BE CRUEL TO ME 07: MADNESS


“- Alexander?
- Sim?
- O que nós somos?”.

  Era tudo o que eu conseguia pensar nos últimos dias. Agora estou aqui, deitado no tapete da minha sala bebendo e pensando nisso novamente. Eliza gosta de tapetes. Que porra estava acontecendo com a minha cabeça? Não posso ter me deixado levar. Esse tipo de coisa não acontece comigo. Quem era aquele cara com ela na boate? Por que ela estava ali? Não é coisa da Eliza, uma pessoa sensível como ela não se enfia em lugares como aquele muito menos com caras como aquele. Naquela noite tratei de arrumar algum entretenimento, mas nem na hora do sexo ela saiu de minha visão. Ficava imaginando o que ela estaria fazendo com aquele babaca. E o pior, por que aquilo estava me incomodando tanto. Eu tenho namorada, ótima por sinal. Sei que as probabilidades de nós ficarmos juntos são mínimas, porém não gostava de ver Elizabeth com outra pessoa.  Sentia-me como se ela fosse a minha intocável.
  No dia que estávamos no estúdio, muitas coisas passaram pela minha mente. Por um instante, pensei que queria ficar abraçado a ela. Felizmente, me dei conta da merda que estava pensando a tempo. Não posso negar, me sinto diferente quando estou ao lado dela. Não tenho a sensação de que preciso ficar a impressionando, simplesmente as coisas fluem. Mas é só eu virar as costas que me arrependo e o velho Alex volta. Não consigo evitar isso. É como se fossem duas personalidades. Será que eu sofro de dupla personalidade? Mas, isso só acontece quando estou com ela. What the fuck happened with your mind, Turner? Essa é uma pergunta que não sou capaz de responder.
  O som de alguém batendo na porta me fez desviar a atenção de meus pensamentos.
  - Entre.
  - Que porra você está fazendo? – era Helders.
  - Botando meus pensamentos no lugar, se não eu fico louco.
  - É ela não é?
  - Ela o que?
  - A Fordie. Você vai acabar em um hospício, cara.
  - De que merda você está falando? – disse enquanto me sentava.
  - Sério? Há quantos anos nós nos conhecemos, Alex? A última vez que vi você assim foi quando a Al...
  - Ta bom, eu entendi.
  - Então conta ai o que aconteceu.
  Ele se sentou no sofá com uma garrafa de cerveja que nem o vi pegando.
  - Eu não sei.
  - Como não sabe?
  - Eu não sei. Eu penso em um milhão de coisas e ao mesmo tempo não penso em nada. Mas ela sempre está lá, rondando o limbo do meu cérebro. E eu não sei o que fazer. Isso é uma droga, completamente ridículo.
  Matt deu uma risadinha abafada.
  - Que porra, Helders. Se for pra isso que você veio aqui pode dar meia volta.
  - Calma, calma. É só que você parece um garoto de dezesseis anos falando – disse rindo.
 - Fuck off – falei jogando a almofada que estava ao meu lado na cara dele.
  - Não, não, sério agora. Meu caro e querido amigo Alex – ele botou a mão em meu ombro – sinto lhe informar, devido as minhas experiências devo dizer que você está caidinho por Eliza Fordie.
  - Você está louco.
  - Você é que está.
  - Eu não estou “caidinho” por ela, eu só quero comer ela.
  Levantei-me e fui até a sacada. Aquilo não era verdade.
  - Fala isso para o seu coração, garanhão! – ele falou vindo até mim – E a Arielle?
  - O que tem ela?
  - O que tem ela? Seu idiota, ela é sua namorada.
  - Não acho que devo me preocupar com isso agora.
  Matt suspirou.
  - E aí, quer sair para almoçar? Eu estou morrendo de fome.
  Demorei um pouco para responder, ainda estava tentando processar as informações.
  - Tudo bem.

...

