Como previa, fui acordada cedo. Com o despertar do relógio que gritava na prateleira sobre a cama, Alex o parou com um tapa e os resmungos de alguém cansado. Ainda assim ele se levantou primeiro que eu. Só depois de perceber que meus olhos estavam entreabertos é que me avisou que seria bom acompanhá-lo até o estúdio.
Não
tínhamos o costume de ter a primeira refeição. Eu preparava café novo enquanto
ele se arrumava e depois de pronta era a minha vez. Nos melhores dias
conversávamos sobre algo divertido. Agora puxávamos um assunto sobre o tempo
nublado, o que não era novidade, já que Londres não era a rainha do verão. No
carro, tentava me deixar a par do trabalho mais recente:
-
Acho que você vai gostar, tem uma pegada mais antiga, anos 70. – pela primeira
vez desde que voltara de viagem, Alex parecia empolgado – Tem uma música,
Fireside, que lembra os anos 90.
-
Por que não canta um pedaço para mim? – sugeri, tentando me aproveitar do seu
bom humor.
Automaticamente
ele se empolgou, com a letra na ponta da língua:
- “I’m not sure if I should show you wan’t I’ve found.
Has it gone for good? Or is coming back around? Isn’t it hard to make up your
mind? When
you’re losing and your fuse is fireside…”
Ele
cantou como normalmente cantava: suave, intenso, profundo. O grave da sua voz
ainda me arrepiava, principalmente a capela. Mas a letra…
Alex
revezando entre dirigir e conversar se virou para mim com um sorriso de
expectativa. Ainda pude vê-lo se desfazendo quando desci os olhos para as
minhas unhas vermelhas nos dedos entrelaçados e quietos. A letra se tratava de
perda e retorno. Sobre alguém... Algo... Que havia ido embora e, talvez, estivesse
voltando.
-
A música parece boa. – sussurrei, retribuindo o seu olhar desconfiado. Dei um
sorriso frouxo, fingido – Se trata de algo em especial? Ou alguém?
Parado
no sinal de trânsito, ele me encarou com interesse, as sobrancelhas de início
descidas e as pontas erguidas, olhos arregalados, ao mesmo tempo estreitos, os
lábios entreabertos, uma mão sobre a perna e a outra no volante. Pude sentir o
ar de incredulidade que se instalara em seus gestos estáticos.
-
Não. Não tem ninguém, nem nada de especial. – disse, por fim, descendo a mão
para a marcha – É apenas uma música. – e o carro tomou velocidade, virando à
direita.
O
desconforto que desaparecera por poucos minutos agora voltava com toda força.
Quando o carro foi estacionado em frente ao estúdio, sentia-me aliviada por
finalmente estar fora do automóvel. A sensação de claustrofobia parecia estar
não só em mim, mas nele também, que antes de andar pousou a mão sobre a porta,
me encarando. Esperei que dissesse algo. Num balançar de cabeça, saindo de um
devaneio, ele bateu a porta com força, ignorando minha espera.
Dentro
do estúdio fui recebida com carinho pelos meus amigos. Sim, meus amigos. Embora
a minha relação com a banda tenha sido estreitada após o namoro com Alex, o
fato de nos conhecermos antes mesmo de que qualquer envolvimento amoroso
tornava a situação um pouco mais complicada. Caso chegássemos ao fim, o termino
não seria apenas com o Alex Turner, mas com o Arctic Monkeys e todos os seus
integrantes, no geral. O abraço que Matt me dera fora mais apertado do que
esperava. Não nos víamos desde os Estados Unidos, na minha visita desastrosa. A
complacência que estava em seu olhar acalmou um pouco do pânico que estava em
meu peito. A última vez que fiquei dentro de um estúdio com a banda, saí mais
machucada do que gostaria e, nesse momento, receber um olhar de apoio como
aquele reduziu a minha vontade de sair correndo, deixando tudo para trás.
-
Eu sabia que você não ia recusar! – brincou Jamie, sentado no sofá de dois
lugares.
-
E em algum momento consegui dizer não a vocês? – brinquei, tentando não ser mal
educada.
