NO. 1 Party Anthem - Capítulo 02, A chat and a drink. (PART I)

A ansiedade que me encontrava, por causa do show que viria em seguida ao do Tame Impala, consumia meu corpo inteiro. A cerveja, quase congelada, não era o suficiente para acalmar aquele fervo que estava sentindo. E o cigarro não era o suficiente para acalmar aquela palpitação intensa no meu coração

Me dirigi até a frente do palco para conseguir um lugar melhor. Havia um grade atrás de mim, no qual impedia aquela multidão de me pisotear e invadir toda a estrutura.

— Lady Aly, está ansiosa?
 Charlie falou brincalhão, me entregando uma garrafa de água.
 — Está tão aparente assim?
Perguntei esaminando meu próprio corpo e percebi minhas mãos um pouco tremulas. Era óbvio que ficaria naquele estado emocional. Seria a primeira vez que os veria ao vivo, e ainda por cima, em um lugar privilegiado.
— Você está tão branca quanto um fantasma, garota! Acho bom passar um batom pra dar uma vida nesse seu rostinho de porcelana. - ele riu da careta que fiz à ele — Eu sei que esse show é importante para você.

 Sorri, e o abracei. Charlie era uma das pessoas mais lindas e generosas que eu conhecia. Fazia sempre o possível pra ver eu e Rachel alegres, fazendo graças, e nos matando de rir ao contar sobre as suas aventuras.

Ele disse que teria que voltar para o backstage, e em seguida o avistei subindo as escadas que ficava na lateral do palco. Roadies começaram a correr de um lado para o outro trazendo os instrumentos, e em poucos minutos o show se iniciaria.


 *

Jamie estava encantador naquela camisa branca que contrastava as bochechas rosadas combinando com o cabelo louro escuro bem penteado.
Já O'Malley, entrou tão ligeiro que só percebi sua presença quando já estava posicionado com seu baixo em frente do microfone no lado esquerdo do palco. E ali estava Matt, se ajeitando na bateria com a mesma calça azul que usara na abertura das Olimpíadas e sua cerveja.

Senti um arrepio percorrer a espinha assim que Alex Turner subiu naquele palco. O sorriso maroto que trazia nos lábios e a camisa quase aberta por inteira entregavam seu nível alcoólico. O jeito que costumava pentear seu cabelo me fazia sorrir por lembrar vocalistas de bandas de rockabilly e sua voz pronunciando aquele "Sheeee's Thunderstorms" era a coisa mais prazerosa de ouvir no mundo inteiro. Seu quadril de um jeito invrivelmente sexy balançava de um lado pro outro acompanhando o arranjo da música. Ele sabia que estava fazendo todas as garotas presentes naquele lugar suspirarem de desejo.

Depois de cinco, ou, seis musicas, seu cabelo já estava levemente bagunçado. Sacou um pente do bolso e calmamente ajeitou aqueles fios teimosos.
Eu conseguiria ficar o resto da minha vida observando aquela cena.
Ele ficou um tempo observando o público, como se quisesse deixá-los malucos querendo mais e mais. Seu olhar, sem querer, encontrara o meu e de longe pude sentir seu ego explodindo, como se já imaginasse que eu estivesse ali só para vê-los. E então anunciou "R U Mine?"

Haviam pessoas que gritavam, outras cantavam, algumas choravam, as que estavam nem aí, e tinha aquelas que só sabiam sorrir e eu era uma delas.

Por um momento, me senti com quatorze anos novamente. Das madrugadas que passava acordade esperando alguma notícia sobre o álbum novo, ou qualquer outra coisa. Das vezes em que ficava olhando as fotos deles com fãs, e imaginando quando seria a minha vez. De todas pessoas maravilhosas que eu havia conhecido, por causa deles.

— Aly?
Rachel apareceu.
— Oi.
— Você está bem?
Assenti que sim, limpando meus olhos marejados com as costas da mão.
— Oh my God, que fofa!
Eu ri do jeito histérico que ela falou.
— Para. O que você quer?

— Então, me passaram duas bandas para entrevistar, e são praticamente no mesmo horário. Eu não vou conseguir! - Seu olhar era manhoso e deduzi que ali viria um pedido de favor. — Sei que você não veio a trabalho, mas têm grandes jornalistas de olheiros e você sabe que é uma grande chance para nós duas irmos para uma rede maior.
Ela estava certa. Nunca que iríamos conseguir sobreviver trabalhando em um canal pequeno. Mas teria que ser justo na hora do show que eu esperei a vida toda pra assistir?

