Old Yellow Bricks 06: Remember when you used to be a rascal



Alex olhou muito para meu pequeno apartamento, ele analisou cada detalhe não deixando escapar quase nada, parou quando viu Luiza em seu estado deplorável no sofá.

– Acho que alguém se divertiu muito – Ele disse com um pequeno sorriso e voltou a olhar para mim.

– É – Engoli um seco, ficamos no mesmo silêncio de sempre, fui em direção à cozinha para pegar algo para  
nós.

– Aonde vai? – Ele perguntou arqueando uma das sobrancelhas.

– Pegar algo para nós comermos – Disse por fim o olhando da porta da cozinha.

– Não precisa, não vou demorar – Ele disse um pouco sério e foi em direção as escadas. – Acho que vou subir – E olhou para mim com um sorriso irônico.

– Não tem nada lá em cima. – Disse ríspida.

– Tem sim, quer apostar? – E continuou a subir as escadas, no ultimo degrau ele olhou para mim – Vai me deixar subir sozinho? Cadê a sua hospitalidade? – Aquele sorriso cínico já surgiu em seu rosto. Bufei e subi as escadas e parei em seu lado. – É assim que tem que ser – E continuou a andar até entrar na porta do meu quarto.

Ele ficou olhando e eu atrás fitando suas costas, pois ele tampava a visão do meu quarto. Pigarreei e ele se virou dando passagem para que eu entrasse. Sentei-me em minha cama e ele me acompanhou sentando ao meu lado.

– Gostei do seu quarto – Ele disse ainda analisando-o. Corei um pouco e eu não sei o por que.

– Eu gosto dele, apesar de ser um pouco velho... Ele é legal até – Falei e até sorri um pouco ao ver que ele sorria.

– Gosto de coisas velhas – Ele disse quase em um transe. Eu soltei um riso. – O que foi em? – Ele disse me encarando.

– Você iria gostar da minha avó – Sorri ironicamente e ele bufou, mas com um sorriso surgindo logo em seguida – Vai dizer que não... Já que você gosta de coisas velhas – Continuei com um sorriso maroto no rosto, não que minha avó seja uma “coisa”, mas foi à única forma de tirar uma “onda” com a cara dele.

– Sua avó é gostosa? – Ele disse e não pude conter o riso. – Qual é, vai que eu me interesso – E ele sorriu. Era assim que eu costumava vê-lo sorrir.

– Se ela estivesse viva... Eu te apresentaria – Eu disse em um tom normal, lembranças da minha avó sempre eram fortes então o meu sorriso desaparecera, suspirei.

– Desculpe Maria, eu não sabia... – Ele falou um pouco preocupado e naquele momento eu quebrei todo o gelo e percebi o quanto dele ainda estava lá, o quanto ele continuava fofo. Não Maria, tire esse pensamento Alex Turner não era fofo, muito pelo contrário.

– Não foi nada – Disse e force-lhe um sorriso. Ele sorriu e se levantou indo a minha prateleira de livros, os ficou observando até que escolheu um e voltou a se sentar ao meu lado na cama.

– É o meu preferido – Ele disse mostrando o livro para mim. Era uma obra da qual eu realmente amava. Era de Charlotte Brontë. Um livro bem calmo e eu o lia quando meu coração estava desesperado.

– É um ótimo livro – Sorri e ele sorriu de volta – Você quer emprestado? – Eu disse, por incrível que pareça eu estava ficando a vontade com a presença dele e eu sentia que ele também. Mesmo não sabendo o real motivo de ele ter vindo aqui em uma hora o tanto quanto tarde eu queria que ele ficasse.

– Não se importa? Quer dizer... Hm vou levar – Ele disse olhando para mim, nossos olhos se encontraram, acabei fitando a boca dele, droga! Mil vezes droga Maria. Ele não desviou o olhar, ficamos ali nos encarando, ele foi se aproximando – Você se importa? – Ele disse baixinho, podia sentir já sua respiração.

– Não me importo – Foi à única coisa que conseguia dizer. Meus batimentos acelerados de uma forma que eu pudera ter certeza de que iria morrer ali mesmo. Ele pegou em meu queixo e acariciou, suas mãos eram macias e sua boca estava mais rosada do que o normal, abri minha boca lentamente desfrutando do seu toque em mim. Ele sorriu de lado um pouco e eu o acompanhei com o sorriso.

– Maria tem remédio para dor de cabeça? – Levei um susto quando vi a figura da Luiza parada na porta com os olhos fechados, acho que ela não viu que eu e Alex estávamos no nosso momento, a minha sorte, pois pude ir para longe dele e fazer sinal para que ele se escondesse. Na mesma hora ele correu para traz da cortina, eu soltei um riso baixo, mas resolvi responde-la antes que abrisse os olhos.

– Tenho sim, mas está na gaveta da cozinha – Disse parando em sua frente.

– Que cheiro de homem – Ele disse abrindo os olhos e farejando.

– Que cheiro? Ã? – Tentei dispersar o assunto – Vá tomar seu remédio logo, antes que amanhã acorde pior
– E tentei parecer séria o bastante.