Pelo
visto muito precisava ser feito. A estadia na Inglaterra era temporária e logo
a banda voltaria para a Califórnia, para continuar a gravação do álbum no
Rancho De La Luna. Era questão de resolver algumas coisas pendentes propostas
pelo James Ford, um dos produtores do disco. Devido às atividades, a minha
chegada ao estúdio foi inicialmente confusa. A banda literalmente me abandonou
numa sala vazia e entraram na cabine de ensaio para conversar sobre novos
acordes, letras, questionamentos ainda não resolvidos sobre as faixas do álbum.
Timidamente os acompanhei, sentada no canto da cabine, tentando acompanhar a
conversa agitada, rápida, que se passava diante de mim. Queria captar a essência
daquela nova fase para poder fazer a arte do CD. Eles eram responsáveis pelo
sonoro, enquanto era minha obrigação converter todo aquele ritmo numa imagem
convincente e reflexo do trabalho da banda.
Um
sorriso discreto instalou-se em meus lábios quando me lembrei da primeira noite
de trabalho que tive. Meu recrutamento começara um mês antes, na visita que
recebera na casa de minha mãe, em Sheffield. Matt, a quem pouco conhecia, mas
sabia muito bem quem era, havia sido criado pela minha mãe quando mais novo.
Passávamos por uma fase complicada. Ela enfrentava um câncer de mama e em
poucos dias faria a primeira cirurgia. Quando soubera que sua babá estava
enfrentando algo tão difícil, Matt decidiu visitá-la, levando um presente. A
última vez que o vira era adolescente e menos imponente. Definitivamente a fama
o fizera bem. Em todo o momento que conversava com a minha mãe, que abriu um
grande sorriso ao recebê-lo, embora um pouco envergonhada pelas vestimentas
singelas e a falta de cabelo, devido a quimioterapia, Matt parecia feliz por
vê-la, disfarçando toda a náusea com sorrisos calorosos. Ao despedir-se,
levou-me junto, empurrando-me para o que na época era meu quarto. Nunca tivemos
intimidade, sequer uma conversa. Quando ele trancou a porta para arrancar de
mim o verdadeiro estado da minha mãe, algo nos ligou mais profundamente do que
pude esperar. Nós dois a amávamos, isso era importante. Passada a conversa
tristonha, Matt se distraíra com os meus desenhos abstratos pregados na parede.
Agora sabendo que cursava Comunicação Visual, saíra de casa levando um ponto
muito importante que mais tarde traria bons frutos.
A
transição do velho Arctic Monkeys para o novo Arctic Monkeys deixava confusos
não só os fãs ou a mídia, mas também os responsáveis pela imagem do álbum.
Sendo demitido três empregados que cuidariam da arte, nenhum deles conseguiu
encontrar o verdadeiro significado do Humbug. Tempos depois da cirurgia da
minha mãe, que dera certo, graças a Deus, recebi a ligação de Matt falando
sobre uma reunião. Não pude nem mesmo prestar atenção ao resto da frase; como
uma imatura e sonhadora desenhista, corri para encontrá-los e, diante de uma
banda completa, senti as minhas pernas tremerem ao ver aquilo que um dia fora
intocável. Assumo que até então não era fã do Arctic Monkeys, principalmente
porque talvez eu fosse um tanto quanto tendenciosa para The Strokes e,
obviamente, essa briguinha ainda rendia grandes assuntos na época, mas, em
Sheffield, eles eram a imagem do mais bem sucedido. Em suma, os caras eram uma
lenda que, agora, precisava do meu trabalho. Com toda essa carga de
responsabilidade, meus desenhos simples e malucos pareciam bobos demais para a
dimensão da obra. Para ser sincera, não fui recebida com grandes sorrisos pelos
integrantes. Matt, que foi o único que presenciara meus traços, parecia
confiante no meu talento, mas os outros me encararam como uma fedelha.
Especialmente Nick e Alex, que cochichavam entre si sobre “não dar ouvidos as
sugestões do Matt na próxima vez”.
Se
arrematei o coração deles quando abri o meu portfólio? Não, não arrematei. Eles
foram apenas convencidos de que poderia dar certo. Diante disso, fui submetida
a doses diárias de convivência para saber exatamente onde estava pisando.
Rapidamente me obriguei a ouvir toda a discografia da banda, pois não queria
passar vergonha dizendo meus motivos infantis sobre um tal de The Strokes.