— Rach, ao menos posso terminar de assistir o show?
— Não, você tem quer ir agora para os bastidores. É daqui dez minutos, e você tem que se preparar.
Ela soltou uma risada infantil e acabou me convencendo — Eu sei que você vai adorar.


*

Observava sentada, em um bar improvisado no meio dos bastidores, as grandes redes de televisão entrevistando bandas lendárias, enquanto esperava o chamado para entrevistar uma bandinha alternativa qualquer para o canal independente que eu trabalhava.
Já estava ficando angustiada pois, Rachel havia dito que a entrevista seria "daqui dez minutos", e já haviam se passado vinte e ninguém havia aparecido para me entregar as perguntas.
 Irritada, levantei e me direcionei até a parte dos camarins, apresentei meu crachá para o chefe de segurança e segui por aquele corredor branco. Pois então lembrei que não sabia o nome da banda.

Me sentia como uma barata tonta caminhando por aquele local, que mais parecia um hospício.
Enquanto tentava mandar uma sms para Rachel senti meu corpo se chocar com algo, e eu caí sentada.
— Desculpe.
Soltei um "não foi nada" que mais pareceu um murmurrinho. Era um homem esquisitão, com uma barba de terrorista e uma camiseta do Black Sabbath.
Ele olhara curioso para o meu crachá, como se tentasse lembrar de algo.
— Você é da YSTv, não é? A banda está te esperando. Porta 13.
—Ao menos, pode me ajudar a levantar?

Ele riu e me puxou. O agradeci, e segui atá o penúltimo camarim. Fiz um breve aquecimento antes de bater, e por um momento pensei em desistir e eu não fazia ideia por quê. Estava desanimada com aquela entrevista, por culpa dela, havia perdido o final do show dos Monkeys. Estava explodindo de raiva.
Analisava meu esmalte detonado, quando a porta se abriu. Não liguei muito em olhar quem era, apenas queria terminar aquela entrevista o mais rápido possível.

— Pois não?
Por um momento parei para tentar processar se aquele voz que havia se pronunciado, era mesmo de quem eu estava pensando. Eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar do mundo. Meus olhos correram rapidamente ao encontro dos olhos dele. E a única ação que consegui tomar, em seguida, foi de fechar a jaqueta rapidamente, de um jeito completamente desajeitado.
Seus olhos negros fitavam o meu rosto que estava completamente perplexo, e a fumaça do seu cigarro adentrava minhas narinas me deixando extasiada.
Sentia como se meus pés estivessem presos ao chão, e meu cérebro não mandasse comando algum para o resto do meu corpo. Parecia que o tempo havia parado. — Are you okay?

Aí, então, caí na realidade. De todos os modos que imaginei que reageria quando o conhece, aquele estava fora de cogitação. Eu parecia uma retardada.


E-eu, estou b-bem! Sorry... Sou Alyssa, Alyssa Gilbert. Trabalho para a YSTv.

O meu jeito nervoso e atrapalhado de estender a mão para comprimentálo conseguira roubá-lo um riso.
Alex deu um passo para atrás abrindo passagem para eu entrar, e em seguida ouvi a porta se fechar atrás de mim.

Os caras pareciam um pouco cansados, cada um entertido com algo num canto, mas assim que perceberam minha presença vieram me receber.

Pensamentos "teenagers" passaram pela minha cabeça, assim como a vontade de abraçá-los. Mas pensei comigo mesmo o quão patética aquela cena seria: "A jornalista fangirl". Estava ali apenas para fazer o meu trabalho. Apenas o meu trabalho.

Sentei-me em um puff preto que ficava de frente para o sofá e eles sentaram em seguida.


— Eu acho que podemos começar, não é mesmo?
Me adiantei, pois não queria roubar o tempo da banda, pareciam bebados exaustos. Exceto: Turner. Que só estava bebado.
Eles concordaram, e agredeci, para seja lá quem for, por conhecer a banda o suficente para conseguir formular algumas perguntas. E assim que anuncei que iríamos começar, a posição deles mudou para mais séria e todas aquelas bobagens que estavam fazendo, quando entrei, foram deixadas de lado.               
*
Fora as cantadas de Alex, a entrevista havia sido descontraída, focada nos discos e na carreira deles e nada de especulações sobre a vida pessoal da banda.

