Loving Madly: 02 - Bitter Sweet Symphony


O local será filmado pela MTV. 
Segundo alguns rumores, é um local pequeno. Rumores corretos: aqui tem espaço para umas 100 pessoas. O palco é iluminado por fortes luzes alaranjadas e brancas, no teto alguns desenhos do que a Kaylee diz ser o último álbum deles, pessoas sentadas no chão... Algo bem simples, que não vai durar nem uma hora, praticamente. Fico um pouco feliz em saber que não será um espaço lotado, pessoas se pegando, corpos suados ou alguém subindo nos ombros do outro pra ver melhor. 
Obrigada, Kay.

— Dylan, eu sei... — Kay sussurra, quase chorando. Ele ligou, arrependido.
Os últimos dias tem sido estranho pra Kay: o namorado o tempo todo ausente, sua mãe internada no hospital e sua cadela morta. Kay quase ficou em depressão depois de ver a mãe quase morrer nos braços dela, o que acabou criando um trauma de escadas. Sua mãe escorregou e quebrou uma perna. Ela foi a uma psicóloga e alguns familiares faziam visitas enquanto ela se recuperava. Depois de algumas semanas, ela ficou melhor.
Ouvi alguns gritos de garotas completamente loucas na frente. Elas vestiam roupas com o nome da banda e puxavam todo mundo para uma selfie. Estúpidas.
— O que ele disse? — Pergunto, com curiosidade.
— Ele disse que está super triste por não comemorar meu primeiro aniversário juntos. Eu realmente fiquei mal por isso... — Ela comenta, com olhos tristes e marejados. Será que não percebe que ele foi longe demais? 
— Ah... — Digo.


"Senhoras e senhores, se preparem para um dos maiores shows que vocês já presenciaram! No palco: Arctic Monkeys!" , gritava o apresentador que desaparece em poucos segundos do palco. De repente, tudo fica escuro apenas um foco na banda, isolando todos os seres fora do palco aqui presentes. Kaylee abre um sorriso e involuntariamente, abro um também. É uma boa produção.
Uma batida.
Uma guitarra. 
É a primeira coisa que escutei, depois disso foram só aplausos. Um homem chega e põe o pé em cima de um aparelho que não reconheço por estar um pouco longe, mas começa a olhar pra guitarra e depois para o público. Parece que se deixa levar pela música e move os quadris, diversas direções. Olho fixamente para o seu rosto. Não, ele não é feio.
— Vê? Oh meu Deus! — Kaylee jorra do meu lado. Abro a boca para dizer algo mas, volto a focar na banda. 
— Como é o nome dessa música? — Pegunto à Kay.
— "Do I Wanna Know", nunca ouviu falar? — Ela diz em meio ao barulho.
As pessoas começam a se acalmar e só resta as vozes do público e do cantor. Olho para ele, que faz alguns movimentos com o instrumento.
— Talvez... — Consigo dizer.
É realmente uma música boa: não é agitada demais, mas tem um riff muito interessante, da mesma forma que o refrão é cantado. Segundo a lei da obviedade das músicas, aproximadamente 95% das músicas tem que conter o título na letra pelo menos uma vez. Me acostumo com algumas palavras que se repetem, e solto algumas palavras. Nunca fui de cantar muito, mas fiz 2 meses de aula, nada de mais. Kaylee não sabia cantar de jeito nenhum. Acho que internamente, esse é o verdadeiro motivo pelo qual não queria vir. 
Como são poucas pessoas devido o espaço, observo que ninguém tenta gritar ou cantar mais alto, todos estão pacíficos a um certo ponto. 
— Me diga que está gostando — Kay diz, com um sorriso colgate no rosto. 
— Não é tão ruim, mesmo. — Admito. 


— Obrigado! — Ele diz, saindo e depois voltando com outra guitarra. Um certo verso me chamou atenção na música:
Forever isn't for everyone
"Para sempre não é pra todos"
Is forever for you?
"Para sempre é pra você?"
It sounds like settling down
"É como se acalmasse"
Or giving up
"Ou desistindo"
But it don't sound much like you, girl
"Mas isso não parece ser a sua cara, garota"

Não que eu me identificasse com isso, mas sinceramente, isso me tocou de alguma forma. Ele fazia diversas expressões, cantando de olhos fechados. E depois, olhando parecendo querer descobrir se alguém está gostando do show. Acho que os aplausos são o suficiente.
— Como é o nome dele mesmo? — Pergunto.
— Alex. Alex Turner. Por quê? — Ela dá um sorriso malicioso pra mim. Entendo o que ela está pensando. 
— Nada. 
— Ah, eu sei que tem algo. Diga-me, gostou dele? — Seu sorriso se alarga mais, me fazendo corar um pouco.
— Ele não é feio, não mesmo. Olhe, mais outra — Tento mudar de assunto, e outra música começa.