Nesse sentido de estar conhecendo o passado ao mesmo tempo em que convivia com o
presente, é que foi complicado assimilar a imagem do Humbug. O sabor juvenil do
Whatever People Say I Am, That’s What
I’m Not e do Favourite Worst Nightmare contrastavam por completo com a
seriedade, densidade, sarcasmo, viagem um tanto psicodélica e, ao mesmo tempo,
sensibilidade do Humbug. Numa noite, enquanto estava num bar, no Brooklyn,
perdida entre uma conversa parecida com a que presenciava nesse exato momento,
tive uma epifania sobre o que significava Arctic Monkeys nessa nova fase:
amadurecimento. Concluído esse ponto, me entreguei por completo às composições
que, agora, fazia muito mais sentido.
A
sensação nostálgica tirou-me da conversa por uma fração de minutos. Pude
aproveitar para não me preocupar com o fato de que não conseguia me situar na
conversa que eles levavam. Em algum momento eu os encontraria.
-
E a música, você terminou? – perguntou Nick, tomando uma cerveja.
Alex
balançou a cabeça, desconfortável.
-
Não, não. Ainda não terminei. – respondeu, encarando o chão.
-
Cara, precisamos dela. De acordo com o que você disse, poderia facilmente ser o
novo single. – avisou Jamie, ansioso.
-
Não precisa me lembrar disso a cada reunião. – Alex suspirou, cruzando os
braços, afastando as pernas, tomando uma pose relaxada – Estou travado em algumas
partes. Algo está me impedindo de continuá-la, mas a minha promessa de que a
espera vai valer a pena ainda está de pé.
-
Por que não mostra pra a gente? Talvez dê para aju...
-
Não, Matt. Ela tem que estar pronta. Só então vou mostrá-la.
Eles
deram de ombros e Alex demonstrava que o assunto sobre tal música chegara ao
fim. Depois disso, seguiram o cronograma de ensaios e planejaram os próximos
passos. Pude sentir minha coluna latejar quando me levantei pela primeira vez
da cadeira e caminhei pela cabine apenas para reativar a circulação das pernas.
Eles tocavam uma música chamada “One For The Road” pela sexta vez e Nick
parecia estar tendo dificuldades em manter a repetição no baixo. Do pouco que
senti, até então meus ouvidos só tiveram contato com R U Mine?, lançada em
fevereiro desse ano, e ela é completamente diferente da música em questão. Mas conhecendo não só meu gosto e as recentes
influências da banda, o ar retrô mesclado com o atual parecia acolhedor, embora
arriscado, já que mais uma vez fugia da habitual sonoridade do Arctic Monkeys.
A
reunião foi estendida para a noite e os rapazes decidiram terminar não muito
tarde para matarem a saudade de um pub inglês. Fui convidada, assim como as
namoradas deles, mas de acordo com o tanto que minha coluna estalava achei
melhor um sofá macio e um filme antigo, talvez Casablanca.
Na
saída do estúdio me despedi de todos elogiando o trabalho. Alex, encostado no
próprio carro, entregou a chave para mim, fumando um cigarro:
-
Tem certeza que não quer ir? – perguntou, enfiando a outra mão na abertura do
bolso frontal da calça jeans escuro.
-
Tenho. – confirmei, dando um sorriso cansado.
Ele
jogou o cigarro no chão, amassando-o com o pé.
-
Obrigado por aceitar o trabalho. Não sei o que diria aos caras se recusasse.
-
Eu aceitei, não aceitei? Então não precisa se preocupar com isso. – falei
suavemente, evitando demonstrar que só estava ali por obrigação com a banda,
não com ele.
Alex
deu um sorriso cortado, que logo sumiu. Nos olhamos como vínhamos fazendo, em meio
ao silêncio crucial, reflexo da barreira que se formava entre nós. Fiz sinal
que entraria no carro, mas ele segurou meu rosto antes, selando meus lábios
apressadamente e tímido, como se eu pudesse escorrer pelas suas mãos. Em outras
noites de céu mais estrelado e ar menos frio, meus olhos brilhariam e
provavelmente o puxaria para um beijo mais demorado. Pensando bem, uma cena
romântica desse nível não cabe mais ao nosso relacionamento. Sendo assim, dei
um aceno de cabeça cordial e entrei no carro de vez, evitando qualquer outro
contato físico ou verbal. Quando comecei a dirigir, pude vê-lo pelo retrovisor
externo, encarando o automóvel como se estivesse em fuga. Virando a rua, o
espelho não foi o suficiente. Seu reflexo havia sumido.
