Knee Socks - chapter 1 - The late afternoon

_Já deu seu horário, já pode ir – disse Jeff entrando em minha sala.
Ele era uma pessoa ótima, tinha me aceitado de volta há dois anos aqui na revista. Era um homem muito inteligente, do tipo que eu chamava de: ‘culto e interessante’, um tiozão legal.
Eu sorri cansada ao ver o horário no relógio da minha parede. Já tinha se passado meio hora do meu expediente.
_Nossa, como o tempo passou rápido – eu disse me levantando, fechando o notebook e pegando minha bolsa.
_Pois é, dizem que é assim quando a gente faz o que gosta – Jeff disse sorrindo, eu o acompanhei.
_Verdade – concordei passado pela porta que ele fechou logo em seguida – Até amanhã Jeff, boa noite.
_Tchau.

Saí o prédio da M&C tentando não parecer um trapo de cansada, lançando sorrisos para aqueles que passavam por mim dando um educado ‘até amanhã’, ‘boa noite’.
Joguei minhas coisas no banco de trás do carro dei a partida e fui direito para meu café preferido. Eu sempre passava lá depois do trabalho, aquele lugar me inspirava, sem contar o café delicioso.
Entrei no lugar sentindo o aroma maravilhoso de café chocolate e canela, isso me fez salivar. Ri da reação do meu organismo.
Me sentei na mesa de costume, me encostando no vidro deixando passar a movimentada Londres no seu fim de dia pelas minhas costas. Na mesa da frente pude ver um homem de costas pra mim liberando a fumaça do seu cigarro. Isso me lembrou de pegar o meu.
Meu telefone tocou enquanto em acendia meu cigarro e esperava pelo meu pedido já feito à simpática garçonete. Demorei um tempo para achar ele, mas o atendi assim que vi quem era.
_Hei Mel, como foram as coisas hoje? Consegui resolver tudo? – perguntei animada.
Melanie era minha melhor amiga em Londres, nos conhecíamos há dois anos, e ela sempre me apoiavam em meus projetos. Ela ocupava  meu antigo cargo na M&C; a coluna sobre musica, e agora ela estava trabalhando em sua próxima matéria, os Arctic Monkeys.
_Sim – disse Mel meio nervosa – já agendei as fotos no estúdio de fotografia e o resto está tudo pronto, só falta a entrevista com eles que é amanhã.
_Nossa! Já é amanhã? – perguntei tragando meu cigarro.
_Sim, parece que foi ontem que o Jeff me disse que eles tinham aceitado ser matéria da minha coluna – ela falava animada e ansiosa.
_Pois é você já sabe tudo o que vai perguntar? – perguntei á ela.
_Sim... – ela era relutante – mais ou menos, eu estou meio insegura quanto às perguntas, queria uma opinião sua.
Sorri ao ouvir isso, ela sempre pedia minha opinião em tudo, assim como eu a dela.
_Claro Mel, mas você sabe que não precisa estar insegura, você é ótima no que faz, só não se esqueça das perguntas muito pessoais, isso os deixa constrangido e é chato, acontece com todos artistas.
_Sim, sim – ela concordou freneticamente – perguntas da vida pessoal são realmente horríveis, mais ainda sobre a vida amorosa.
_Pelos Deuses! Não faça perguntas sobre Alex e Alexa forever, isso só o deixa constrangido, eu também não gostaria se fosse Turner. – eu disse bebendo do meu café que acabara de chegar.
_Claro isso não é o foco da nossa revista, imagina a cara do Jeff se eu escrevesse algo assim – ela disse rindo, e eu a acompanhei pensando em Jeff, ele odiava fofocas, mais ainda daqueles que a escreviam.
_Pergunte para o Nick – eu disse tentando dar ideia e tirando uma curiosidade minha – se ele tem alguma influencia do Mickey Shumman no baixo, já que a banda teve ‘suck it and see’ produzido por Homme e Matt já disse ter influencias quanto à bateria do Queens of the Stone Age.
_Boa ideia! – ela disse entusiasmada – você gosta do Shumman, eu sei hein – rimos, era verdade que eu tinha uma queda por aquele baixista.
_Quem não gosta do Shumman, Mel? Quem? Quem? – eu disse fazendo falsa especulação.
Larguei a xícara de café rindo das bobagens que falava, olhei em volta e uma moça desviou o olhar, ela devia achar que eu era doente mental: chorando de rir sozinha ao fim de uma linda tarde londrina em um café fumando e bebendo. Correção: uma velha fumante maluca.
Me recompus enxugando as lágrimas dos meus olhos, eu ainda ria.
_Dê uma olhada em outras entrevistas dos Monkeys e tente perguntar algo novo, diferente, que eles não tenham respondido ainda, - dei ideia, eu sempre fazia isso antes de entrevistar alguém.
_Estou fazendo isso – disse Mel. – agora vou terminar aqui, beijo até amanhã.
_Ok, vai da tudo certo, acredito em você, beijo – me despedi a incentivando e jogando o resto do cigarro no cinzeiro em minha frente.
Bebi meu café pensando no dia de amanhã. Mel se daria bem, ela era boa no que fazia, Jeff confiava nela e eu também, seria uma ótima entrevista.
Me levantei acabando o café, deixei o dinheiro na mesa. Estava com o peito aquecido pelo líquido quente que havia bebido. Peguei minhas coisas pensando no banho quente que teria quando chegasse em casa e adormecer em minha cama macia vendo qualquer um de meus filmes pela milésima vez.
_Ótimos conselhos, senhorita – uma voz masculina e rouca tirou a atenção de meus devaneios.
Morando em Londres eu sabia identificar um belo e legítimo sotaque britânico, e aquele com certeza era um. Levantei o rosto em direção à voz que havia ouvido. O homem que estava de costas na mesa da frente havia virando, eu tive certeza quanto ao sotaque quando vi quem era o dono da voz, só não acreditava no que via. Alex Turner olhava pra mim esperando uma resposta.

