Stuck On the Puzzle 33: Tangerine.

N/A: É, agora tá acabando mesmo...



Abro os olhos. Meu corpo dói. Onde eu estou?

“Ai.”

Me levantei, estalando as costas. Encontrei-me deitada no chão e um pouco de sangue escorria pela minha coxa. Franzi o cenho. Eu não estava menstruada, mas me lembrava de ter transado com Alex. Talvez.

“E se...” não completo a frase ao perceber que havia um CD ao meu lado.

Peguei-o. De caneta preta, sobre as linhas, estava escrito numa letra meio difícil de entender: “It was nice meeting you.”

Suspirei, engolindo o choro. Pude ouvir a voz de Alex cantando uma melodia desconhecida no palco.

Juntei as minhas coisas e me dirigi para o banheiro. Me limpei, arrumei o cabelo e tentei tirar a maquiagem, mas não deu certo. Rímel à prova d’água, eu te odeio.

“Mas que merda!”

Ouço duas batidas na porta. Rapidamente, guardo o cd dentro da minha bolsa e giro a maçaneta, podendo ter a visão de Ellie.

“Por onde andou esse tempo todo?” ela estava um pouco brava, mas também preocupada.

“Eu só...” respirei fundo. “Quero ir para casa. Não precisa ir comigo. Acha que consigo um táxi por aqui?”

Então, Ellie deixou o estresse de lado para ativar seu modo irmã-mais-velha-protetora.

“Aconteceu alguma coisa?”

Nego com a cabeça, agindo como se eu tivesse quatorze anos.

“Eu só estou com sono. Quero ir para casa.”

Ellie me abraçou. “Tem certeza que não quer que eu vá junto? Eu posso falar com o Jamie.”

“Não quero atrapalhar sua noite.” Eu disse. “Jamie vai embora e você tem o resto da noite para decidir se vai junto ou não, não é?”

Ela nunca pareceu ter tanta pena. Eu odiava aquilo. Odiava me sentir frágil.

“Vamos, eu te ajudo a conseguir um táxi.”

Ellie saiu primeiro. Me olhei no espelho pela última vez, lembrando do momento em que eu subia as escadas para encontrar Alex e fazer tudo aquilo acontecer. Havia acontecido mesmo, então. Cara, como as coisas passam rápido.

“Você vem ou não?” Ellie apareceu novamente.

Peguei a minha mochila e a segui. O som aumentou a cada passo dado, então adentramos a área onde o público estava.

Eu não queria, mas olhei para o palco. Alex fazia um solo de guitarra junto a Jamie e estava mais sorridente do que nunca. Suspirei, deixando meus olhos marejarem ao encara-lo.

“Tchau, Alex.” Sussurro para mim mesma, antes de sair dali definitivamente. “Foi bom te conhecer também.”

Sigo Ellie até a saída e ficamos paradas na Avenida quase deserta, esperando por um táxi. Demoraram apenas alguns minutos para que um aparecesse. Ellie me deu uma grana e disse a ele todo o trajeto e referências que poderiam ser necessárias, porque eu não conhecia muito as ruas de Los Angeles. Eu não conhecia muito bem nem mesmo as ruas do Brasil.

Me despeço de Ellie e então o taxista acelera aos poucos. Olho para as luzes da cidade que, do meu ponto de vista, parecem correr bem à minha frente. Tento não pensar em Alex. Tento não pensar em nada. Mas é complicado, principalmente naquela hora da noite.

Chego em casa meia noite e meia. Mamãe e Jimmy estão acordados, André também. Eles estão vendo um filme na televisão. O filme é brasileiro.

“Filha!” diz mamãe, levantando-se do sofá para me abraçar. “Não acha que é um pouco tarde para chegar em casa, mocinha?”

Sorri. “Desculpe, mãe, mas é que foi por causa do show. Ainda não acabou, sabe. Eu só vim para casa porque estava cansada.”

“E a Ellie?”

“Ela deve chegar mais tarde, eu acho.”

“Está com fome? Com sono?” perguntou, tocando a minha testa.

“Mãe, não estou com febre, só cheguei de um show. E eu aceito um lanchinho antes de ir dormir.”

“Certo. Vou preparar um misto quente para você.”

Assenti com a cabeça e fui para a sala, me sentando o lado de Jimmy, que me puxou para perto dele. Jimmy era o melhor padrasto do mundo. Mas ainda assim, não poderia superar o meu pai.

“Você estava numa rave, sua pestinha.”

“Não estava não.” Sorri.

“Não minta...”

“Será que algum dia eu vou te ver sem maquiagem?” perguntou André, enquanto comia um cereal.

“Cala a boca.”

Ficamos até uma hora da manhã vendo aquele filme com legendas em inglês para que Jimmy entendesse. Mas ele não prestava muita atenção no filme. Nem eu.


(...)

Acordo com o barulho irritante vindo do andar de baixo. Ouço a voz de Ellie. Ela havia ficado.

Me espreguicei e, aos poucos, consegui me levantar. Andei em direção à minha bolsa, onde eu havia guardado o tal CD deixado por Alex algumas horas atrás. Não só isso, Alex estava em L.A. algumas horas atrás. Aquilo me deprimiu, mas não tanto. Foi algo no meio-termo.

Analiso o CD novamente. “Foi bom te conhecer”, escrito em inglês, à caneta. Respirei fundo e, depois de cinco minutos hesitando em colocar o CD no meu rádio, o fiz.
E então suei ao ouvir o som do disco girando.

E então uma melodia começou a tocar. Um piano. Um ritmo contínuo.

O piano continua e Alex começa a cantar. Encolhi as pernas, encarando o rádio.

Uma pequena pausa é feita. Ouço um violão, e a voz de Alex me torna vulnerável em uma questão de instantes.

O que parece ser o refrão chega e eu desabo. Fico deitada no chão olhando para o aparelho até que a música acabe. O CD continua lá.

2 comentários:

  1. ESSE NÃO É O ÚLTIMO NÉ?! Ainda vai ter mais alguns né? Mds, estou sem palavras para esse capítulo. Chorei um pouco, só algumas lágrimas básicas. Cara, vc é a melhor, está de parabéns! Tomara q vc consiga as ideias para a nova fic. Tudo de bom para vc! ❤️❤️

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  2. que cap mais <///3 mas fazer o quê, que cap mais triste, sem or
    não to belivando que tá acabando, você tá destruindo meu coreeeeee hahahaha

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