*
* *
Lentamente
me acostumei às noites solitárias. No começo, habituada a presença constante da
banda entrando e saindo da casa de Alex, parecia impossível que as noites de
turnê chegassem. Quando elas chegaram, o vazio que se instalou nas paredes
brancas de seu apartamento me assustara. Nem mesmo morávamos juntos, mas muitas
vezes eu pegava a chave atrás da roseira e ficava em sua casa apenas para
aproveitar os LPs. Depois de um tempo, aprendi a me aproveitar desse vazio para
ter um retiro de paz, onde podia pensar sobre tudo ouvindo uma boa música ou
vendo algum filme do meu gosto. Lembro-me perfeitamente que, após receber as
indicações do que seria o Suck It And See, me tranquei no apartamento vazio e
passei horas pensando em como poderia ser a arte. Na época, Alex passava a
maior parte dos dias preso no estúdio terminando músicas, organizando acordes,
há quilômetros de distância. Cansada de ouvir Oasis, arrastei meus dedos pelos
LPs arrumados em ordem alfabética na estante da sala e escolhi o The Wall, do
Pink Floyd. Comparando a arte do Dig Out Your Soul, do Oasis, com o The Wall, percebi
a diferença de “poluição visual” que havia em um e o “excesso de clareza” que
estava em outro. Escutando In The Flesh, fiz os primeiros rabiscos do Suck It
And See, que não passava de um quadrado com um nome no meio. Se a capa fosse
completamente branca irritaria os olhos e afastaria a atenção do consumidor, se
fosse completamente preta iria contra os conceitos do CD. Encarando os lápis de
cor espalhados em minha frente, escolhi o pêssego. Depois da sexta faixa,
Mother, conclui que Suck It And See seria preto num quadro pêssego opaco. Ao
apresentar a ideia para a banda, eles adoraram. Era exatamente isso que
buscavam.
A
composição do novo álbum não estava avançada o suficiente para que eu tirasse
essa noite e pensasse numa capa. Eu mesma tivera pouco contato com o trabalho,
então o dia de hoje não passara de uma introdução do que viria pela frente.
Logo
aproveitei o momento de liberdade para tomar um banho quente e saborear a primeira
taça de vinho. Perdido em meio aos vários DVDs que trouxe para a casa de Alex
depois que começamos a morar juntos, encontrei Casablanca. Um dos motivos de
gostar desse filme é que foi o primeiro que vi no cinema, numa tarde após o
colégio, quando a minha avó ainda cuidava de mim. Também é o romance favorito
da minha mãe. A história pelo jeito se repetia na terceira geração, porque foi
graças a esse filme que Alex e eu tivemos nossa primeira conversa, em tempos
distantes, que não quero lembrar agora.
A
noite estava fria, mas agradável. Enrolada num cobertor e tomando pequenas
quantidades de vinho, sem a intenção de me embebedar, porque ficar bêbada
significa drama e drama significa recordar de coisas que prefiro esquecer,
beberiquei o suficiente para ficar alta, mas não tola. Eu estava curtindo o
momento com um sorrisinho no rosto típico de quem esta entretida com o romance,
os olhos brilhando com as declarações de amor. Semblante de abandonado era todo
o meu porte naquele sofá, típico de mulher solteira que não vê um homem há
décadas. A sensação que sentia era exatamente essa, de que meu coração não
tinha dono e que talvez meu príncipe encantado fosse tão apaixonante como os
personagens fictícios. Pena que a realidade não é tão graciosa.
Terminado
o filme, embalei nas repetições da música As Time Goes By. Deixei o vinho de
lado, minhas pernas logo ficariam bambas. Minha barriga roncava e pizza parecia
a salvadora. Quando estava no telefone descrevendo o endereço, meu celular
tremia no criado-mudo da sala. Tentaria atender, mas o atendente da pizzaria
parecia demorar e eu estava muito confortável sentada sobre a bancada da
cozinha. Desligado o telefone, caminhei até sala e havia uma chamada do Alex.
