Knee Socks - chapter 5 - Exceptionally rainy Tuesday night

Eu tinha ligado pra ela no começo da manhã e ela não havia atendido, na verdade eu achava que ela havia desligado o telefone enquanto ele estava tocando, porque ele de repente parou de chamar.
Não sabia o que realmente estava fazendo, só me dei conta quando estava parado na porta que havia uma plaquinha que dizia: “Brigitte Levitt – cinema’s writer”. Bati na porta por duas vezes, ninguém respondeu, entrei e me deparei com uma sala ampla, bonita, bem decorada e... Vazia, ela não estava ali. 
Resolvi esperar, já que ninguém tinha notado eu ali, ou me perguntado o que fazia. Só a mocinha da recepção que me lançou um olhar confuso, mas não disse nada. Tudo estava muito calmo naquele andar. Todos trabalhando em suas respectivas salas.
Imaginei que ela logo apareceria, mas fiquei algum tempo estudando o lugar olhando para as paredes.
As cores eram bonitas, quentes e neutras. A mesinha com o computador preta realçava as poltronas vermelhas que havia a frente dela. A maioria das coisas parecia que eram antigas, ou que já haviam pertencido a outras pessoas. 
Um telefone velho antigo, daqueles que você parece que está falando em um microfone, uma máquina de escrever, numa escrivaninha. Eu não achava que ela usava aquilo para escrever seus artigos, sendo que havia um computador na mesa principal da sala, mas era algo bonito ali.

Ao lado da antiga máquina de escrever havia algumas revistas. Todas elas, capas assinadas por Brigitte Levitt. Os artigos falavam de diretores, filmes consagrados, aclamados, pérolas esquecidas pelo público. Alguns nomes eu nunca havia escutado antes, e peguei uma revista que dizia: INGLOURIOUS BASTERDS - a pérola de Tarantino.
"Quem diabos era Tarantino?" - pensei. Resolvi ler.
Sente- me na sua cadeira em frente à mesa. Era uma escrita ótima, concreta, precisa e sem rodeios, expressava realmente o amor e respeito que ela sentia pelo diretor e filme citados: Quentin Tarantino e Inglourious Basterds.

Perdi a noção do tempo, havia passado longos minutos e eu estava perdido em minha leitura quando ouvi a porta se abrir e aqueles olhos verdes e brilhantes ficarem confusos ao notar minha presença, ela parou.
Estava linda, como todas as vezes que eu a havia encontrado. Novamente com as inseparáveis meias na altura do joelho, ela devia ter uma coleção delas em casa, eu imaginei.

_Talvez não tivesse previsto o atropelamento do meu celular essa manhã – ela respondeu quando eu a ‘acusei’ de não atender minha ligação.

Ela fechou a porta e entrou, sentou-se na poltrona vermelha do outro lado da mesa, cruzou as pernas – as quais eu olhava sem mesmo de dar conta disso – e largou um gravador na mesa.

_Então, o que faz aqui? – ela perguntou educadamente.
_Queria a honra de sua companhia – eu respondi – mas você não estava.
_Sinto muito, mas agora aqui estou eu... E então... - ela parou na metade da frase, alguém abrira a porta, era Melanie, a amiga de Brigitte que havia nos entrevistado.
_Oh, desculpe – ela disse assim que me viu, não conseguiu esconder a expressão de confusa – Jeff quer falar com você, pediu que avisasse – ela de dirigiu a Brigitte.
_Ah, obrigada, já estou indo – ela disse e Melanie se foi.
Brigitte começou se levantou e abriu a boca para falar, mas eu a impedi.
_Estarei aqui quando voltar – eu disse abrindo novamente a revista.
_Claro que vai – ela sorriu e se virou saindo pela porta me deixando sozinho novamente na sala.

Não fiquei ali sozinho por muito tempo, alguns minutos depois ela estava de volta, pegando algumas coisas a bolsa o gravador que havia deixado na mesa, eu a encarei.
_Meu único compromisso aqui hoje era a entrevista que já aconteceu enquanto você estava aqui mexendo nas minhas coisas – ela fez piada – você vai ficar aí? Eu estou indo.
Me levantei.
_Você me deve esse dia – eu disse passando por ela saindo da sala.
_Mas que... ? – ela me seguiu.
_Não atendeu meu telefonema, fiquei aqui te esperando... Você vai passar o dia comigo – eu sorri, andávamos em direção ao elevador.
_Vou? – ela fez uma falsa especulação.
_Ahãm.
_Bem... – ela começou – não tenho nada melhor pra fazer mesmo – ela me provocou, rimos.