Meses depois, Chicago
— Sei, sei... Não, eu não pedi pizza de camarão. Sim, querida, mas eu sou alérgica! Bom... 
Olho pra Kaylee que não está nem um pouco feliz com a pizzaria aqui perto. Seguro muitos risos enquanto ela tira do viva-voz. 
— Eu disse, deveríamos ter saído. Você não me escuta — Reclamo.
Ela me olha em desaprovação. Começo a rir.
— Chega em 10 minutos. Vou pra cima. 
— O que ele disse? — Mudo de assunto. Desde que nos mudamos pra Chicago, anda um rolo terrível com ela e o Dylan. 
— Ele disse que me ama e sente muito por não vir me visitar. E blá, blá, blá — Joga as mãos pro ar enquanto sobe as escadas. Sigo-a. 
— Vocês não estão muito bem, não é? 
— Parece que estamos bem, Emily? Claro que não! Antes eu aturava porque o amo, mas não posso suportar mais isso! É horrível! — Ela grita, chateada.
— Você ainda o ama? — Tento, seguindo ela até o quarto dela. Kaylee se joga na cama e com o rosto no travesseiro, resmunga:
— Acho que sim... Tanto faz, agora — Kaylee admite, me fazendo dar um sorriso de felicidade.
— Por que você nunca disse, nunca me avisou, Emily? 
Meu mundo cai.
— O que?! Tudo o que eu fiz até agora foi te avisar, te aconselhar e você me diz isso? Droga, Kaylee! 
— Tá, tá... Desculpe, eu só queria que alguém tivesse me dito "ele não te ama e acho que ele está te traindo" — Ela diz, se sentando na cama e me olhando.
— Se eu te dissesse isso, seria a última coisa que eu falaria — Sorrio, tentando amenizar a situação. 
— Tem razão. Eu nunca te perdoaria. Mas, acho que seria melhor. Eu não acho que o amo do mesmo jeito que eu o amava há alguns meses. Acho que na verdade, eu nunca o amei e sinto que ele está da mesma forma.
— Vai terminar com ele? — Pergunto, indo direto ao ponto.
— Sim. Eu quero fazer isso há um bom tempo.


— Sim, é a casa dela mesmo — Diz Kaylee, no telefone. Pra mim?
— Emily, pra você — Ela diz, tampando a parte de baixo do telefone.
Corro em direção á ela, pegando o telefone. Uma mulher fala com alguém do outro lado da linha e depois volta a falar comigo.
— Emily Hall, certo? — Ela pergunta.
— Sim, sou eu — Digo, já com medo. O que será? 
— Olá, eu sou Rebecca. Eu sei que está de férias, mas seu chefe insistiu que você fosse entrevistar alguém, em Nova Iorque. Eu sou sua nova assistente e você foi promovida, aliás. 
Não consigo acreditar no que ouço. Eu foi promovida! Agora, chefe chateando nas férias é o cúmulo. Eu tenho uma assistente! Oh meu Deus!
— Ah, s-sim... — Consigo dizer.
— Ele disse que você é muito talentosa e que pode fazer isso em nome do seu novo posto.
Tradução: se você não for, você perde seu emprego. Hora de se humilhar para o chefe. 
— Diga a ele que vou. Quem é? Digo, quem vou ter de entrevistar? — Tento respirar um pouco.
— Ele vai me dizer daqui a pouco, quando voltar de um compromisso. Eu ligarei passando mais informações. Tem algum lugar para ir em Nova Iorque? 
— Tenho uma casa lá...
— Ótimo. Terá que ficar nela até acabar a sua estadia. Não é muito tempo, garanto. A propósito, eu preciso atualizar a sua agenda, já que você tem algumas reuniões depois da suas férias.
— Muito obrigada, Rebecca.
— Tchau! — E desliga. Oh Deus, isso está um pouco confuso. Por que tanto mistério pra pessoa que vou entrevistar? Quem é?

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