BE CRUEL TO ME 05: WHO'S THAT B*TCH?

Eu não estava com Alexander. Com certeza, não. Mas isso não significa que eu não possa dar uma chance para ele, afinal, ele se mostrou ser uma pessoa bem diferente do que eu pensava.
Lia estava a minha espera sentada no sofá vendo algum programa de moda.
  - Achei que você tinha sido sequestrada, mas pelo seu sorriso o sequestrador era um gato.
  Ri alto e ela me acompanhou.
  - Me diz o que aconteceu, garota! Eu quero essa felicidade também.
  Eu corri até o aparelho de som e coloquei no último volume Fake Tales of San Francisco, peguei Lia pela mão e comecei a cantar e pular com ela.
  - FAKE TALES OF SAN FRACISCO ECHO THROUGH THE ROOM. MORE POINT TO A WEDDING DISCO WITHOUT A BRIDE OR GROOM!
  - ELIZA DO CÉU ME FALA O QUE ACONTECEU!
  - SÓ SE VOCÊ CANTAR COMIGO – disse rindo – VAI, I DON’T WANT TO HEAR YOU...
  - KICK ME OUT, KICK ME OUT.
  - I DON’T WANT TO HEAR YOU NO…
  - KICK ME OUT, KICK ME OUT E AGORA ME CONTA O QUE ACONTECEU!
  - Tudo bem, você venceu – falei abaixando o volume.
  Ela se sentou novamente e eu simplesmente não consegui ficar parada.
  - Primeiramente você tem que parar de ficar andando pra lá e pra cá feito uma barata tonta.
  Eu me ajoelhei na frente dela.
  - Lia, Lia, Lia.
  - Eu mesma.
  - Alexander veio até aqui, e...
  - Aconteceu o que eu estou pensando porque se foi eu não sei como você está viva.
  Eu dei um tapa na perna dela.
  - Vai me deixar terminar? Obrigada. Não, provavelmente não é o que você está pensando porque você só pensa coisa errada. Você sabe que dia é hoje, e que sempre é difícil. Ele apareceu aqui, eu contei pra ele o que aconteceu e então, ele me abraçou. Eu acho que me senti segura naquele momento, mas uma onda de medo me invadiu. Medo de me decepcionar de novo. Eu falei para ele ir embora, mas ele não foi. Eu não sei direito o que aconteceu depois, mas, ele me beijou.
  Lia abriu a boca em forma de ‘o’.
  - O que aconteceu depois?
  - Nós fomos dar um passeio e ele comprou algodão-doce! – ri – Então, ele teve que ir embora, acho que foi algo da banda. Mas acontece que foi uma tarde surpreendentemente agradável. 
  - Que coisa mais – os olhos de Lia encheram de lágrimas – fofa!
  - Você está chorando?
  - Eu estou tão feliz por você, Liz. Ver você se envolvendo com alguém depois de tanto tempo – ela me deu um abraço desajeitado – Eu amo muito você, ok?
  - Calma, só foi uma tarde. Eu não sei se isso vai pra frente.
  - Claro que vai! Você acha mesmo que ele faria tudo isso se não estivesse interessado?
  - Não sei, mas agora você está me esmagando e eu não consigo respirar direito.
  Lia deu uma risada e me soltou.
  - Se ele fazer algo que te magoe, eu vou chutar aquela bunda magra dele e joga-lo nos anéis de Saturno.