  - Nós vamos almoçar aqui?
  Era o mesmo restaurante em que eu havia levado Eliza.
  - Achei que você gostasse daqui.
 Balancei a cabeça, o que isso importaria? A alma dela não assombrava o lugar.
  - É, tem razão.
  Entramos no lugar e o maitre logo nos atendeu.
  - Bom dia senhor Turner, senhor Helders .– acenou com a cabeça – No que posso ajuda-lós?
  - A mesa de sempre, por favor.
  - Perdoe-me, mas a mesa já está ocupada.
  Arqueei a sobrancelha.
  - Mas eu sempre uso essa mesa.
  - Sim, evidente senhor Turner. Porém, a mesa foi reservada com antecedência.
  - Posso saber quem foi?
  - Senhorita Hastings, mesa para três.
  Bufei. Eu sempre sentei naquela mesa.
  - Ta legal, é... A mesa da janela está livre?
  - Sim, senhor. Sigam-me, por favor.
  Acomodamos-nos e o maitre deixou o cardápio conosco.  Virei o rosto para ver quem havia sentando em minha mesa.
  - Aquela não é Lia? – me espantei.
  - Lia? Que Lia?
  - A amiga da Fordie. É claro, Hastings. Lia Hastings, foi como se apresentou no telefone quando liguei para pedir o nome na lista da festa de lançamento do livro de Eliza.
  - Do que você está falando, cara? – ele parecia confuso.
  - Lia Hastings, a melhor amiga da Fordie está no meu restaurante preferido, sentada na minha mesa preferida com mais duas pessoas.
  Não conseguia ver quem a acompanhava, pois a fonte que ficava no centro limitava minha visão.
  - Você acha que a Eliza está com ela?
  - Acho. É muita coincidência, ela havia me dito o quanto gostou desse lugar. Agora, quem está com elas?
Helders franziu a testa e voltou a olhar o cardápio.
  - Deve ser alguma amiga, sei lá.
  De repente, Lia me viu encarando sua mesa. Ela arregalou os olhos e voltou a olhar para frente, parecia nervosa.
  - Merda.
  - O que foi agora?
  - Ela me viu.
  - Fordie?
  - Não, Lia.
  - E o que você acha que ela vai fazer? Levantar e ir embora carregando a amiga?
  - Eu vou até lá.
  Matt bateu com o cardápio na minha cabeça.
  - Você ficou maluco? Você não vai fazer isso.
 Era tarde demais porque eu já havia me levantado. Estava me aproximando cada vez mais quando Lia me viu, resmungou alguma coisa e levantou-se. Ela vinha até mim. Ela me puxou pelo braço com mais força que eu imaginava e me empurrou de volta na minha cadeira.
  - O que você pensa que está fazendo? – ela usava um tom baixo, mas a raiva era clara.
  - O que você pensa que está fazendo?
  - Impedindo que você acabe com o dia da Eliza. Você não acha que já brincou muito com ela?
  - Não como eu queria.
  Ela rolou os olhos.
  - Você não presta, Turner. Ela merece coisa muito melhor. Deixe-a em paz.
  - Isso não é você que decide.
  - Ela também já decidiu. Se eu fosse você, cairia fora o mais rápido que pudesse. Você não gosta dela, se gostasse não teria feito o que fez. Já não basta tudo o que ela passou, você sabe o quanto ela é frágil. Você chega, finge que se importa e depois some por DOIS DIAS – ela aumentou a voz no final da frase, porém, logo se recompôs.
  - Não é bem assim. Você não pode sair falando coisas que não sabe. Eu preciso falar com ela.
  - Ela não quer falar com você nunca mais.
  - Lia, eu preciso falar com ela. Não pediria isso se não fosse importante.
  Ela botou as mãos na cintura.
  - Pra que? Pra iludir ela?
  - É claro que não. Eu quero conversar com ela.
  Lia suspirou e passou a mão pela testa.
  - Tudo bem. Mas se eu souber que você a magoou eu juro pela Rainha que você vai pagar pelo que fez.  
  A ênfase que ela colocou na frase me fez engolir seco.
  - Eu ligo pra você, vou dar um jeito.
  Ela se virou e voltou a sua mesa.
  Helders me olhava de boca aberta.
  - Mas que droga acabou de acontecer aqui?
  Eu sorri ironicamente.
  - Vou lá fora fumar.
  Estava no meu segundo cigarro quando ela saiu pela porta da frente junto com Lia e...
  - Não pode ser.
  Era o mesmo cara que estava com ela na noite anterior. Eliza ria de algo que o cara contava. Eliza estava tão linda. Acho que eu sempre penso isso toda vez que eu a vejo. Que droga, eu vou ficar parado? Vê-la ir com aquele idiota?
  - Eliza! Ei, espere!
  Ela se virou para trás, de repente os três estavam olhando pra mim.
  - Hahaha, Alex. – Lia veio e me deu um abraço - O que você está fazendo? Achei que tínhamos um acordo – disse sussurrando no meu ouvindo.
  - Eu só quero dar um “oi”.
  Ela me soltou.
  - É, quanto tempo – ela disfarçou.
  Eliza só ficou me olhando com cara de desprezo.
  - Eu só queria saber como você está – falei me dirigindo a ela.
  - Estou bem, obrigada. Ah, esse é o Dave.
  - Prazer – ele me estendeu a mão.
  Eu o ignorei.
  - Legal, eu estou bem também.
  Eles me olharam como se eu fosse um retardado.
  - Eu tenho que voltar pra lá. Então, tchau.
  Por que diabos eu fui falar com ela, mesmo?

