SKY BLUE LACOSTE SEVEN: MAD SOUNDS

Quando abri os olhos, a luz do sol já iluminava o quarto por completo. Tendi minha cabeça para o lado e deparei-me com Alex deitado dormindo serenamente, segurando minha mão.
  “Como isso aconteceu?” me perguntava. “Como eu fui me envolver tão intensamente e tão rapidamente com uma pessoa?”. Eu não poderia fazer isso, eu prometi a mim mesma. Saber que eu iria machucar meu irmão já era o suficiente, eu não precisava de mais um motivo para me sentir culpada. Eu já havia falado muito para Alex, havia falado algo que eu pensei nunca repetir depois daquele dia no tribunal.
 Não queria estar ali quando ele acordasse sabendo do estado em que me viu horas antes.

===

  Depois de me arrumar, fui direto para o trabalho. No corredor, passei pela sala de Arthur que estava fechada e uma ansiedade estranha me tomou. Sem saber ao certo o porquê, retrocedi alguns passos e parei á frente da porta que continha o seu nome. Bati duas vezes até que o ouvisse do outro lado:
  - Pode entrar.
  Abri a porta lentamente, quando os olhos de Arthur encontraram os meus, sua expressão tornou-se tensa.
  - Bella... Que surpresa – ele se levantou.
  - Estou incomodando? Posso voltar outra hora.
  - Não, tudo bem – veio até mim – Como você está?
  Dei de ombros.
  - Levando.
  Arthur balançou a cabeça negativamente.
  - O que aconteceu, Bella? Você pode confiar em mim.
  Eu suspirei profundamente e me sentei no pequeno sofá preto no canto da sala.
  - Tem algo relacionado a ele? – perguntou se sentando do meu lado – Ele te fez alguma coisa?
  - Não... Não é isso. Eu só estou cansada e não quero mais esconder isso.
  Arthur me analisou silenciosamente, não saber o que ele estava pensando me incomodava. Talvez pensasse sobre como eu era maluca.
  - De qualquer modo, eu tenho que trabalhar. Vejo você mais tarde – já ia em direção à porta quando me virei para fazer um pedido á ele – Por favor, se Alex aparecer... Eu não quero vê-lo... Agora.
  - Eu entendi, não se preocupe.
 Agradeci com um aceno e coloquei-me em direção a minha sala.

Alex’s POV

  Arabella não estava em casa quando acordei. Peguei meu celular, mas antes que eu discasse seu número, deparei-me com cinco mensagens de Arielle. Eu não havia falado com ela desde quando discutimos aquela noite, para mim o fato dela ter falado que tinha desistido de mim e ter saído pela porta sem olhar para trás significou que era o fim.
  Ignorei as mensagens e liguei para Arabella. Seu celular estava desligado. Ela deveria ter ido para o trabalho, mas a preocupação não deixou de rondar meu cérebro, por isso, peguei as chaves do carro e deixei o apartamento.

  Já no hall do prédio da NME, me dirigi a recepcionista que lia uma revista e parecia alienada das coisas que aconteciam a sua volta. Nem com a minha aproximação do balcão, ela percebeu minha presença.
  - Com licença, você pode me informar se Arabella Volturi veio trabalhar? – perguntei e só então ela voltou sua atenção a mim.                                                                                                                    
  - Para você, ela não está – respondeu indiferente.
  - O que? – arqueei a sobrancelha.
  - Foi o que me mandaram dizer, eu só dou os recados.
  E então, ela voltou a folhear a revista que tinha em mãos.
  - Eu vou subir – avisei.
  - Eu não tenho nada haver com isso – ela deu de ombros.
 
