NO. 1 Party Anthem - Capítulo 01, Hallucinations.

Já não fazia ideia da quantidade de horas que eu estava naquele bar e a quantidade de cerveja que havia tomado. Na vitrola tocava algum greatest hits do Led Zeppelin, e eu tamborilava os dedos no balcão e cantava Rock And Roll em um tom quase inaudível.

Alguns homens jogavam sinuca e poker, enquanto uma boa parte das mulheres enchiam a cara e davam risada de alguma coisa que só pra elas parecia ser engraçada. O cheiro de fritura que vinha da cozinha já estava me dando nauseas, assim como aquele casal de pegação no sofá vermelho. 

Do lado de fora caía um temporal fazendo com que junto a temperatura caísse também. Carros de polícia passavam de um lado para outro fazendo um barulho irritante, mas aquilo já se tornara normal em subúrbio de Manchester, Tennessee.
Era pra estar no meu quarto, que fica à alguns quarteirões, finalizando um trabalho sobre festival Bonnaroo que acontecerá no fim de semana, mas ao invés disso, estava sentada com um bando de bebuns afundando minhas mágoas em um garrafa de Budweiser, pois meu namorado rompera comigo.

Bryan era um cara legal, bonito, inteligente, respeitava meus gostos e as pessoas que eu amava. Começamos a namorar quando tinhámos em torno de uns quinze anos, mas quando decidi estudar jornalismo, as coisas começaram a mudar. Nosso namoro foi se desgastando devido a minha rotina de viagens e de eu ter ido em Londres, enquanto ele ficava me esperando, feito um otário – como ele dizia –, no Brasil. Só nos viámos três vezes ao mês.
E eu não fazia ideia como tudo isso havia durado três anos. Acho que estávamos acostumados com essa bagunça chamada "nossa vida à dois". E claro que, apesar de tudo, eu ainda sentia algo por ele. Não era mais amor, mas ainda tinha um apego enorme. Só que as coisas já não eram mais as mesmas.

Por um lado esse término me deixara aliviada, e por outro, entristecida.

O disco havia trocado, era um dos meus prediletos: "Darklands".
Um cara , beirando seus trinta anos, tentou me tirar para dançar, mas recusei. Me sentia exausta, me sentia acabada. Meu corpo implorava pela minha cama. Cogitei ir embora, mas meu celular vibrou. Era Rachel, minha melhor amiga e colega de trabalho, também, minha salvação. Nos conhecemos ainda quando fazíamos estágio em uma rádio de São Paulo. Cuidávamos da divulgação na internet, e assim que surgiu a opurtunidade de sermos comunicadoras, um canal de Londres nos contratou para cobrirmos festivais e ir morar lá. E a minha “novela” com Bryan começou a partir daí.

— Aly, acabei de chegar, meu voo acabou atrasando. Estou aqui na frente do hotel, cadê você?
— Em um barzinho.
— Você está bebada?
— Nem um pouco.
Senti minha língua ficar dormente e as palavras saírem emboladas. Talvez, eu estivesse sim.
— Se negou, é por que está. O que aconteceu?
Meu namoro acabou.
Por um tempo ficamos em silêncio, como se conseguisse passar tudo o que estava sentindo por uma espécie de telepatia.
— Conversaremos assim que estiver aqui. Não demore! Temos que terminar a reportagem ainda nessa madrugada para entregar à Robert pela manhã.
— Ok. Ok. Já estou à caminho.

Tentei levantar, e se não fosse um barbudo com jeitão de viking me segurar pelo braço, teria me espatifado no chão. Mas o filho da mãe se aproveitou da situação pra passar a mão na minha coxa. Foi tudo tão rápido, que quando percebi, já havia jogado uma caneca de cerveja na cara do mesmo, que se levantara bufando. Por um momento achei que partiria para cima de mim, e senti meu corpo tremer. Porém, ele se direcionou ao banheiro.

