Loving Madly: 16 - Moonlight Sonata



Alex e eu não estamos nos falando muito desde aquela semana. Estou no apartamento dele, porque, de alguma forma, Kay me convenceu que ficar aqui seria extremamente benéfico para ela pois era mais perto do hospital. Ela não se machucou muito, mesmo que eu já tenha o conhecimento disso desde que ela estava do hospital. Naquela hora, eu estava totalmente sem lágrimas, porque havia derramado todas as que sobraram. 
Quando eu e Turner resolvemos conversar é sobre coisas bobas. 
Diminuo o brilho da tela do computador, mas antes que chegue ao nível que eu desejo, alguém bate na porta - que já estava aberta. Viro minha cadeira em direção ao visitante. Alex. 
"Oi." Ele diz, mas o seu tom não é tão seco quanto eu pensei que seria. Ele falava monossilabicamente mas nunca era ignorante com ninguém, somente dizia o que era extremamente necessário. Ele tinha um sorriso calmo no rosto e, quanto a isso, fiquei surpresa. Por que ele estaria tão feliz? 
"Olá." Retribuo, tentando soar como se nem lembrasse dos últimos dias. Uns segundos embaraçosos caíram sobre o quarto como véu. Não tinha nada para dizer (e pelo visto ele também não tinha) e Alex apenas me encarava, como se estivesse estudando o meu rosto com muito cuidado. De repente, quebrando o clima um pouco tenso, o celular dele toca. Encaro o chão. 
"Estou indo." Posso sentir o seus olhos em mim, mesmo depois de ter feito uma pequena careta para a pessoa que estava ligando. Ele ainda me olha quando desliga. Olho profundamente em seus olhos ainda que a vergonha esteja em cada pedaço do meu corpo. Desde quando eu tinha ficado tão nervosa assim? 
"Eu vou trancar a porta do lado de fora. Você não vai se importar, não é?" Ele sorri um pouco mais, exibindo vários dentes, que, por sinal, estão bem alinhados. "Hein?" Ele chama minha atenção depois de me pegar o observando. 
"Ok. Pode ir." Eu digo, virando a cadeira de volta para o meu computador, fingindo que não ligo nenhum pouco para o que acabou de acontecer. Eu não posso evitar: é simplesmente desconfortável o jeito como ele me olha. Eu não estaria tão sem controle se não tivesse beijado ele. Tudo está acontecendo desta forma porque eu insisti em tentar ser contra o que eu mesmo dizia que não era certo. 
Virei para a porta. Ele tinha sumido. 
E havia sumido por horas. 

Horas depois... 
"ONDE DIABOS ESTÁ ALEX?" Kaylee perguntou. Na verdade, ela havia gritado nos meus ouvidos. 
Só naquele momento eu comecei a perceber que ele não estava onde ele deveria estar: em casa. Droga. Por mais que eu tenha raiva de tudo o que houve, eu não posso deixar de me preocupar com a pessoa que me ajudou. Acima de tudo, ele tinha praticamente sumido. São oito horas esperando desde que ele saiu e a única pessoa que está contando o tempo é Kay. 
"Eu não sei, ok?" Eu disse, saindo da cozinha e indo em direção ao quarto de Alex. Afinal de contas, ele nunca tinha dormido aqui, deixando o quarto praticamente pra mim. Ela me segue o que deixa mais irritada. Ela recebe uma ligação (provavelmente é sua mãe, porque ela teria de voltar hoje para casa) e desliga. Digo que não quero conversa, mas ela simplesmente entra no quarto. 
"Você é egoísta a esse ponto?" Ela me pergunta. Não faço ideia do que ela quer dizer com isso. "Ele nunca desapareceu durante esse tempo. Certo que ele já tinha ficado cinco horas sem pisar aqui, mas, Emily? Oito horas? Isso e as ligações que ele não atende." Ela fica andando pelo quarto e enquanto ela dá tais frenéticos passos, eu penso o quão íntimo esse quarto é meu. 
"Eu não estou sendo egoísta. Ele volta a hora que quiser." Eu digo, colocando essas palavras na minha própria cabeça para que eu me conforme assim como quero que ela se conforme. A casa não era nossa, muito menos éramos donos dele. Não podíamos controlar o tempo que ele passava fora do apartamento: isso não é da nossa conta. À medida que ela anda eu fico rezando para que vá embora. É quase como se ela não pertencesse a esse lugar. 
Ela grita mais algumas coisas e depois vai embora. Eu estou muito cansada para discutir isso. Se eu tivesse que chutar o porquê ela está tão desesperada, diria que é porque ela não acha que pode pagar o apartamento se ele morrer ou não tiver condições de pagar mais. Kaylee está apegada demais com esse ambiente tão confortável. 
Entro no banheiro e, em poucos minutos, pego o sabonete líquido. Na minha mente, eu repito a forma como ele segurou o meu corpo. O modo como ele apertou tão suavemente os meus braços enquanto estava por cima de mim. Imediatamente viajo até aquele momento. 
Abro os olhos. 
São esses segredos que somente eu posso saber. 
Depois de poucos minutos eu puxo o edredom e me preparo para dormir sozinha novamente. Estou tão exausta que durmo quase no mesmo momento em que fecho os olhos. 


