Knee Socks - chapter 4 - 'Cause I had nothing to lose

Cheguei à cozinha e o cheiro do café fresco invadia minhas narinas. Pierre estava com um avental fazendo café e algumas panquecas não pude deixar de rir da cena que via.
Olhar meu irmão cozinhar me fez lembrar as vezes que minha mãe inventava aquelas esquisitices no café-da-manhã e que nós ajudávamos na bagunça que virava. E foi isso que aconteceu com a minha cozinha quando Pierre começou a jogar a farinha para a panqueca no meu cabelo e eu tentando me defender com mais farinha na cara dele, depois de alguns minutos o chão da cozinha estava totalmente branco assim como eu.
_Eu acho que preciso de um banho – eu disse esticando minha camisa puída e larga que eu usava como camisola.
_É, eu também acho, sabe... – ele disse sarcástico – vai tomar banho enquanto eu termino aqui.
Concordei com a cabeça e saí correndo de volta pro meu quarto. Pensei em escolher o que vestir, mas no estado que eu estava que era quase como ‘empanada’ não seria uma boa ideia. Voltei correndo de volta passando pela cozinha e indo para o banheiro, pude ouvir a risada de Pierre.

Saí do banho e então escolhi o que vesti que era basicamente saia blusa e um sobretudo que batia no joelho. O dia não estava propriamente frio, mas em Londres quase nunca era quente o bastante para eu estar sem casaco ou algo que cobrisse meus braços.
Seria um dia empolgante, hoje era minha entrevista com Michael Fassbender, eu estava ansiosa, mas não nervosa, queria muito conhece-lo e tirar minhas curiosidades.
Fui pra cozinha levando minha bolsa e deixando em uma das cadeiras, Pierre pegava uma caneca cheia de café e uma panqueca em uma prato, eu o imitei.

_Então – ele disse com a boca cheia de panqueca e suja pela calda de chocolate da mesma – ansiosa com a entrevista?
_Ah... Um pouco, claro – eu disse bebendo meu café – mas, estou bem segura.
_Sabe... Aquele cara que estava no café com você ontem, quem é? – ele mudou de assunto.
_Que cara? – eu me fiz de desentendida.
_Aquele que você entregou um cartão – eu  o olhei atônica, ele tinha notado isso, Cristo- sim, eu percebi isso – ele continuou sorrindo.
_Estou em dúvida – eu disse sarcástica – você esta aqui pelas férias ou a mando de nossa mãe para saber detalhes da minha vida?
_ Unindo o útil ao agradável, sempre – ele seguiu meu sarcasmo – quem é? – ele perguntou de novo.
_Alex Turner, eu o vi algumas vezes, casualmente – respondi
_O cara daquela banda que gravou com Josh Homme, certo? – sorri, assim como eu Pierre amava Queens of the Stone Age.
_Sim, é ele.
_Vocalista de banda...  – ele parecia pensar no que falava, refletia – não me parece o tipo certo pra você.
Nessa hora eu já não comia mais ou bebia, só o olhava sem saber o que responder aquelas acusações, sim, era o que me parecia, acusações.
_O que é “o tipo certo pra mim” Pierre? – eu me levantei, estava começando a ficar nervosa.
_Alguém como Carl – ele despejou em mim.
No momento que ele disse aquilo eu perdi a visão, tudo era uma grande escuridão, ele não podia falar comigo dessa maneira, não tinha direito.
_Alguém como Carl... – eu ri sem humor quando via novamente seu rosto a minha frente – alguém como ele perto de mim terá o mesmo fim que o dele
_Não fale assim, sabe que a culpa não foi sua – ele se levantou e veio ao meu lado.
_Jura que você acha isso Pierre? Jura? – eu estava descontrolada – de todas as pessoas você vai mentir pra? Eu estou sóbria, ok, sei o que é verdade.

Eu saí da cozinha procurando por meu cigarro, eu sempre fumava quando estava nervosa. Talvez por eu nunca falar sobre Carl com ninguém, tivesse me deixado nervosa, sem controle, isso fazia parte da recuperação, e eu tinha que continuar pra não recair.

_Você não deveria fumar – Pierre disse quando eu finalmente achei meu maço de cigarros – substituir um vício por outro, Brigg!
_Estar longe dos pub’s e as bebidas já deveriam ser grande coisa pra você – peguei minha bolsa e fui em direção à porta.
_Brigg... – ele começou, mas eu fechei a porta deixando-o sozinho.

Pensar que eu me envolveria com alguém como Carl, eu nunca faria isso novamente, nunca. Nunca mais estragaria com a vida de alguém como ele, eu não me perdoaria.
Desci com o elevador até o estacionamento do meu prédio, com a cabeça a mil eu já estava me arrependendo do modo que havia tratado Pierre, ele estava tentando me ajudar, mas as vezes eu perdia o controle. Já estava tão acostumada comigo sozinha eu meu apartamento que quando alguém aparecia e se interessava pela minha vida, pela minha rotina, eu me tornava alguém ‘agressiva’ talvez estivesse na defensiva, talvez não quisesse lembrar.