  As portas se abriram no andar do escritório de Arabella. Assim que dei um passo a frente, fui abordado pelo cara que estava com ela no dia do bar.
  - Qual o seu problema? - tirei as mãos dele que seguraram meu braço.
  - Não te deram o recado na recepção?
  - Deram, e com mais detalhes que você pensa – dei dois passos em direção ao corredor.
  - Olha cara, ela não quer te ver – ele me segurou novamente.
  - Who the fuck you think you’re? Eu vou ver Arabella e não é você que vai me impedir.
  O garoto segurou meu braço com mais força.
  - Eu não vou deixar você machuca-la.
  - Acho melhor me soltar, você não me conhece.
  - Não conheço? – ele soltou meu braço e passou as mãos pelo rosto – Você acha que eu não sei do que é capaz? – riu sem vida – Ashley Collin, esse nome é familiar para você? Você provavelmente já deve ter esquecido então deixe que eu refresque sua memória. A garota que você conheceu em um bar, que você enrolou por quase uma semana até que conseguisse leva-la pra cama. Aparentemente você se esforçou porque ela era “muito gostosa”. Foi o que você disse pro seu amiguinho, só que você Alex, não esperava que ela estivesse bem atrás de você.
  Ele parecia soar e gesticulava como um maluco.
  - Como você sabe disso? – perguntei.
  - Como eu sei disso? Como eu sei que depois você se meteu em uma briga com o melhor amigo dela, um amigo que gostava de Ashley, mas então você disse que nunca havia conhecido alguém como ela e que queria conhecê-la melhor, você acha que ela não daria ouvidos? Como eu sei que depois ela se sentiu como uma vadia sem valor algum? – ele se aproximou de mim e agarrou-me pela jaqueta – O coração que você pisou em cima era o da minha irmã, seu babaca.
  Eu não estava no direito de sentir raiva. A garota de algumas semanas atrás, a briga que eu havia me metido. Não, eu não estava no direito de sentir nada. Ela era irmã dele e eu era o canalha que me aproveitava de garotinhas.
  Então, em um súbito movimento, recebi o tão esperado soco que merecia. Senti meu nariz começar a sangrar junto com o latejar de meu rosto.
  - Alex? – ouvi a voz de Arabella soar no corredor – O que está acontecendo aqui?
  Ela veio até nós e nos separou com certo esforço.
  - Arthur, o que é isso? – suas mãos estavam trêmulas.
  - Arabella... – comecei a falar mais ela me repreendeu apenas com um olhar.
  Arthur Collin tentou falar, mas nenhuma palavra saiu de sua boca. Ele balançou a cabeça negativamente e saiu em passos apressados dali.
  - Eu vou embora – ela falou baixo.
  Por alguma razão não contestei sua escolha. Fique parado enquanto ela voltava para sua sala e logo em seguida voltava com sua bolsa em mãos. Arabella passou por mim sem me olhar, ignorou-me como se eu estivesse invisível. E talvez estivesse.

Arabella’s POV


362 horas antes.


  - Peter, eu quero que você volte logo – eu estava sentada na varanda do apartamento, sozinha, afogando-me em minhas próprias lágrimas enquanto falava com meu irmão pelo telefone.
  - E eu vou voltar, mas isso não significa que eu concorde com sua decisão. Isso não é justo Bella, não é justo – ele parecia estar chorando também.
  - Eu não posso continuar assim, Pete. Estou mais cansada a cada dia que se passa... Estou ficando sem forças.
  Ele ficou em silêncio do outro lado da linha. O silêncio era absoluto, mas então a campainha tocou.
  - Eu tenho que desligar, vejo você amanhã – falei.
  - Tudo bem, se cuide. Eu amo você.
  Eu enxuguei as lágrimas que caíam.
  - Eu também amo você.
  Desliguei o aparelho e fui em direção à porta. Eu não precisei perguntar quem era, tinha certeza de quem se tratava. Abri a porta e vi Alex cabisbaixo encarando o chão.
  - Oi – olhou para mim.
  Eu indiquei para que ele entrasse e logo depois fechei a porta. Ficamos nos encarando sem dizer uma palavra até que Alex resolveu quebrar o silêncio.
  - Sobre o que aconteceu hoje mais cedo...
  - Não quero saber – o interrompi – Eu não sei quais problemas você tem com Arthur, mas acho que é melhor eu não saber. Já tem muita coisa atordoando minha cabeça.
  Ele tirou a jaqueta e jogou em cima do sofá, deixando sua camiseta polo azul justa em seus braços á mostra.
  - Por que você não queria me ver? Por que mandou dizerem que não estava?
  - Eu... Eu – me sentei no sofá apoiando a cabeça nas mãos – Eu não sei. Na verdade eu sei, mas não é algo que eu consiga explicar.
  - Eu não entendo você – Alex andava de um lado para o outro – Eu não entendo.
  - Você sabia que eu era assim, eu te disse. Me desculpe por ser um ser desequilibrado e confuso – eu pressionava as mãos contra os olhos com intuito de impedir que as lágrimas começassem a cair.
  Nada foi dito nos minutos que se seguiram. Com a cabeça ainda enterrada em minhas mãos e com os olhos fechados, apenas senti os dedos de Alex passarem por cima de minha meias na altura do joelho.  Eu ergui minha cabeça, seu rosto estava muito próximo do meu. Seus intensos olhos negros penetravam profundamente minha alma, me hipnotizando de modo nunca antes feito.
  - Por que você não tira essa armadura por um minuto, Arabella? – suspirou.
  - Um soldado nunca tiraria sua armadura em meio a uma batalha.
  - Mas não sou seu inimigo.
  - Não estou em guerra com você. Estou em guerra comigo.
  Ele passou as mãos pelos meus cabelos colocando uma mecha atrás de minha orelha.
  - Então acho melhor você levantar a bandeira branca.
  Alex levantou-se e insistiu em me encarar, mas eu desviei meu olhar para minhas pernas. Então, ele deu ás costas e começou a andar em direção a porta.
  - Aonde você vai? – perguntei.
  Ele parou e virou-se para mim.
  - Tenho a impressão de que você não me quer aqui.
  Eu estralei os dedos e fechei as pálpebras lentamente. Por mais que eu relutasse, não queria vê-lo ir.
  - Você não pode ir embora – me coloquei de pé.
  - E por quê?
  - Porque eu quero que você fique... Eu quero que você aqui, junto a mim – disse em um tom quase inaudível.
  Alex deu os passos que nos separavam. Ele me envolveu em seus braços de modo que meu rosto ficasse colado em seu peito, eu inalava seu perfume e podia sentir os batimentos de seu coração. Seus dedos acariciavam minhas costas de modo reconfortante e naquele momento, desejei ficar ali para sempre. Sempre.
  E em um sussurro, Alex começou a cantar em meu ouvido com sua voz um tanto rouca frases soltas, mas que de certo modo se encaixavam perfeitamente:
  - Mad sounds in your ears make you feel alright… They’ll bring you back to life… Oh la la la, oh la la la, oh la la la la...
  Eu permitir-me sorrir e deixar que a sensação de alívio tomasse meu corpo pelo menos naquele instante, o instante em que eu estava envolvida nos braços de Alex Turner e tudo estava bem.