POV Alex

  Mal abri a porta do apartamento e fui acertado por algo que jogaram em minha cara.
  - WHO’S THAT BITCH, ALEX? – era Arielle, furiosa.
  Percebi que o objeto que jogara em mim era uma revista. Uma foto minha e de Eliza saindo do restaurante estava estampada na capa e abaixo, o título com letras grandes e brancas dizia “Fordie & Turner: O casal do ano”.
 - Você está com ela agora por um acaso? Está, Alex?
  Eu me aproximei dela e levei minha mão em seu rosto que a mesma foi tirada brutalmente com suas unhas grandes.
 - Arielle, meu amor... 
- RESPONDA A PERGUNTA!
 - É claro que não.
- Então me responda uma coisa: Por que está em todos os sites e todas as revistas que você está namorando com essa daí? Hein?
 - Eu mal a conheço, não faço ideia porque estão falando isso.
  Arielle deu uma gargalhada irônica.
  - Então, querido, POR QUE VOCÊ FOI A DROGA DE UM LANÇAMENTO DE UMA DROGA DE LIVRO DELA? POR QUE VOCÊ FOI AO UM JANTAR ROMÂNTICO COM ELA? 
  - Foi só uma brincadeira minha e dos outros. Foi uma aposta. Só isso.
  Ela abaixou a guarda.
  - Uma aposta?
  - É. Eles duvidaram que ela aceitasse jantar comigo. Não foi tão difícil assim.
  Arielle ficou quieta. Logo soube que tinha controlado a fera.
  - Você tem certeza? Foi só isso? Não minta pra mim, Alex.
  - Eu nunca mentiria pra você.
   Aproximei-me sorrateiramente beijando seu pescoço, pude sentir sua pele arrepiar.
  - Eu estava com saudades de você. – colei seu corpo no meu – Como foi em Nova York?
  - Um saco, logo eu tenho que ir para L.A. Não vou poder ficar aqui – disse colocando suas mãos em minha nuca.
  - Sendo assim, vamos aproveitar enquanto há tempo – a beijei intensamente passando as mãos por baixo de sua blusa. O que não consegui com Eliza, sem dúvidas com Arielle não teria problema.

  Minha namorada podia ser ciumenta e ter uns ataques ás vezes, mas quando estava na cama eu não tinha do que reclamar. Ela dormia nua e pude ver suas formas através do lençol fino. Estava admirando seu corpo e então, o rosto de Elizabeth me veio à mente.  Eu não estava interessado nela, desde o começo sabia qual era o propósito de tudo aquilo. Mas teve momentos em que me esqueci completamente da aposta. Eu sei que isso é loucura, eu não posso usar alguém que passou por tanta desgraça. Já me sentia culpado antes dela ter me falado tudo aquilo, no jantar, me senti culpado por saber que poderia magoar alguém tão inocente e doce como ela. Aquele soneto de William Shakespeare. Parecia algo que ela me diria após descobrir tudo, parecia que ela sabia que eu iria a machucar. Eu não podia levar aquilo adiante. Ainda tinha Arielle, eu não suportaria outro ataque de ciúmes da parte dela. Não posso fazer Eliza se apaixonar por mim e depois que conseguir o que eu quero simplesmente ir embora. Ela é uma boa pessoa e não merece passar por isso de novo. Eu tinha que acabar com tudo aquilo.
  Peguei meu celular e liguei para Jamie.
 - Eu preciso falar com você, me encontre no St Stephen’s Tavern daqui a uns vinte minutos.

  Cook já estava bebendo encostado no balcão quando cheguei ao pub.
  - Uma cerveja, por favor – falei para garçonete.
  - Turner, disse que queria falar comigo. Vou ter que descolar cem libras ou? 
  A mulher voltou com a bebida. Eu dei um gole e acendi um cigarro.
  - Eu quero cancelar a aposta – disse depois de uma tragada.
  Jamie abriu um sorriso de orelha a orelha.
  - Vai desistir tão fácil assim, Alex?
  - Não é isso. Não da pra fazer isso, a Eliza. Eu não posso magoar ela.
  Ele deu um longo gole na cerveja e sorriu.
  - Criou sentimentos por ela, foi?
  - É óbvio que não, Cook. A vida já foi muito cruel com ela, se ela resolver se apegar a mim e depois eu a deixar, não sei se irá suportar.
  Meu amigo começou a rir feito um condenado.
  - Ah qual é, Alex! Você não é tudo aquilo.
  - Você não entende, merda.
  - Talvez. Eu não sei o que Eliza passou, mas pelo visto ela está muito bem agora. Todos superam um dia, meu caro. Se você quer desistir, tudo bem. Mas pare de inventar coisa e admita que ela não quer você.
  - Ai que você se engana.
  - Really? Não é o que parece– falou com um sorriso debochado nos lábios.
  Eu tomei o resto da cerveja eu um só gole.
  - Te vejo depois, Cook – virei às costas para ir embora.
  - Ei, Alex. Desistir não é motivo para ter vergonha.
  Eu olhei por cima do ombro e dei um sorriso sarcástico.
  - Eu não disse que isso tinha acabado. 

  Tomar uma decisão estava se tornando mais difícil do que eu imaginava. Não podia fazer isso com Fordie, mas também não queria dar o gosto da vitória para Jamie. A verdade é que como ele havia dito, ela está muito bem agora. Não é possível que Eliza ainda seja uma garotinha de quinze anos esperando pelo príncipe encantado. Muito menos que ela nunca transe casualmente. Isso é completamente ridículo, uma mulher de vinte um anos querer amor em uma simples transa.  
  - Será que ela ainda é virgem? – questionei em voz alta quando parei no semáforo.
  Parecia bizarro, mas sim, era uma possibilidade.