As portas se abriram, e o dia estava só começando.
A primeira coisa que fizemos foi passar numa loja de eletro- eletrônico para ela poder comprar um novo celular- do dela tinha sido realmente ‘atropelado’ no estacionamento do prédio dela- e ela ligou para o irmão, Pierre, avisando que demoraria a chegar em casa e, deu seu novo número  - que eu já havia anotado na minha lista telefônica  - .

Paramos para pegar um café em uma cafeteria e continuamos a andar pelas entradas movimentadas de uma comum terça-feira londrina.
Brigitte sentou na grama do parque, onde havia crianças brincando com cachorros, andando de bicicleta e algumas pessoas correndo e se exercitando, eu sentei ao seu lado.

_O que está pensando? – eu perguntei
_Foi só o que você fez desde que saímos da M&C – ela disse olhando para frente com o copo entre os lábios.
_Hã?
_Perguntas, perguntas e perguntas – você não fala muito de você, não é mesmo Turner – ela explicou, virou-se para mim e me olhou esperando que eu falasse algo.
_O que está pensando? – repeti a pergunta.
Ela revirou os olhos e ergueu uma de suas longas sobrancelhas.
_Eu respondo perguntas todo hora em entrevistas, agora quero faze-las. O que você “estava” – enfatizei - pensando?
Ela sorriu e começou a falar.
_Como é estranho você olhar tudo isso aqui – ela abriu um dos braços mostrando o nosso redor – e pensar que é de uma única pessoa, que nem ao menos vem aqui, aproveita isso...
_Você quer dizer a rainha? – eu disse.
_Sim – ela concordou com a cabeça – eu nunca entendi o fato de tudo ser dela.
_É complicado, sabe, nunca parei pra pensar nisso – eu olhava para frente e uma menininha jogava desajeitado, o disco para o cachorro pegar.

Os minutos se passavam e nós continuávamos sentados ali, as pessoas iam e vinham e nós nem se quer nos mexíamos, era relaxante ver a manhã passar pelos seus olhos.
Por um momento eu pensei que ela estava me encarando. Sua testa estava enrugada e sua expressão se tornou tensa.

_Ele está tirando foto nossas? – não era pra mim que ela olhava, era pra um paparazzo a minha direta, ao longe, com uma câmera que continha um enorme lente.
_Parece que sim – eu disse quando desviei o olhar ao homem.
_Mas que droga! – ela se levantou.
Ela começou a andar me deixando sentado sem entender muito, ela parecia incomodada. Eu não a culpava, estava acostumado, mas essa reação me pareceu exagerada, talvez ela só não gostasse se atenção. Eu a segui.
_Espera – a alcancei – onde você vai?
_O tempo passou rápido, vou almoçar em um lugar onde não tenha alguém me fotografando – ela disse.
_Está bem, então vamos – eu disse.

Fomos a um restaurante brasileiro, que Brigitte conhecia. Ela disse que a filha dos donos fizera faculdade com ela, e então começou a frequentar o lugar.

O restaurante era bonito, simples, mas muito agradável. Tinha quadro nas paredes de lugares que julguei ser do Brasil, o único que eu sabia dizer qual era é o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, os outros eram lugares lindos que eu não conhecia.
_É bonito aqui – eu disse e ela concordou sorrindo.

Sentamos em uma mesa no canto direito que dava pra uma janela grande e com cortinas azuis claras. Brigitte me convenceu a comer algo chamado “bobó de camarão”, era bom, estranhei a mistura no início, mas gostei.
Havia aquela bebida que eu tinha provado no Brasil, caipirinha, eu queria pedir, mas foi quando algo estranho aconteceu.

_O que você vai quere beber? – eu perguntei olhando o cardápio em minhas mãos – Ca-ca-caeperenha?- tentei pronunciar aquele naquele idioma difícil que é o português.
_Eu não bebo – ela me olhou – um suco já está bom – sorriu.
_Umm, se importa se eu beber? – eu falei por educação.
_Ahãm – ela disse sem olhar para mim.
_Como é? – saiu antes que eu pensasse.
_Você fez uma pergunta, e sim, me importo – dessa vez olhava pra mim, eu achei estranho, mas não quis perguntar o por que.

O almoço chegou a seu ápice quando eu comi o famoso brigadeiro na sobremesa, era ótimo, nunca havia provado algo como aquilo, Brigitte me acompanhou na sobremesa.

