SKY BLUE LACOSTE THREE: WHITE SAND

  Por alguma razão desconhecida, meu coração pulsava forte e meu sangue fervia. Não era a bargirl idiota que havia me deixado assim, eu sabia a razão, porém só a achava estúpida demais para levar a ideia adiante. E nem levaria, porque não havia ideia, era só um pensamento passageiro, talvez o fato de que ele pensava que poderia fazer o que quiser com qualquer uma me irritava um pouco.
  Voltei à mesa em que Arthur e eu estávamos sentados e entreguei uma das garrafas de cerveja em sua mão.
  - Obrigado – agradeceu, e logo depois deu um longo gole enquanto analisava algo ao longe – É o Alex Turner e Matt Helders que estão ali?
  Ele apontou discretamente em direção ao balcão. Eu olhei pelo canto do olho e pude ver sem muita clareza os dois encostados e bebendo, mas não conversavam.
  - Acho que sim, quer dizer... São eles.
  Arthur murmurou alguma coisa do tipo “Legal”, e voltou-se a mim novamente.
  - O que achou do bar?
  Dei uma olhada em volta e por um segundo, tive uma visão direta dele. O que foi um infeliz acaso, pois o mesmo mantinha os olhos fixos em mim. Respirei e inspirei fundo antes que eu pudesse responder:
  - Eu gostei, é meio retro.
  - Pois é, acho que é isso que eu gosto nele. A lembrança do passado. Tem karaokê as sextas à noite, se você quiser...
  Arqueei a sobrancelha e tentei entender o que ele quis dizer. Só então raciocinei direito e captei a sua mensagem.
  - Não, me desculpe. Eu como uma boa cidadã, não vou deixar que outras pobres e inocentes pessoas tenham o desprazer de me ouvir cantar.
  - Qual é! Não pode ser tão ruim assim – falou rindo.
  - Sem chances. Não mesmo – dei um gole na cerveja que ia esquentando aos poucos.
  - Tudo bem, mas você vai ter que vir me ouvir. Modéstia parte, eu não sou dos piores cantores.
  Olhei para o lado sutilmente só para ter certeza de que Alex não me observava mais. Ele estava de costas, com as duas mãos apoiadas no balcão. Fiquei aliviada por um lado, mas o outro lado se sentia... Decepcionado? Não, não era isso.
  - Você virá me ver? – perguntou Arthur, mas eu estava um tanto desligada de suas últimas palavras.
  - Ah... É, claro que sim. Não perderia isso por nada.
  Eu precisava de um pouco de ar fresco, a atmosfera dali começou a se tornar densa e meu cérebro já não raciocinava direito. Eu simplesmente não poderia ter um de meus surtos, não em um bar com inúmeras pessoas em volta.
  - Arthur, se você não se importa eu vou dar uma olhada na praia. Não demoro – disse já me levantando.
  - Eu vou com vo...
  - Não precisa, eu vou ficar bem. Eu volto logo – o interrompi e não deixei de sentir uma pontada no coração por isso.

  Assim que abri a porta do bar, a brisa fresca soprou fazendo com que meus cabelos voassem e o ar fresco tomasse meus pulmões. A praia ficava do outro lado da rua, e podia ouvir o barulho harmonioso das ondas dançando em conjunto.
  Atravessei a rua, subi na calçada e a poucos passos a areia começava a dar lugar ao concreto. Fui obrigada a tirar meus sapatos, sentir a areia branca e gelada era de certo modo relaxante. Caminhei até o mar e com as quebras das ondas que inundavam a beirada molhei meus pés. A água estava morna e aconchegante, tive vontade de entrar por inteiro, mas não era hora apropriada para aquilo. Retrocedi alguns metros e sentei-me na areia confortável e fofinha. Observar aquilo me trazia paz e calmaria, era como se todas as lembranças que tanto eu lutava contra desaparecessem por completo. Então, de minha bolsa tirei um pequeno caderno no qual eu escrevia algumas coisas sobre o que via, sobre o que sentia, sobre o que pensava. Peguei uma caneta e o abri em uma página em branco. As palavras começaram a sair de modo embaralhado, acho que não faziam sentido algum. Eu tentava explicar o quão maravilhosa era aquela sensação, mas acho que era porque simplesmente não existiam palavras que pudesse a descrever. Era algo que você tinha que sentir.