Uma luz. 
Tão forte como se fosse o sol na minha frente. 
Novamente, abro os olhos. 
Vejo borrões iluminados e um quarto totalmente bagunçado pelos flashes; a porta do banheiro aberta. Não aguento muito tempo então fecho os olhos, mesmo que não seja o suficiente. Quem havia ligado as luzes? Demoro um tempo para me acostumar com a luz forte, mas muito rapidamente eu tento chegar até o interruptor. Perto dele, eu podia ver as horas: 03:26. 
"Kay?" Eu pergunto, mesmo que não faça sentido ela está aqui. Ainda meio confusa, vou até o banheiro. Antes que eu chegue até lá, Alex aparece. Minha vista pode claramente reconhecê-lo, mesmo apesar dos borrões. Ele está com uma calça jeans. 
"Boa noite, amor." Ele diz, segurando meu braço até a cama. Meus sentidos já estão mais aguçados. Me assusto com aquele tom tão suave. Eu simplesmente gostaria de poder entendê-lo, mas acho que é impossível! Como eu poderia adivinhar que ele se tornaria tão pouco sociável para afável? Não suporto mais o jeito como ele me deixa no escuro. Conviver com uma pessoa assim é tão frustrante! Eu sinto como se cada vez que ele falasse comigo, eu tinha de fazer um esforço enorme para me preparar para qualquer imprevisto da parte dele. Ele me faz deitar na cama, segurando o meu corpo perto dele. 
Abraçando-me. 
Aquele abraço tão leve e casto me pareceu tudo o que eu queria. Um beijo na minha testa e ele está saindo da cama para desligar a luz. Segundos depois sinto o edredom se afastado enquanto ele deposita as costas no colchão. Adapto-me ao ambiente escuro com mais facilidade. 
"Você quer que eu durma aqui?" Alex perguntou. Eu senti o cheiro de whisky. 
"Sim." Eu disse, com uma certa cautela. 
Turner ficou calado. Permaneceu assim por um certo tempo, mas eu não estava contando. Fiquei com os olhos abertos, ainda pensando que seria necessário minha atenção porque ele estava bebendo. Pensei em Kaylee. Será que ela estava dormindo? 
Até que ele levantou um pouco e pôs sua mão do lado do meu rosto. Tentou localizar o meu rosto, pois foi baixando a cabeça para poder - acredito eu - ouvir minha respiração. "Achei você." Ele falou, com um tom de brincadeira. Não deixei que aquele cheiro de bebida atrapalhasse. Tentei entender o que ele queria. Arrepios na minha espinha. 
Ele puxou o meu rosto para o dele, pressionando os seus lábios nos meus. Ele já tinha a língua em minha boca, misturando aquele sabor alcoólico com a pasta de dente que eu tinha usado. Má combinação. Porém, como sempre, eu não conseguir processar o que estava havendo agora. Minha cabeça girava com a sensação dele me beijando tão lentamente, tão necessitadamente. Eu senti que eu precisava daquilo por um minuto. Eu não tinha me sentido tão bem durante um tempo. Mas eu percebi, um pouco tarde, que as coisas estavam se torando mais sérias quando ele depositou um beijo entre os meus seios. Não estava com sutiã. Não estava pronta. 
"Alex, chega." Eu tentei ficar séria, mas aquilo era tão... 
Perturbador. 
Ele não parava. Era como se tivesse recebido ordens para não me obedecer e continuar beijando o meu pescoço. 
"Você quer que eu beije você?" Ele pergunta. 
Era uma pergunta extremamente difícil. Eu sabia que era errado, mas não queria que ele se atrevesse a parar. 
"Não." Eu disse. 
Aquilo o fez se afastar de mim como se eu tivesse queimado suas mãos com meu toque. Ele pausou o que estava fazendo e tentou respirar mais profundamente. Eu conseguia ver um pouco do seu rosto, mas não era muita coisa. Eu tentava controlar o forte impulso de simplesmente deixar que ele beijasse todo o meu corpo. No fundo, por incrível que pareça, eu sabia que aquilo não era, exatamente, o que eu queria. Eu tinha uma noção do erro que iria cometer se deixasse ele prosseguir com as carícias. 
"Você queria. Emily" Ele me chamou. Um pouco atordoado, eu podia perceber. "você me beijou. Agora não quer mais?" Alex podia sentir o medo que saía do meu corpo. Eu tinha medo de ceder. 
"Você sabe que é fácil, não é?" Pergunta, levando os lábios até minha clavícula, meu seio esquerdo, minha barriga. Com os dentes, ele puxa minha blusa para cima. Sinto sua língua molhar pequenas partes de mim. "É só... Venha cá e me beije." Ele pede. 
"Do jeito que você quer ser beijada." 
E foi naquele momento que eu descobri que eu estava caindo. E muito além do que as pessoas pensam, eu nunca iria retornar. Porque quando eu me perdo, eu nunca mais consigo encontrar a mim mesma novamente. Alex era uma distração: aquele homem, totalmente entregue pelo universo de mão beijada estava em minhas mãos e, de certa forma, isso parece tão improvável que ás vezes me pergunto se ele realmente existe. 
"Me solte." Eu disse, com uma certa raiva. Tentei, e com certeza eu tentei, não me irritar porque ele parecia bêbado. Eu me retirei, saindo do quarto enquanto ele ficava olhando para mim como se não estivesse entendendo o que eu disse. Sinto uma crescente irritação de mim mesma por não poder enxergar que nós dois vivemos em mundos completamente distantes. Eu não sou rica, não consigo atrair qualquer pessoa que aparece na minha frente e muito menos possuo qualquer tipo de habilidade musical. Ele seria a pessoa mais propícia para ter tudo o que quer porque não parece ter defeitos tão relevantes quanto eu. 
O que está havendo irá acabar em pouco tempo. Ele não irá falar comigo novamente e nem eu irei dizer que o conheço. Desde quando eu permito que minha mente se modifique por causa de alguém? Essa é a primeira (e última vez) que serei manipulada por ele. Alex pode ser o que qualquer mulher pensou em ter, mas nem tudo são arco-íris. Nem todos conseguem ser agradados. Nem todos merecem ser amados. 
E nem todos pertencem ao mundo dele.

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