O dia continuou depois do almoço, e nós fizemos basicamente o que fizemos na manhã. Desta vez ela fazia as perguntas, as mais inusitadas que eu podia imaginar, mas eu respondia normalmente. Eu já a conhecia, como ela conhecia a mim.

Por mais vezes eu vi alguns paparazzi, mas ela não notou, então resolvi não mencionar nada. Porque aquilo não me incomodava.
        
A tarde passava por nós; calma e nublada. Já estava no seu fim, não parecia que tanto tempo havia passado, fizemos muitas coisas e ao mesmo tempo nada, todo tempo com ela não era o bastante, era pouco.

_Acho melhor eu ir – ela disse pegando suas chaves, estávamos do outro lado da rua que dava para o estacionamento da M&C.
_Antes – eu disse – você vai comigo na London Eye.
_O que? – ela estava espantada – nunca!
_Você disse nunca foi... – comecei, mas fui interrompido.
_Por que você acha que eu nunca fui, sendo que moro aqui todos esses anos? Morro de medo daquela coisa – ri da reação dela.
_Ah, qual é... Vamos! – insisti
Ela me olhava receosa, estava com medo, mas o desafio estava em seu olhar.
_Ok, se eu morrer a culpa é sua Turner – ela falou.
_Ok, Levitt – ela riu – e me chame de Alex por Jesus...
Ela riu, e nós começamos a caminhar em direção a temida roda gigante de Londres.
_Eu acho que não vou não – ela começou – olha parece que vai chover.
Olhei para o céu, realmente parecia.
_Vai desistir agora? Qual é... – eu a encorajei.
_Ta, vamos logo  - ela com certeza estava muito nervosa.

Subimos naquele ‘cabine’ da roda gigante, ela estava tremendo e eu não pude deixar de rir. Estávamos sozinhos, e eu tive que desembolsar muitas libras, diga se de passagem para, conseguir isso.

_Por que esse medo todo de altura? – eu perguntei.
_Não é a altura – ela disse – quer dizer, é, mas não é só isso .
_O que é então? – eu quis saber.
_Rodas gigantes em geral, eu sempre gostei de adrenalina, parques de diversão, mas as rodas gigantes sempre me dão medo. Me sinto tão exposta, ela é tão devagar e... Assustadora.
_Buh! – eu disse tentando uma cara assustadora, rimos da minha tentativa vaga.

O passeio era longo, durava em média 30 minutos, e a maioria do tempo Brigitte ficou imóvel sem andar pela cabine. Encostei-me no vidro a ponto de olhar a cidade que muito lentamente ia ficando cada vez mais a baixo de meus pés. Era lindo a visão dali.

_Então... ainda está com medo? – perguntei.
_O que você acha? – ela estava séria.
Eu ri e ela pareceu não gostar muito, parei.
_Vem cá, ó, é bonito aqui – eu a chamei, ela ainda continuava imóvel – vem.

Ela andou até mim devagar, parecia pisar em ovos, contive meu riso e estendi minha mão, ela logo a pegou.

_Sim, é muito bonito aqui – ela disse olhando mais de perto.
_Viu? Você não morreu – eu brinquei, e ela finalmente riu, estava ficando mais calma.
_Ainda – rimos.
O céu ficava cada vez mais escuro, e a chuva começava a cair, Brigitte me lançou um olhar repreensivo.

_O que eu disse? – ela especulou- hein, hein.
_Eu não duvidei... – eu tentei me defender.

Ficamos o resto do tempo ali, parados, olhando a chuva cair cada vez mais forte. A London Eye girava lenta e calmamente, Brigitte já não estava mais com medo, mas ela ainda segurava minha mão. 


                                    
                                                 ***                                                            
                              
London Eye (O olho de Londres): Roda Gigante famosa localizada em Londres em frente ao rio Tâmisa 


P.S: oi, lindas. Esse cap. é inteiro na visão do Alex, espero que tenham gostado. Sei que já havia mencionado o Tarantino e Inglourious Basterds no cap anterior, mas nesse deixei o link pra vcs conferirem se quiserem. Obg por acompanhar a fic,  Beijão (: até !

4 comentários:

  1. Awesome! :D Can't wait for more!

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  2. "Estarei aqui quando voltar" Ai, Alex! *.*

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  3. Agora sim! Foi bebida né.. rs não aguento de curiosidade com o passado dela!
    E o Alex fofo... <3

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  4. Muito legal o cap pela visão do Alex. Morrendo de curiosidade com o passado dela!

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