Ouvi uma risada, que em seguida foi acompanhada por outras três diferentes. Virei-me, ao mesmo tempo que pegava minha bolsa.
Talvez eu estivesse puta da cara de mais. Talvez eu estivesse ficando louca, ou meu nível alcóolico estava alterado junto com o meu sentimental. Talvez eu estivesse vendo coisas aonde não tinha. Talvez já estivesse na minha hora de ir.
Ali estava. olhando fixamente para mim, com uma feição marota, seu cabelo completamente penteado à la Elvis Presley no auge da sua juventude e o maldito cigarro entre os dedos.
Senti como se tudo estivesse girando, a música já estava confusa e meu celular ainda continuava a vibrar. Minhas pernas já estavam bambas, o tato fraco.
Comecei a dar risada de mim mesma. Aquilo só podia ser alucinação. E a minha mente já não sabia mais o que era sanidade.
Fiz o possível para me desvirtuar e ir pagar minha comanda, mas antes que me levantasse o barman veio em minha direção com uma bebida em mãos.
— Senhorita!
Ele colocou uma taça de Margarita em minha frente.
— Desculpe, mas eu não pedi nada.
Se eu tomasse um único gole daquilo com certeza caíria dura no mesmo momento.
— Um cliente fez questão de pagar um drink à você.
Ergui as sobrancelhas um pouco surpresa.
— Agradeça-o, mas não costumo aceitar bebidas de estranhos. E-e eu preciso ir.
E fui, mesmo um pouco cambaleante.

#

Essa garota, mora aqui por perto?
Ele perguntou ao barman, enquanto ela saía um pouco desengonçada mas ainda extremamente sexy pela porta do pub.
Acho que ela não é do país, mas está hospedada no hotelzinho da esquina faz, mais ou menos, duas semanas. Está sempre escrevendo coisas em um caderninho, que não faço ideia do que seja. Só bebe cerveja, e gosta de comer chips. Sempre pede para colocarmos Jesus and Mary Chain, ou, o Unknown Pleasures do Joy Division. Inclusive, hoje ela chegou chorando um pouco.
Você comeu ela?
Perguntou rindo, e ao mesmo tempo, com medo da resposta. Como um barman tão esquisitão, que fedia a fritura, poderia transar com uma garota como aquela?
Não! Alyssa quase não fala, a não ser pra pedir música ou bebida. Só sei o nome porque vi no cartão de crédito dela.
Alyssa, Aly... Ele sorriu. Ele gostara daquele nome. Ele gostara daquele par de pernas e peitos não tão grandes, mas perfeitos. Ele gostara daquele olhar perdido, de quem vivia em outro mundo. Aquele rosto angelical, mas nem tão santo assim.
Como você sabe tanto sobre essa Alyssa?
Por um momento sentiu-se um tolo por estar tão curioso sobre aquela garota,  que apenas trocou alguns olhares e que recusara a sua bebida.
Ela vem quase todos os dias aqui. 

Virou-se sorrindo para seus companheiros de banda, e eles já haviam entendido tudo.

Oh, Aly...

n/a: Um pouquinho atrasado, mas está aí! Particularmente, acho que sempre os meus primeiro capítulos não ficam muito do jeitinho que quero. E ele ficou um pouco curto, mas se eu escrevesse mais perderia um pouco da graça/suspense. :/ E se conter alguns errinhos de ortografia me perdoem não deu tempo de pedir pra Ana revisar.
Muito, muito obrigada pelo apoio e os comentários da sinopse, viu?
Espero que gostem, e digam realmente o que acharam. Ok? Ok. <3

9 comentários:

  1. Nic, que capítulo lindo e bem escrito! Amei a maneira em como se preocupou em descrever tudo, sem deixar de fora um detalhe sequer. Mais uma vez, a escrita está linda. Nem parece que é sua primeira fic (sozinha). A cena se fez perfeita em minha cabeça... ao mesmo tempo que desfrutei de um momento "sendo" a Aly, por outro lado, vi tudo claramente. Quão sutil o interesse, de ambos os lados, mal acreditei no Alex colhendo informações e cortejando a Alyssa com Margueritas hehehe que fofura. Pode ficar despreocupada, tenho certeza que todas vão amar a fic. Beijos, to curiosíssima.