Alex’s POV

  - Você está legal, cara? – perguntou Matt enquanto saímos do bar.
  Pensei um pouco antes de dar a resposta.
  - Estou, é só que ultimamente estou dormindo pouco – dei de ombros.
  Não era isso. Quer dizer, era isso também. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo nos últimos dias, não sabia se eram as brigas constantes que havia tendo com Arielle, ou se era a lembrança dela que me perseguia. Eu só não sabia.
  - Quer que eu mande chamar seu carro ou quer que eu te dê uma carona? – Helders perguntou novamente.
  Estava prestes a respondê-lo quando ao longe do outro lado da rua, na praia, sentada na areia vi aquela garota. Solitária. Quando sai do bar não deixei de notar o seu acompanhante sozinho na mesa, pensei que ela havia o abandonado ali. Não a julguei, o cara não parecia uma das pessoas mais sociáveis do mundo.
  Sendo franco, admito que eu não conseguia lembrar o nome dela. Acho que ela não havia me dito, quem sabe Russell havia falado, mas eu não lembrava. Se ele tivesse saído de sua boca talvez eu lembrasse. Quando estava no bar, não fui capaz de evitar olhar para ela, era como se algum magnetismo puxasse meus olhos ao seu encontro.
  Eu ri de mim mesmo depois de ter pensado isso.
  - Alex? – Matt me cutucava – Você não acha que bebeu demais? Olha, eu vou te dar uma carona.
  - Não, não. Eu estou legal, eu só preciso esfriar um pouco a cabeça. Eu... Vou dar uma volta na praia, ok? Vou direto pra casa depois.
  Depois de um longo suspiro, ele cedeu.
  - Como você quiser. Só me faz o favor de não se meter em encrenca, Alex. Não como da última vez, ta legal?
  - Eu não vou brigar com ninguém, Helders. Fica tranquilo.
  E com isso, nos despedimos e eu caminhei em direção à praia. Ela estava de cabeça baixa, mas assim que fui me aproximando, percebi que ela escrevia algo em uma agenda ou coisa do tipo.  Sutilmente, sentei-me a mais ou menos um metro de distância dela e fiquei ali.

Arabella’s POV

  Quando virei minha cabeça e o vi, achei que eu havia bebido demais. Tenho certeza que fiz a expressão mais assustadora do mundo, pois quando ele viu, abriu um sorriso e logo riu.
  - Não sabia que garotinhas davam passeios à noite... Ainda mais sozinhas – falou irônico.
  - Eu realmente poderia me dar o trabalho de te responder, mas o problema é que isso seria perca de tempo.
  - Você não mede mesmo suas palavras, não é?
  - E eu deveria? Já fiz muito isso e não gostei. As coisas se tornam superficiais.
  Então, ele se aproximou de mim ficando bem ao meu lado. Estaria mentindo se dissesse que não senti um arrepio me percorrer por completo.
  - O que é isso? – ele apontou para meu caderno – Posso ver?
  - Não – disse ríspida.
  E mais uma vez, o riso debochado apareceu.
  - Oh... “Querido Diário, hoje um dos maiores vocalistas da atualidade, leia-se Alex Turner, sentou-se ao meu lado e eu não soube aproveitar isso. Queria voltar no tempo e ficar a sua mercê” – ele foi o mais sarcástico possível.
  - Escuta, você sempre foi babaca assim ou se especializou nessa área com o tempo?
  - A gente aprende algumas coisas ao decorrer da vida – deu de ombros.
  Rolei os olhos.
  - O que você está fazendo aqui? – perguntou.
 Eu o encarei. Sério? O que ele estava fazendo aqui, isso sim era o ‘x’ da questão. Pensava que pessoas como ele andava com pessoas como ele e fazia o que pessoas como ele faz.
  Mas afinal, que tipo de pessoa era Alex Turner?
  - Dando um tempo na vida – falei assim que deixei minhas questões de lado – Mas sinceramente acho que isso não é do seu interesse. O que você quer? Se for algo relacionado a entrevista é melhor falar logo.
  Ele negou com a cabeça.
  - Eu não tenho problema algum com a entrevista. Só vi você sentada aqui e... Resolvi fazer companhia.
  Eu ri. Foi quase que involuntariamente.
  - É mesmo? Você sempre faz companhia a qualquer ser que está sentado sozinho? Que amável de sua parte.      
  - Não para todos, mas achei que seria interessante.
  - Interessante?
  Depois de alguns segundos, ele respondeu:
  - Você parece ser uma pessoa interessante.
  Alex não riu, não houve deboche, não houve nenhum sorriso malicioso. Apenas seus olhos fitando o mar.