***

>> N/A: Demorou, mas chegou hahaha. Espero que tenham gostado e obrigada por acompanharem <3 Beijos, Bel.  

4 comentários:

  1. Ai meu Deus, Arabella! Sei de parte dos problemas que ela enfrentou e o quanto deve ser difícil se entregar a alguem quando você mesmo está uma bagunça, e ainda mais quando esse alguém é Alex Turner. Mas me dá uma aflição essa relutância dela porque ele parece estar entregue, de verdade. Pelo que entendi da ligação, acho que a Bella planeja ir embora :O Espero muito mesmo que ela mude de idéia, porque além de ter muita coisa pra gente descobrir, tem um certo vocalista apaixonadinho por ela. Ai sdjjdhfhfjfkjdkfkif Não demora, Bel.

    Beijoss

    Steph

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ja tinha esquecido de falar do caso da irmã de Arthur! Alex safado mereceu o soco que levou. Adoro o Arthur e fico com dó dele porque não quero que se apaixone pela Bella, se é que isso não já aconteceu, porque acho que ele já está na friendzone. Ou não!!! Devo interpretar com uma pulguinha atrás da orelha a parada da Bella na frente d porta dele? E também pode ser que o próprio Arthur só queira proteje-la já que sabe de tudo o que a irmã passou. Jdddkdkdfk estou confusa, estou Enem!

      Excluir
  2. - Por que você não tira essa armadura por um minuto, Arabella? – suspirou.
    - Um soldado nunca tiraria sua armadura em meio a uma batalha.
    - Mas não sou seu inimigo.
    - Não estou em guerra com você. Estou em guerra comigo.


    O MELHOR DIÁLOGO QUE EU JÁ LI. Só isso. Pronto. Acabou minha vida. Porque eu to choros.

    ResponderExcluir
  3. Meu, que história sensacional!!!
    Eu tô sempre por aqui, mas não sei pq ainda não tinha lido esta...
    Aproveitando minha madrugada de insônia li todos os 7 capítulos de uma vez e... caramba!! Muito foda! Me emocionei de verdade lendo...
    São tantas fics que às vezes eu fico confusa a respeito de quem escreveu qual, mas eu lia tb a BCTM e eu definitivamente amo a sua escrita!
    Quero mais, muito mais!
    Beijos

    ResponderExcluir

Não precisa estar logado em lugar nenhum para comentar, basta selecionar a opção "NOME/URL" e postar somente com seu nome!


Se você leu o capitulo e gostou, comente para que as autoras atualizem a fic ainda mais rápido! Nos sentimos extremamente impulsionadas a escrever quando recebemos um comentário pertinente. Críticas construtivas, sugestões e elogios são sempre bem vindos! :)