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  2. Eu estava super ansiosa pra esse capítulo e tenho que dizer que ele não me decepcionou!
    Apesar de ser breve, mostrou qual o pano de fundo dessa estória vai ser... Imagino o quão louca de felicidade e incrédula a Alyssa vai ficar quando descobrir que o Alex está "seguindo-a".
    Eu gostei bastante de eles não terem se falado de primeira, porque acho que a Alyssa ia dar uma pirada louca (não sei, posso estar errada) e pela sinopse, ela vai tentar ser discreta.
    Além do mais, amei isso de você se inspirar em No. 1 Party Anthem, que é uma das minhas músicas favoritas do AM (banda e álbum).
    Aguardo ansiosamente pelo próximo capítulo!
    Amor, Bia ♥

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  3. Ah, Nic! Eu sabia que não iria me decepcionar. Eu realmente adorei. Aly vai ser daquelas personagens que vamos nos identificar tanto que chegará a doer. E Alex.. alex... Sempre essa mente nebulosa hahhaa.
    Tua escrita é linda e explore-a da maneira que achar melhor. Parabéns!!!

    xx anne

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  4. Nic, eu a-d-o-r-e-i. Como em um capítulo tão breve você já consegue me deixar tão extasiada? Esperando ansiosíssima pelo próximo capítulo!

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  5. É engraçado, mas tem fics que simplesmente falam comigo. Eu leio o primeiro capítulo e não tenho grandes interesses e há aquelas que eu leio e fico me perguntando porque eu não deixei pra ler só quando já tivesse mais capitulos, porque esperar parece agoniante demais. Enfim, Nic, o que eu quis dizer é que eu adorei tua escrita. Eu senti que a Alyssa estava contando uma história e eu era uma observadora da situação. Foi despretensioso e gostoso de ler. Fora que essa vai ser a primeira fanfic que nós temos algo em comum pela protagonista: o amor por um certo topetudo irritante.
    Queria muito que cê postasse os outros capítulos tipo AGORA, ahahaha, mas eu aguento esperar quando a parada é boa. :)

    Beijos

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  6. niiic,ta lindaa,amei,bjks <33

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  7. To encantada, essa fic vai ser um sucesso! Beijos

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  8. Nic,
    eu me apaixonei por este primeiro capítulo, e duvido que mude a minha opinião sobre esta fic.
    Preciso confessar que senti ciúmes ao saber que ela tinha o nome da minha música favorita do AM. Eu sei que pode parecer idiota, mas de verdade, eu me sinto tocando o céu quando a ouço. Sendo este céu, o peito nu do Alex em meio aos meus lençóis... Mas saindo dos meus devaneios idiotas (não tão idiotas quanto o amor que tenho por este cara), eu resolvi ler logo por duvidar de que ela fosse ruim, já que era você que escrevia. E posso dizer que fiquei satisfeita e hipnotizada. Não vejo a hora de você postar porque o enredo foi tão diferente, espontâneo e sei lá... Misterioso. O melhor de tudo é que ainda poderemos nos conectar muito com a Aly, já que ela é uma fã. Tem coisa mais incrível que isso?
    Eu quero mais, preciso de mais.

    Sua fic fez uma sensação voltar em mim, que é a daquela ansiedade, daquele comichão na cabeça sabe? Desde o prólogo, maravilhoso, eu não consegui tirar ela da cabeça.
    Não demore muito, acho que os prós pesaram e você precisa continuar esta história.

    Beijos grandes, Débs

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  9. Bom estou relendo esse capítulo, na realidade vou reler os dois, pois eu amoooo essa fic. Ela me fez ouvir no. 1 party anthem de outra maneira, foi como redescobrir uma parte do AM. Só estou decepcionada pois esta demorando muito para ter um capítulo novo, espero mesmo que nao tenha que esperara mais. XOXOX

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