Apesar de seus 27 anos, e suas roupas que davam um ar de badboy, ele ainda tinha um jeito de moleque cafajeste. Mas no fundo um lado cavalheiro. E esse lado cavalheiro fizera questão de me levar até a porta.

O agradeci pela gentileza assim que saí pela porta, e falei um "tchau" num tom baixo evitando contato visual. Enquanto, Charlie e Rachel me esperavam no corredor com sorrisos rídiculos de vitória. Aposto que os dois haviam tramado tudo aquilo.

— Estamos indo para o pub comemorar o aniversário da Martha. Você vem junto?
Ele pareciam mais dispostos do que nunca. Para Rach e Charlie, qualquer coisa era motivo de comemoração, festas e bebidas.
— Eu estou exausta. Acho que vou para o hotel.  
 Cruzei os braços e fiz a melhor cara de sofrimento que pude.
— Alyssa, você vai e pronto. 

 Ergui os braços me mostrando vencida. E assim que senti falta da minha bolsa, virei-me para pegá-la no camarim, mas os poucos centímetros que meu corpo ficou de Alex me impediram de entrar.
— Acho que você esqueceu isso.
Ele sacudiu a mesma, e me entregou. Eu tive a sensação que aqueles olhos já haviam encontrado os meus em outro dia, ou até mesmo, em outra vida. E era tão intenso, que só percebi que não havia saído daquele espaço mínimo que nos seperava, quando Charlie chamou por mim. Eles já estavam lá no início do corredor.
— Eu tenho que ir.
Alex sorriu, se encostando na soleira da porta. Me observou dos pés à cabeça.
— Até mais tarde, Aly.
*

POV Alex

Eu não sabia exatamente o por que, de ter ido atrás daquela garota. Talvez tenha sido a postura que ela conseguira manter durante a entrevista, mesmo sendo fã da banda. Ou, aquele olhar misterioso e aqueles lábios sempre vermelhos. Também pelo seu jeito durona, séria, sexy mas com um toque de delicadeza. Talvez por ela ser uma encrenca. E são as garotas encrencas, que eu mais gosto. E eu nunca havia provado um encrenca daquele tipo, como ela. Quer dizer, groupies haviam sido milhares, mas nunca uma que gostasse mais das músicas que eu faço, do que meu dinheiro e a minha fama.

Dei uma última tragada no cigarro antes de entrar naquele bar. Não tinha certeza se seria naquele que ela estaria, mas era o único que eu conhecia e Alyssa o frequentava.

Haviam gaiolas e postes, onde algumas mulheres seminuas dançavam. Algum hit dos anos 80 soava pelo local, junto com risadas embriagadas. E lá estava ela, sentada em frente ao balcão, fumando de um jeito esperto com os amigos, bebendo cerveja e rindo de piadas. Seus olhos convidam a me aproximar, ela já imaginara que eu apareceria. 

— Sabia que a encontraria aqui. 
Disse assim que dei o primeiro gole em minha cerveja. 

Ri, ao perceber a sua palidez e seus pêlos arrepiados. Eu adorava ver o estado que a deixava. Ainda mais com nossos joelhos se encostando.
 Alys-sa... você achou mesmo que fechando a jaqueta para esconder essa camiseta, assim que abri aquela porta, eu não iria perceber que era da minha banda? Acho que fui mais rápido que você, baby.
Disse de um jeito sacana, gostando mais ainda do nervosismo que aquele corpo exalava. Ela tentava escondê-lo brincando com seus anéis, e olhando para a garrafa de Budweiser, mas sua perna sequer parava um segundo de balançar. 
Seu rosto estava começando a ruborizar por eu olhá-la fixamente — Eu te deixo nervosa, Aly? 
Ela respirou fundo, ajeitou sua postura e abria e fechava a boca, mas não conseguia dizer nada. Tive vontade de colocar para trás de sua orelha aquela mecha de cabelo que teimava em cair sob aquele rosto, mas aí então ela tomou coragem de olhar para mim. 