Se fosse algo importante, mandaria uma mensagem, então não passava de uma
ligação habitual para saber se eu estava bem ao ficar sozinha. Sim, querido,
estou bem, respirando, viva, com fome, mas, para o seu desprazer, ainda me
deitarei em sua cama. Quando a pizza chegou, o celular vibrava pela possível
vigésima vez. Empurrando a caixa para a mesa de centro, sentei-me em frente ao
sofá, peguei uma grande fatia de pizza e enfiei metade na boca, encarando o
visor do telefone acender e apagar, acender e apagar, acender e... Não, eu não
vou atender. Pode continuar a ligar, não vou ouvir sua voz bêbada falando
idiotices. Já está tarde, logo dará três da manhã e talvez você tenha o bom
senso de voltar para casa antes de cair pelo caminho. Suspirei, enfiando o
resto do pedaço na boca. Ao lamber os dedos, tive curiosidade de ver quantas
chamadas estavam na tela. 28. Pelo menos foi um número par...
-
Oi? – disse, com a voz embargada.
-
Estava dormindo? – ele respondeu, com a voz tão embolada quanto a minha.
-
Sim, estava. – menti, dando de ombros – Aconteceu alguma coisa?
-
Não, eu... Só senti sua falta. – Alex pronunciara a frase com desabafo – Gosto
quando você está comigo.
Tentei
não rir do seu fingimento. Abraçando minhas pernas, encostei minha cabeça na
coxa, antes de apertar o celular contra o ouvido:
-
Vai demorar muito para chegar?
-
Estou indo. Espera... – e parou de falar por segundos – Desculpa. Eu não
conseguia falar no telefone e atravessar a rua.
-
Ok.
-
Você sabe que eu te amo?
-
Alex...
-
Eu te amo, ok?
-
Alex...
-
Eu...
Se
eu ouvisse aquilo mais uma vez, estouraria o celular no chão. Empurrando a
pizza para longe, senti náuseas e me deitei no sofá, esperando ele chegar.
Queria ter o sangue frio de estar na cama e dormir tranquilamente enquanto Alex
estivesse fora. Mas sempre que ele bebia até tarde meu coração dava pulos de
preocupação se voltasse sozinho. Não muito difícil batia em portas erradas
pensando que era o próprio apartamento. Ultimamente evitava passar vexames, mas
pelo visto anda tão culpado que perdera novamente o controle do quanto de
álcool deveria beber em apenas um dia.
Às
três e meia a campainha tocara, porque provavelmente não conseguia acertar a
chave no buraco da fechadura. Quando abri a porta, Alex apoiava uma mão no
portal e a outra na cintura. Embora cheirasse a uísque, seu rosto estava com a
mesma aparência de sempre, talvez um pouco sonolento. Ele entrou em casa, o
andar embolado, mas sem segurar a parede. Automaticamente foi para a cozinha.
De braços cruzados, segui seus passos, sabendo que chegando ao cômodo o
encontraria sentado na bancada central, tomando café. Depois de uma xícara
sempre melhorava. Aproveitei para lavar alguns pratos que usara durante a
noite, o mesmo silêncio de todos os outros horários do dia instalado como lei.
Minutos
depois, secando as mãos, ainda de costas para ele, ouvi o banco sendo afastado.
Alex beijou minha nuca, esperando uma reação adversa, mas só pude fechar os
olhos, tentando buscar alguma força que me afastasse dele. Quando ele apertou
minha cintura com seus braços firmes, a pressão que fez do seu corpo sobre o
meu foi tão intensa que recolheu minhas lágrimas de desespero. Alex beijou mais
uma vez minha nuca e em seguida nos deixou frente a frente. Ao encará-lo, os
vestígios de bebida que estavam nele pareceram nunca ter existido e os seus
olhos em tom chocolate me desejavam. Nesse momento, diferente de outros, eu
sabia que Alex me queria. E talvez preferisse seu desprezo a intenção de gostar
de mim, porque dificultava mais ainda meu trabalho em afastá-lo de vez. Com
suas mãos acariciando meu rosto, assim como seu nariz brincando com o meu, não
pude mais me controlar ao puxá-lo para um beijo que nos tirou o fôlego. Logo
ele me colocou no colo, sentando-me na bancada central da cozinha, empurrando
com fúria os objetos sobre o plano. Deitando-me, Alex se aproveitou de mim
arrancando gemidos altos com sucesso, meus pés brincando em suas costas que aos
poucos se despiam com a camisa branca de botões que começavam a se soltar.
