She's thunderstoms: Capítulo 2- Fumaça

E a música me contagiava como fogo no álcool. Os solos de guitarra, a vibe anos 80, as risadas, tudo me encantava. E mais uma vez eu dançava naquele dia, calma e lentamente, os olhos fechados, prestando atenção na letra que eu já sabia de cór. Os sapatos pesados incomodavam os pés, mas nada que me impedisse de continuar naquele ritmo. Meu rosto expressava tudo, sem esconder nenhuma das minhas intenções, eu me perguntava se aquela sexta-feira seria tão boa quanto a última, se os drinks bebidos e o esforço para sair de casa num dia frio valeriam a pena assim como na semana passada.
O som teve fim, e as guitarras deram lugar a uma batida eletrônica, me dirigi então ao bar.
–Uma cerveja.- Lucas, o barman me lançou um olhar confuso, enquanto eu sorria pra ele.-Só pra começar.
Recebi um meio sorriso como resposta e logo em seguida, uma cerveja gelada. A noite só estava começando. Observei ao meu redor e não notei ninguém que eu conhecesse, absolutamente ninguém. Estranhei, já que era frequentadora assídua do lugar e sempre havia um conhecido por algum canto. Ou no meio da sala, se acabando de dançar. Talvez eu só tivesse chegado cedo demais; olhei no relógio de pulso, 20:30. Talvez aquela sexta fosse um sinal de “aproveite os cigarros, bebida e música que você tem. E apenas isso”. Mas eu não estava bem com aquilo. Todavia, era o que eu tinha.
Foram se mais cervejas. E uísque. E vodka. A quantidade? Eu não tinha ideia. Eu já me parecia com um dos conhecidos que costumavam dançar como se não houvesse amanhã. E já havia alguém para completar o quarteto que eu havia me convencido de que precisava ter em todas as sextas.
“O quarteto” foi criado quando eu completei 25 anos; ao meu ver, uma noite só valia a pena quando você tinha quatro coisas: a primeira, -que recentemente eu tinha todos os dias-, era o cigarro; a segunda, a bebiba; a terceira, a música,-música boa, diga-se de passagem-; e a última, porém não menos importante (poderia dizer que era até a melhor parte), o sexo.
Seu nome era Gabriel. Sem sobrenome, sem idade, sem endereço, sem história. Só Gabriel. E que continuasse assim: bonito, simpático, bom de papo e de uma noite só. Já estávamos dançando há algum tempo quando eu percebi que já havia atingido meu limite de ácool para que me lembrasse dessa noite no dia seguinte. Seguimos pra fora do recinto, eu puxando ele pela mão e os dois rindo sem motivo aparente.
–Minha casa ou a sua?- Ele me perguntou lá fora, já com a brisa gelada nos atingindo, enquanto acendia um cigarro. Ah! Então ele fumava? Adorava quando além de ser extremamente atraente, o rapaz também tinha esse bônus. Perfume masculino forte misturado ao cheiro de cigarro está na minha lista pessoal de “Melhores Coisas do Mundo”. Gosto estranho e destrutivo, sim. Porém gosto próprio e indiscutível.
–A sua- Disse em tom óbvio, enquanto tomava o cigarro de sua boca, pra logo em seguida lhe agarrar a nuca, beijar; dar meia volta, e ir andando até o carro que já estava sem o alarme pronto para me levar ao meu mais novo destino. A casa (ou apartamento?) de Gabriel.
Dei uma tragada no cigarro que ainda estava em minha mão enquanto ele sentava no banco do motorista, nunca quebrando o contato visual. Ligou então o carro, olhou para a rua agora já deserta e acendeu outro cigarro. Liguei o rádio e senti a mão dele na minha perna. Soltei a fumaça pela janela aproveitando toda a paisagem do caminho.
–Você tem uma boca linda. –ele disse ainda fitando a estrada a frente.
–Aproveita, ela é sua só essa noite.
–Não precisa falar duas vezes, pode deixar.-parou num sinal vermelho e me beijou com vontade, colocando a mão por entre meu cabelo. Mordi o seu lábio, ele gemeu. Apertou minha perna, o sinal ficou verde, e seguimos o caminho restante em silêncio. E eu apenas aproveitando tudo antes de deixá-lo na manhã seguinte.

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