—  Mais do que deveria. —  Disse com a maior sinceridade. Mas assim que se dera conta do que tinha dito, tentou consertar. —  Quer dizer.. não foi isso que eu quis falar. É só que ... Esquece. Já falei demais por hoje. 

Se levantou indo em direção à saída, ignorando o chamado de seus amigos. 

Alex Turner não esquece uma encrenca. E nem desiste delas.

Entrei no carro e fui atrás dela que caminhava apressadamente em direção ao suposto hotel que estava hospedada. Ela se assustou quando parei ao seu lado, e abri o vidro. Mas assim que percebeu que era eu, continuou caminhando.

—  Entra no carro. Vamos para um lugar mais calmo, eu só quero conversar. Estou sem sono, e nem um pouco a fim de voltar para o meu hotel. 
Você não está, mas eu estou.
Por favor?
Você mal me conheceu, e veio em um bar atrás de mim e agora está me seguindo. O que você quer de mim, Alexander?
Alyssa parou com as mãos na cintura. Ela brava conseguia ficar mais sexy que o normal. 
Achei você uma garota legal, sua banda favorita é ótima e você recusou uma bebida minha há três dias atrás e por isso, vai ter que aceitar uma agora. 

Ela pareceu pensativa e murmurou algo que parecia grego de tão esquisito.

Ok, tudo bem. Uma conversa e uma bebida de uma jornalista para um vocalista?
Uma conversa e uma bebida de Alex Turner para Alyssa Gilbert.


n/a: Eu sei que esse capítulo saiu mais atarsado do que o previsto, mas eu estava completamente focada nos meus trabalhos e não tinha tempo de terminá-lo. E ele acabou não saindo exatamente do jeito que queria(e vai ter uma segunda parte). A fic vai ser curta, por isso parece que está tudo acontecendo muito rápido. 
Peço mil desculpas à vocês, e queria dizer que adorei os comentários do primeiro capítulo. Vocês são umas lindasssss!!

6 comentários:

  1. Estou simplesmente apaixonada pela historia! Alyssa é a encarnação de todas nós fãs, eu adorei a reação dela ao encontrar Alex, e ainda mais a de Alex ao se interessar por ela. Eu acho que a sua narrativa tem algo de misterioso como a propria música que entitula a fic, estou amando!

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  2. Comecei a ler essa fic hoje e estou adorando! Mostra bem o lado de fã.

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  3. Niiiiic, que linda essa fic! Que linda você, por mostrar, pela primeira vez, e tão fofamente bem o sofrimento e esse lado fã(que habita em mim)... A Aly é a "personificação" perfeita, com mais sorte, é claro, da minha situação. Fico feliz e boba porque mesmo "de mentira" ela consiguiu além do que cada uma de nós espera um dia alcançar: encontrar os meninos, encontrar o Alex.O coment está pra lá de piegas, mas essa estória, assim como a música, me fez ficar mais apegada e sensível. Hahaha A escrita continua linda, estou adorando. Agora falemos desse Turner cafajeste que sabe que provoca e não sossega! Mal posso esperar pelo desenrolar da trama. Desconfio(e torço) para que caminhe ao que estou supondo. Preciso de mais, necessito!

    "Haviam pessoas que gritavam, outras cantavam, algumas choravam, as que estavam nem aí, e tinha aquelas que só sabiam sorrir e eu era uma delas.

    Por um momento, me senti com quatorze anos novamente. Das madrugadas que passava acordade esperando alguma notícia sobre o álbum novo, ou qualquer outra coisa. Das vezes em que ficava olhando as fotos deles com fãs, e imaginando quando seria a minha vez. De todas pessoas maravilhosas que eu havia conhecido, por causa deles."

    Me contorci, gritei e chorei com esse trecho.

    Beijos


    Steph

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  4. Gostei bastante,posta mais >.<

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  5. OMG, apenas com 2 capítulos já é uma das minhas fics favoritas. Adoro fics de fãs ou de garotas menores de idade que não são super models. Pena que vai ser curta posta mais e o mais rapido

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  6. Eu ja to super ansiosa pela segunda parte, é uma ótima historia sobre uma das minha musicas favoritas, e ainda mais com a Aly sendo uma fã. Por favor querida autora posta a segunda parte já to tendo um ataque kkkk.

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