Flashback on

Minha visão estava turva, eu mal conseguia ver as garrafas vazias de vodca a minha frente.
Eu estava no chão. Suja e mal acabada, mas a sensação de prazer irradiava em minhas veias, parecia que cada parte de meu corpo vibrava, eu estava em total êxtase.
Tentei me levantar, mas minha tentativa falhou e eu caí sentada sobre minhas pernas, isso doeu. Me deitei no carpete marrom de minha sala e minha cabeça começou a latejar.
Toda sensação de alívio e prazer havia saído de meu corpo e tudo que eu sentia era uma grande dor na cabeça, minha mente vagava e tudo parecia escuro, meu corpo vibrava sem parar, eu não tinha controle sobre ele. A luz piscava sob meus olhos, vinha e voltava, meus braços se enrijeceram e finalmente tudo se apagou, eu já não via mais nada.

Flashback off

Meu celular tocava interrompendo meus pensamentos, eu o peguei e ele escorregou da minha mão tremula, caiu um pouco a frente. Um carro vinha em minha direção, xinguei mentalmente de todas as maneiras o motorista quando eu vi que o carro passava por cima de meu celular. A terça-feira começava bem.
Entrei no carro colocando uma musica para que me acalmasse. Daqui a pouco seria a entrevista com Michael e tudo tinha que correr bem, e ainda teria que comprar um celular.
Joguei no banco do carona o que um dia fora meu celular, dirigi para o prédio da M&C cantando “ In My Head “ (Queens of the Stone Age) amava essa música. 

Quando posicionei o carro no estacionamento mude sentir meus músculos relaxando e toda tensão indo embora. Céus, eu era bipolar? Ri com meu pensamento.
_Você está atrasada – Melanie me abordou assim que eu desci do elevador.
_Pois é, ele já chegou? – eu quase corria pelo corredor, estava realmente atrasada.
_Sim, está na sala de entrevistas, boa sorte – Melanie parou me deixando prosseguir sozinha.
_Até.

Caminhei até o final do corredor onde ficava a sala de entrevistas, não queria o deixar esperando, não era educado de minha parte, mas, a pequena discussão com Pierre fez com me atrasasse, discussão que eu já me arrependia de ter tido. Respirei fundo, entrei na sala.
Ele estava sentando no sofá, fumava elegantemente um cigarro que já estava no fim. Sua barba perfeitamente ruiva me fazia pensar que seria ótimo deslizar meus dedos sobre ela. Seus olhos me encontraram assim que abri a porta, e ele me saudou com um sorriso perfeito e alegre.
_Desculpe o atraso – eu disse me sentando.
_Que isso... Por onde começamos – ele se ajeitou no sofá apagou o cigarro e eu comecei com minhas muitas perguntas.

A entrevista tinha sido no mínimo maravilhosa. Michael era muito simpático e respondeu todas as minhas perguntas sem rodeios nem cerimonia, ele era um homem espontâneo. Minha coluna estava quase pronta.

Voltei para minha sala pronta para ouvir tudo o que ele havia me dito novamente em meu pequeno gravador. Quanto entro em minha sala me deparo com algo que com certeza me fez abrir a boca em um “O” porque quando viu minha reação abriu a boca num sorriso que mostrava todos seus dentes.
Ele estava sentado em minha cadeira como se a mesma fosse sua. Balançava no eixo de um lado para o outro segurando um lápis em uma mão e na outra uma edição da M&C na qual meu artigo era a capa, que dizia: “INGLOURIOUS BASTERDS – a pérola de Tarantino”.

_Você escreve muito bem – ele disse quebrando o silencio, eu ainda estava na porta.
_Obrigada – foi à única coisa que pude pensar para dizer – mas o que o trás aqui?
_Quando você me entregou tão facilmente seu telefone pra mim, não disse que não atenderia quando eu ligasse Srtª Levitt.


Ele havia ignorado minha pergunta, eu ainda não sabia o motivo de ele estar ali, mas sabia que havia ligado pra mim. A cena de meu celular sendo esmagado pelo carro no estacionamento do meu prédio veio em minha mente. Sorri.


P.S: Meninas, mil desculpas pelo atraso desse capítulo. Aconteceu muitas coisas e eu não consegui postar, mas enfim, ta aí, obrigado sempre pelos comentários, lindas. Beijão!! até o próximo ;)

7 comentários:

  1. Humm.. o negocio tá esquentando! rs
    Beijos

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  2. Tô morrendo com o passado da Brigg! Ela era viciada? Meu deus, já quero a proxima atualização! Aliás, eu preciso! hahah

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    1. Me recuso a revelar qualquer coisa haha, espere os próximos capítulos! Bom saber que vc ta gostando, obg por acompanhar (: Beijo

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  3. Diz logo, a Brigg estava dirigindo bebada e "matou" o Carl? Curiosíssima e cheia de teorias. Posta logo, pleeeeeeeasee!

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    1. espere os próximos caps, Obg por acompanhar e comentar (: Beijo, juro que vou tentar não demorar com os próximos. (:

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  4. Mil suposições de como ela machucou esse Carl...deixe me correr para a próxima atualização, xoxo!

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  5. Estou andando a fic, muito boa e vc escreve muito bem. Parabéns!
    beijos

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