A vergonha tomava meu rosto, podia sentir isso, ele começara a ficar quente, seria o café ou eu estava ficando vermelha? Céus eu não era do tipo de pessoa que se envergonhava dessa maneira, eu sabia controlar uma situação embaraçosa. Nesse caso, bastante embaraçosa. Eu havia falado dele e de Alexa, e sobre a banda dele. Não era algo como fofoca, não, mas a situação estava estranha.
Eu estava calada, não sabia o que responder.
_É, geralmente dou bons conselhos – finalmente disse me recompondo com um sorrisinho ainda sem graça.
Ele me estudava, seu olhar ia aos meus sapatos vermelho ferrugem até meus cabelos agora de forma decadente e vergonhosa.
Parei dois segundos e observei. Seu cabelo estava como de costume, penteados para trás com um pequeno topete, só que sem aquele gel exagerado. Uma blusa bege por baixo de um casaco preto no lugar da jaqueta de couro e jeans. Alex Turner bem normalzinho na minha frente em um café no centro de Londres. Não me parecia com o bad guy naquelas revistas baratas.
Meus dois segundos de devaneios foram interrompidos quando meu subconsciente me alertou do silencio que havia entre mim e o homem que me estudava.

Arrumei minha bolsa no ombro dizendo um ‘tchau’ educado e virando andando até a porta ao que eu parecia nunca chegar, a vergonha tomava conta de mim outra vez e o olhar de Alex estava colado em minha mente. Isso era bom de uma forma estranha.

Alex’s POV

Eu estava na cafeteria pensando no que fazer. A turnê havia acabado assim como meu namoro com a Arielle.
Não estava me sentindo mal como quando eu e Alexa terminamos, mas mesmo assim, era um fim, e eu não gostava de términos.
Ficava feliz ao saber que não a havia magoado, ela concordou com o fim do nosso namoro, mas algo em mim estava errado, estava me sentindo estranho. Acho que tinha que curtir um pouco esse fim, que me deixava um tanto triste, mas tinha que ser assim.
Estava tranquilo fumando meu cigarro quando senti alguém se sentar na mesa atrás da minha, era uma mulher, pude sentir seu perfume doce e um cheiro que julguei ser cigarro de mentol.

_Pelos Deuses! Não faça perguntas sobre Alex e Alexa forever, isso só o deixa constrangido, eu também não gostaria se fosse Turner – escutei a mulher falar ao telefone tempo depois. Comecei a prestar atenção na conversa.

Virei meu rosto para vê-la. Tinha os cabelos incrivelmente negros, sua pele branca como uma pétala de uma rosa realçava seus grandes olhos verdes. Ela fumava um cigarro e em sua frente havia uma xícara de café.
Ela estava ao telefone encostada ao vidro da cafeteria, na rua as pessoas passavam voltando para casa no fim do expediente, enquanto a bela e desconhecida moça falava distraidamente apoiando o aparelho no ombro.
Ouvi-a falar no nome de Nick, então concluí que conversa sobre mim e a banda. Virei meu rosto ainda prestando atenção no que ela dizia.

_Quem não gosta do Shumman, Mel? Quem? Quem? – ela disse rindo, era um sorriso gostoso de ouvir, era como musica.
A mulher parecia estar rindo muito, depois de uns minutos, ouvi ela se despedir e levantar.
_Ótimos conselhos, senhorita – eu disse virando no meu próprio eixo.
A mulher levantou os olhos a mim, paralisada. Era intrigante saber o que passava em sua cabeça, ela parecia confusa.
Eu a observava, não tinha notado isso até perceber que ela estava envergonhada, ainda esperava que ela me respondesse, ela não parecia que o ia fazer... O que se passava pela aquela mente?

_É, geralmente dou bons conselhos – ela finalmente falou despertando meu interesse aos seus olhos.
Eu ainda a estudava. Usava uma blusa branca por baixo de uma jaqueta preta fosca, estava com shorts verde escuro, meias cinza até o joelho e botas vermelhas cor de ferrugem igual seu cinto.

Murmurando um ‘tchau’ e virando as costas ela saiu graciosa da cafeteria. Enquanto ela andava, eu a observava, e fiquei ali, olhando naquela direção por alguns minutos.

No que eu estava pensando antes mesmo?

6 comentários:

  1. Adorei, mal posso esperar pelo próximo capítulo...

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  2. Adorei, Madu :)
    Fiquei pensando: "fala baixo nesse celular, ele vai ouvir!" hahahaha
    Espero o próx capítulo. Beijos.

    Steph

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  3. Curti esse iniciozinho de fic, achei esse primeiro capítulo bem extrovertido. Não tinha lido a sinopse, então não sabia ao certo o que esperar...nao me arrependi ^^
    Vou ler as atts, xx.

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  4. Estou ansiosa pelo próximo capitulo

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