...

Encontre-me na frente do prédio de Liz daqui a meia hora”.
 
  Lia me mandou a mensagem a quarenta minutos atrás, eu estava lá e não havia sinal dela. Então, vi a porta da frente se abrindo, ela era.
  - Você está atrasada.
  - Eu tive que enrolar um pouco. Eu falei pra ela que eu iria à cafeteria, você tem vinte minutos.
  - Não da para demorar um pouco mais?
  - Olha só, eu nem queria fazer isso. Eu vou deixar a porta destrancada para você. Seja rápido.
 
  Entrei e parei no corredor vazio. Ela estava a poucos passos de mim. O que eu iria falar? Não tinha pensado nisso.
  - Merda! – exclamei.
  - Lia é você? – a voz vinha do andar de cima.
  Subi as escadas o mais cuidadosamente possível. Eliza estava sentada na cama escrevendo em uma caderneta.
  - Hi – minha voz era falha.
  Ela me olhou confusa.
  - Como você entrou aqui?
  - Lia me ajudou nisso.
  - Eu não acredito, por que você está aqui?
  Eu me sentei no pé da cama.
  - Eu preciso falar com você.
  - Não temos nada para falar.
  - Você pode não ter, mas eu tenho.
  Ela fechou o pequeno caderno e franziu a testa.
  - Tudo bem, fale.
  Eu passei as mãos pelo lençol da cama, contei até dez, respirei e inspirei.
  - Eu não quero que você fique com o tal de Dave.
  Eliza não falou nada, só ficou me encarando.
  - Não vai dizer nada?
  - O que você quer que eu diga? Algo do tipo “Sim, claro querido Alex. Seguirei sua ordem obedientemente já que pelo visto, você agora manda na minha vida”?
  - Elizabeth, não complique as coisas.
  - Você que complica tudo. Eu não ligo, não sei por que você ainda insisti em vir aqui. Eu nunca deixei de olhar para frente e agora você pensa que eu vou sentar e esperar por você? Por favor.
  - Você transou com ele, Eliza?
  Ela ficou de boca aberta.
  - O que? Desde quando isso é da sua conta?
  - Quer dizer que sim, então.
  - Dave é uma pessoa muito legal. Ele não me vê como um pedaço de carne.
  - Eu não vejo você como um pedaço de carne.
  - Ah, não? Então porque quando viu que não iria conseguir o que queria pulou fora?
  - Eu não pulei fora! Eu precisava de um tempo.
  - Me poupe, Turner.
  Ela se levantou e foi em direção ao banheiro.
  - Lembra daquele dia, que você correu para se esconder atrás de uma estante? Você fechou os olhos e quando perguntei por que você estava fazendo aquilo, você me disse que era para botar seus pensamentos no lugar. Disse que era só fechar os olhos que “os pensamentos voltariam o curso normal do rio da mente”. Bem, eu tenho um longo rio em minha cabeça, um longo e confuso rio.
  Houve um longo silêncio. Ela saiu e se se encostou à soleira da porta.
  - Eliza, - disse indo até ela – eu sei que eu não sou o que você idealizou para si. Mas, eu não podia continuar guardando tudo isso dentro de mim.
  Elizabeth me olhou nos olhos.
  - Como eu vou saber que posso confiar em você? Depois de ter se mostrado tão instável e imprevisível.
  - Não pode. Por isso você tem que antes de tudo, confiar em si.
  Ela fechou os olhos, exatamente como fez naquele dia.
  - Eu preciso de um tempo – falou depois de uns minutos.
  Passei meu dedo por seu lábio inferior e relutando, a deixei com o seu tempo.