Antes de me levar ao ápice, fui puxada para enfrentá-lo com os olhos, enquanto
minha mão descia para entre suas pernas, desatacando a calça jeans. A raiva que
sentia de suas atitudes foi descontada pelas minhas próprias mãos, que o
torturavam como ele me torturava. Os seus cabelos eram puxados, ao mesmo tempo
em que batia uma para ele, as veias de sua garganta hora rígidas, hora
relaxadas. Alex apertou as minhas pernas e afastou minhas as mãos, prendendo-as
sobre a bancada. Ao ser penetrada, joguei meus cabelos, agora soltos, para
trás, pressionando seus quadris com os meus pés retraídos. Seu rosto se
encaixava na curva do meu pescoço, depositando jatos quentes de respiração, vez
ou outra a boca entreaberta me beijando. Eu ainda o apertava, da forma que
podia, tentando conter as manifestações mais intensas do que sentia, assim como
ele gemia daquele modo único, com a voz rouca e controlada, mais suspirando do
que soltando sons. Quando finalmente chegamos ao ápice, eu primeiro que ele,
tive a sensação que Alex ainda era meu independente dos empecilhos que voltaram
nos últimos tempos. Quando minhas unhas arranharam suas costas, foi com a
intenção de descontar metade da frustração que sentia. Quando mordi seus
lábios, era para evitar ouvir as mentiras que contava. Mas estando
completamente entregue, Alex me tinha sob seus braços. Quando depois de tudo,
parecendo envergonhado por ter agido como agiu, disse que me amava, por uma
fração de segundos acreditei.
*
* *
Eeeita! Continuo adorando sua estória. Gosto mesmo do seu jeito de escrever, é muito legal a abordagem, e seu ponto de vista em relação aos Cds e às músicas. Keep going :)
ResponderExcluirBeijos, Steph.
Obrigadona!
Excluir- Bia xx
Adorei essa nova fic!!!! Já te disseram que vc escreve MUITO BEM pq é super verdade
ResponderExcluirÉ muitos anos treinando! Mas ainda tenho muito o que aprender kkkk Obrigada por acompanhar a fic <3 Um beijo enorme x
Excluir- Bia
UAU! Me apaixonei pela fic já no 1º capítulo. Adorei o modo como vc narra a história correlacionando aos CDS e músicas que nós conhecemos tão bem! Perfeita! *-*
ResponderExcluirQuando mostrei essa fic pra uma amiga a primeira coisa que eu disse foi: se não for fã, não vai entender metade das referências! Acho que deu um gostinho nostálgico na história :)
ExcluirBeijos! xx
- Bia
Ameeeeeeeeei a história, extremamente bem escrita e interessante. E esse capítulo foi lindo! A descrição das capas dos álbuns dos monkeys foi sensacional. Quero muito saber o nome da protagonista e todo seu passado conturbado com o Alex. Sinto que vou me apegar bastante à fic hahahahahaha Continua por favor <3
ResponderExcluirQuando escrevi ele fiquei super em dúvida se ficou bom porque achei um pouco "precipitado" mas estou feliz que vocês estão gostando! Logo, logo o nome da protagonista aparece e só mais para o final que vai dar para saber o motivo da briga entre os dois. Daqui pra lá ela vai dando umas dicas do que aconteceu.
Excluir- Bia xx
uau, adorei a história, amei a forma que você escreve, vou acompanhar com certeza, bjos ♥
ResponderExcluirObrigada! Beijão ❤️
Excluir- Bia
estou muito curiosa a respeito dessa historia, há tempos não me sinto assim a respeito de fanfics. Por favor, atualize logo, quero respostas para muitas perguntas :(
ResponderExcluirAs coisas são mais simples do que parece e muitas dessas dúvidas você vai encontrar a resposta no caminho. Só mais para o final que o que aconteceu ficará completamente explícito. Mas não é nada de tão absurdo ok? Só é se deixar levar pela história...
ExcluirBeijos!
- Bia
Fic maravilhosamente densa.Escrita cativante.Amei.
ResponderExcluirObrigada ❤️
ExcluirNossa Bia...tua história é tão intensa. Tô amando, e me senti na obrigação de comentar agora.
ResponderExcluirTe confesso que não sei o que esperar dos próximos capítulos rs, e isso é novo.
Parabéns pela criatividade.
Obrigada, Mrs. Helders <3 principalmente pelo comentário, que são sempre bem-vindos.
ExcluirFico feliz que Misfit Love te pegou de jeito, de verdade!
Beijos enormes xx