– Deve ser paranoia minha. Você nunca traria um homem para o seu quarto, você nunca trouxe... – Senti minhas bochechas formigarem. Realmente eu nunca trouxera um homem aqui, Alex era o primeiro.

– Claro né – Falei tentando parecer convincente – Boa noite vou dormir. – Eu disse fechando a porta na cara dela.

– Ta... – Ele gritou de lá de fora. Suspirei e me deparei com o Alex olhando fixo para mim.

– Sou o primeiro a vir aqui? – Ele disse ainda me encarando.

– Bom tecnicamente é. – Disse indo olhar o céu na sacada.

– Tecnicamente? – Ele disse vindo atrás de mim. Sorri um pouco.

– Sim, você que foi entrando eu não te convidei – Sorri vitoriosa, senti ele se acomodando ao meu lado.

– Mas estamos aqui agora e eu estou no seu quarto – Ele falou olhando para mim.

– Na verdade, estamos na sacada... Mas – Fui interrompida com ele bufando – Que foi? – Disse e arqueei uma sobrancelha.

– Você tem resposta para tudo! – Ele disse olhando para frente. Sorri de lado e acabei olhando para frente na mesma direção que ele.

– E você não? – Sorri vitoriosa quando ele me olhou e sorriu.

– É melhor eu ir não? Você não quer homens por perto... – Alex sendo gentil e engraçado foi uma das coisas que me surpreenderam essa noite.

– Se quiser pode ficar podemos ler poemas? – Eu disse e por fim me dei conta de que poemas Maria?

– Boa ideia – Nem deu tempo de falar algo e ele já fora entrando e indo em direção a minha prateleira de livros. Sentamo-nos no chão e ele havia escolhido um livro qualquer com frases.

– Esta língua não é minha, qualquer um percebe. Quem sabe maldigo mentiras, vai ver que só minto verdades. Assim me falo, eu, mínima, quem sabe, eu sinto, mal sabe. Esta não é minha língua. A língua que eu falo trava uma canção longínqua, a voz, além, nem palavra. O dialeto que se usa à margem esquerda da frase, eis a fala que me lusa, eu, meio, eu dentro, eu, quase.¹ – Ele disse e me olhando, sorri e corei um pouco.

– Minha vez – Peguei o livro de sua mão e escolhi uma frase - Essa minha secura
essa falta de sentimento não tem ninguém que segure, vem de dentro. Vem da zona escura donde vem o que sinto. Sinto muito, sentir é muito lento.² – Senti uma coisa dentro de mim, pelos de meu braço se arrepiaram, fechei os olhos e senti uma lágrima escorrer. Senti uma mão acariciando minha face e em seguida enxugando a lágrima que escorrera. Suspirei.

– O que aconteceu? – Abri os olhos e me deparei com o olhar de Alex assustado.

– Não foi nada – Eu disse e forcei um sorriso. – Relaxa.

– Será mesmo? – Ele ainda disse em um tom preocupado.

– Sim – E bocejei. Alex me acompanhou no bocejo, deveria estar mesmo olhando pra mim para ter bocejado junto comigo.

– Sono? – Ele disse.

– Sim, um pouco – Me levantei levando o livro para a estante – Chega de poemas por hoje. – E sorri o olhando.

– Por hoje? Quer dizer que vai ter mais? – E sorri, não pude deixar de dar um sorriso bobo. – Acho melhor ir para minha casa... Deixar você descansar. – Assenti para ele. Ele veio até em minha direção e parou em minha frente. – Dorme bem – E afagou meus cabelos colocando uma mexa atrás do meu cabelo.

– Você também – Corei.




¹: Poema de Paulo Leminsk, Invernáculo.
²: Também do Paulo Leminsk, Parada Cardíaca




4 comentários:

  1. Jesus, estou no chão! Que amooooor! Logo hoje que estou tão sensível ao Alex. Aproveitei cada segundo de ternura entre esses dois e estou apaixonada. Agora a pergunta que não quer calar: o Alex sabe que a Maria é a Maria ou ele se "apaixonou a segunda vista?" nsnjckfdsj. Ainda estou suspirando, e só posso dizer que amo essa fic. Necessito de mais, não demora. Beeeeijos.

    Steph

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  2. que meigo este capitulo, onde está o proximo mds?

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  3. Adorei o capítulo! Só tem uma coisinha: tô cada vez mais curiosa!
    Preciso muito saber o que aconteceu!!!!
    "Não Maria, tire esse pensamento Alex Turner não era fofo, muito pelo contrário."
    Como assim ele não é fofo? O que eles fez???
    Beijos

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  4. Após ler esse capítulo dei um longo suspiro. Acho que não consigo lidar com esse Alex. Acho que eu não consigo lidar com essa fic porque toda a vez que eu leio eu tenho vontade de ir deitar, ouvir músicas tristes e pensar em como isso nunca vai acontecer comigo. E é por essa e outras razões que eu amo fanfics e principalmente amo OYB.
    Eu amo OYB e nunca vou me cansar de falar isso.

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