...

  Quando o elevador se abriu em meu andar, senti uma mistura de alívio e nervosismo. Tudo o que eu queria era tomar um longo banho, beber e dormir. Peguei a chave para abrir a porta, porém ela estava entreaberta. Adentrei o apartamento, e me deparei com velas e inúmeras pétalas de rosas no chão que faziam caminho até meu quarto. No mesmo, em minha cama Arielle se encontrava completamente nua e com um sorriso safado nos lábios.
  - Surpresa!

***


N/A: Oi olá, e ai. Aqui está o POV Alex que eu havia dito, espero que tenha esclarecido algumas coisas. Bem, esse capítulo foi um pouco meloso, né? Quer dizer, um Alex todo sentimental. Eu estou muito chorosa ultimamente e enfim, foi sentimental. O que eu posso dizer é que um grande problemão vem por ai e muitas emoções, então se preparem. Vai ter mais Dave (gato) Brouke e para alegria da Déb, eu tenho um look Taylor Swift aqui para uma ocasião especial!! Obrigada pelos comentários do capítulo anterior, eu sorri muito lendo eles. Vocês são uns amores, beijos

5 comentários:

  1. Mas o Alex sentimental é o meu preferidoooooo! Adoro quando ele perde a pose de machão dele.
    Awn, Alex, meu bem, vc não vai fazer mais besteira não, vai? D:

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  2. Mrs. Helders30/07/2013, 19:55

    Tem mais é que sofrer mesmo u.u -n
    Meu capitulo preferido até aqui, gosto do Dave, pois é ele que faz Alex saber que a Eliza não é posse dele e que ele nao é o único querendo conquistador o coração dela.
    Amei essa atualização e aguardo ansiosamente a próxima, xx.

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  3. Mrs. Helders30/07/2013, 20:00

    Ps: amo a Lia! Ela me lembra muito a minha melhor amiga com essa coisa de "você quebra o coração dela, que eu quebro a sua cara" haha

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  4. ahhhh mas é muitolindo o alex sentimental *--*
    e eu amo o fato de vc postar tds os dias , isso alegra muito os meus dias ,pode ter certeza disso!!
    to vendo q a arielle ja começa a faze merda nehh , mas o q é uma fic sem uma intriga ?!
    BJBJBJ
    até amanha?!

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  5. ''Sentia-me como se ela fosse a minha intocável.'' MINHA, MINHA, MINHA.

    Ai, Turner. Você me deixa mais confusa que a Eliza.
    Estou sem criatividade pra fazer um comentário bom ok? Mas adorei o capítulo e achei genial o Turner usar as palavras que a Liz mesmo usou.

    Bj bj, ansiosa hahahahah.

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