Alex’s POV

  “Por que, Turner? Por que você sempre faz essas coisas?”. Era o que eu me perguntava a cada milésimo que se passava. Na verdade, eu não estava fazendo nada, certo? Apenas conversando com uma garota que me era praticamente uma desconhecida, sentados em uma praia deserta.
 Não, isso não era muito comum.
  - Por que decidiram vir pra Califórnia? Quer dizer, se cansaram da nebulosa Inglaterra? – ela manifestou-se de repente me pegando de surpresa.
  - A entrevista não é só daqui a dois dias?
  - Na verdade eu não sei, não me disseram isso.
  Não pude conter o riso.
  - Vamos guardar isso para depois então. Me diga você, o que te trouxe a Califórnia?
  Ela havia aberto a boca para falar, mas foi impedida.
  - Bella! – alguém gritou.
  Ela virou-se para trás para ver quem a chamava. Era o acompanhante abandonado.
  - Eu já vou indo – ela gritou de volta enquanto guardava o caderno de volta em sua bolsa.
  - Então, é Bella seu nome? – perguntei a vendo se levantar.
  - Na verdade é Arabella, mas eu não gosto dele. Eu tenho que ir agora, até mais.
  Ela saiu andando apressada e nem percebeu que quando saiu deixou um papel cair, provavelmente do pequeno caderno.
  Eu o peguei, tirei a areia que havia sobre ele e o desdobrei.
  O título era escrito por sua letra redonda e precisa, e mal acreditei quando comecei a ler as linhas que vieram a seguir:

I Wanna Be Yours
John Cooper Clarke

I wanna be your vacuum cleaner
breathing in your dust
I wanna be your Ford Cortina
I will never rust
If you like your coffee hot
let me be your coffee pot
You call the shots
I wanna be yours

I wanna be your raincoat
for those frequent rainy days
I wanna be your dreamboat
when you want to sail away
Let me be your teddy bear
take me with you anywhere
I don’t care
I wanna be yours

I wanna be your electric meter
I will not run out
I wanna be the electric heater
you’ll get cold without
I wanna be your setting lotion
hold your hair in deep devotion
Deep as the deep Atlantic Ocean
that’s how deep is my devotion


  Eu fiquei analisando a folha amassada por um bom tempo.

  Arabella. Não, eu não iria esquecer esse nome.

***

Queria agradecer os comentários do capítulo anterior, muito obrigada mesmo meninas <3 Beijos - Sky

4 comentários:

  1. Adoro como você encaixa todas as musicas do AM na história. Arabella escreve??? Até eu fiquei curiosa para saber o conteúdo do caderninho. O Alex está ficando doido com essa garota. Não demora, Sky. Beijos

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  2. É até engraçado ver essa confusão que é a cabeça do Alex. Bella poderia não ser tão grossa quanto foi, já que o Al, por incrível que pareça, estava ali numa boa. Haha. Essa fanfic é cheia de mistérios, amo isso. Espero que continue logo haha

    beijo, anne

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  3. Adorei essa fic,muito bem escrita e tem uma história inovadora,não é o 'arroz e feijão' de sempre hahaha
    bjs

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  4. "ou se era a lembrança dela que me perseguia" Seria essa Alexa?!?!?
    " Como você quiser. Só me faz o favor de não se meter em encrenca, Alex. Não como da última vez, ta legal?
    - Eu não vou brigar com ninguém, Helders. Fica tranquilo." Como assim, Alex brigou?!?! :o
    E pelo jeito você vai explicar razões pra todas as músicas do AM?!?!
    Alex acha Arabella interessante, hm... Ele também é bem interessante, vejamos no que isso vai dar.
    Socorro, poste logo o próximo capítulo!
    Amor, Bia ♥

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