ele sorriu de lado vitorioso ao ver minha reação e pousou as mãos firmes em minha cintura. Rodeie meus braços em seu pescoço e tentei não parecer uma adolescente com os hormônios a flor da pele na presença daquele homem. Ele começou a balançar e eu o acompanhei.
- I bet you look good on the dancefloor baby - cantarolou para mim e eu ri. Ele com certeza sabia como divertir alguém. Continuamos dançando e cantávamos juntos algumas vezes. Foi quando a música animada cessou e alguém selecionou uma música lenta. Eu conhecia aquela. Strange da Patsy Cline.
- Bem apropriado não acha ? - falei me referindo a letra da música, a qual ele parecia também conhecer e sorri para ele. Virei-me para voltar para o balcão, mas sua mão fria foi mais rápida e segurou meu pulso fazendo-me encará-lo.
- Vem cá - ele chamou e eu voltei para sua frente sem uma reação concreta. Aproximou nossos corpos novamente e senti uma de suas mãos descerem para minha cintura enquanto a outra segurou uma das minhas no ar ao lado do corpo. Apoiei o braço livre devidamente em seus ombros e começamos a nos mover lentamente com a música que ecoava pelo local. Percebi que outros casais faziam o mesmo. Não que fôssemos um casal desse jeito é claro. Eu o encarava um pouco estupefata e ele não tirava os olhos dos meus. Sua íris escura parecia ler minha alma, mas aquilo, pelo contrário do que eu imaginava, não me deixou desconfortável. Eu me senti presa, porém não em um desses lugares em que você conta as horas desesperadamente para sair, e sim naqueles em que você implora para ficar. Como uma lembrança boa ou um sonho daqueles em que você fica com raiva quando te acordam. Alex descansou a mão que segurava em volta de seu pescoço junto com a outra e abraçou minha cintura com mais força. A palma de sua mão acariciou meu rosto e eu fechei os olhos mergulhando na sensação ludibriante que seu toque estava proporcionando. Mal percebi o quanto nossos rostos estavam próximos até sentir seu nariz roçar no meu. Seu hálito batia contra meu rosto, uma mistura de whisky e nicotina, me aquecer. Eu queria aquilo, até mais do que eu me permitiria admitir, mas sabia que não era o momento. Nossa conversa de antes me deu conhecimento de todos os antecedentes que poderiam estar influenciando aquilo e eu não queria que as coisas acontecessem daquela forma. Eu sei que parece uma completa estupidez e sei também que muito provavelmente nunca mais o veria em minha vida, mas eu me conheço bem e sabia que mesmo não sendo uma típica sentimental, seria bem fácil se apaixonar por aquele homem e eu não queria que o mesmo me beijasse pensando em outra.
- Não faça isso - murmurei com o último fôlego que me restava.
- Por que não ? - perguntou agora com os lábios roçando levemente os meus. Um arrepio percorreu toda a extensão do meu corpo e agradeci por seu braço ao meu redor me dando sustentação naquele momento. Tive de respirar fundo para conseguir proferir as seguintes palavras:
- Porque não estará fazendo isso por mim, ou por você e sim por ELA. Para esquecê-la por uma noite - ele afastou um pouco o rosto e nós nos encaramos - Você não precisa fazer isso Alex, nós já estamos nos divertindo assim, não é ? - sorri fraco para ele que retribuiu um pouco relutante. Acho que no fundo ele concordava comigo apesar do desejo carnal presente. Respirei fundo mais uma vez e tentei controlar meus pensamentos antes de mudar de ideia e beijá-lo desesperadamente como meu interior queria. Abracei sua cintura e encostei a cabeça em seu peito fechando os olhos e inspirando seu cheiro inebriante. Ele afagou meus cabelos e beijou o topo de minha cabeça. Voltamos a balançar devagar enquanto a música se estendia por seus últimos segundos.

Strange, how you stopped loving me
How you stopped needing me
When he came along

Oh, how strange

- Estou realmente impressionada com seus passos de dança Sr.Turner - disse ainda na mesma posição. Senti seu corpo vibrar e sabia que ele estava rindo. Seus lábios tocaram levemente meu ouvido e eu lutei contra a vontade de me retrair em seus braços.
- E eu com os seus darling - murmurou baixo e eu sorri quando a melodia que nos ritmava cessou.

Um comentário:

  1. Estou adorando a história. E o nome da bebida dela é margarita kkk. Um beijo e continua logo, sua linda!

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