  Pelas forças do Universo, Arielle ainda dormia. Deite-me ao seu lado e ela rolou para perto de mim.
  - Ei, você está acordado – falou beijando meu colo.
  - Só fui ao banheiro.
  Ela passava as unhas pelo meu braço fazendo-me arrepiar.
  - Me leva até o aeroporto amanhã?
  Suspirei. 
- Yeah.
 
  Ela voltou a dormir enroscada em mim. Desejei que ela ficasse calma daquele jeito para sempre porque eu havia tomado a minha decisão. Eu irei continuar com a aposta.

POV Eliza

  Acordei com o barulho do maldito celular tocando. Olhei para o relógio digital na cabeceira. Sete e meia da manhã.
  - Onde eu coloquei a droga do celular? Quem é o sonâmbulo me acordando a essa hora?
  Achei o aparelho no chão ao lado da cama. Apertei um pouco os olhos para conseguir ler as palavras na tela: “Alexander’s Calling”.
  - Alô? – falei com a voz um pouco rouca.
  - Eliza, está tudo bem?
  - Se para você “bem” é acordar sete e meia em uma manhã fria como essa... Yes, I’m fine.
  Houve um ruído no outro lado da linha, creio que fora uma risada mas não tive certeza, pois um barulho absurdo me impedia de ouvir claramente.
  - Que barulho é esse? – perguntei – Isso foi um avião decolando?
  - O que?
  - Você está em um aeroporto?
  - Não, só foi um ônibus passando. Está me ouvindo melhor agora?
  - Sim.
  - Ótimo. Eu vou passar na cafeteria e levar nosso café da manhã até ai. Vejo você daqui a pouco.
  - Hã, ok. Tudo bem. Até logo.
  Desliguei o celular e dei um sorriso infantil.
  - Você deve estar completamente pirada, Eliza – falei para eu mesma ouvir.

POV Alex

  Estava muito frio em relação ao dia anterior. Toquei a campainha que estava praticamente congelada.
  - Qual é a senha? – Eliza disse do outro lado da porta.
  - Eu estou congelando, será que da para abrir a porta?
  - Senha incorreta.
  - Eliza... Ta. É...  – que diabos no mundo seria a senha? – Sei lá. Secret Door?
  Ela abriu a porta sorrindo.
  - Parabéns, senhor Turner.
  - Por que você está toda vestida? Imaginei que estaria me esperando de lingerie – brinquei fechando a porta logo atrás dela.
  - Cale-se! Não fale assim.
  Coloquei as coisas na mesa de centro da sala e a analisei.
  - Elizabeth, eu vou te ensinar algumas expressões. A primeira delas é uma muito útil, ao invés de você falar “cale-se” fale “shut the fuck up”.
  - Eu não gosto de palavrões e nem de grosserias – disse se sentando no chão.
  - Não gosta de grosserias? Então me explique o que foi que você fez naquele dia em que nos conhecemos – me sentei na frente dela.
  Ela franziu a testa e deu um sorriso de canto.
  - Não fui grossa, só fui sincera. Algumas pessoas confundem isso.
  Fiquei a olhando, Eliza tinha algo que prendia meus olhos como um imã. Ela me fazia querer desvendar seus pensamentos e toca-la lentamente sentindo cada centímetro de sua pele.
  - Não me olhe assim – falou me acordando do transe.
  - Assim como?
  - Desse jeito.
  Sem ao menos perceber, me vi a beijando prensando seu corpo contra o chão. Ela passava as mãos em meus cabelos delicadamente, seu hálito refrescante me fazia desejar nunca largar aquela boca. Ela sorria em meio aos nossos beijos, o que instantaneamente me fazia sorrir junto. Dei-me conta que se eu investisse naquele momento, ela não iria me negar. Mas então, vacilei. Não queria fazer aquilo agora, isso significaria concluir meu objetivo e então, não voltar a vê-la novamente. Não sei aonde foram parar meus pensamentos de “Isso é só uma aposta”. Eles simplesmente desapareceram.
  - Algum problema? – perguntou quando interrompi o beijo.
  - Eu preciso de um papel e uma caneta. Agora, rápido.
  Ela me olhou surpresa, mas logo percebeu o que queria. Levantou-se depressa e voltou rapidamente.
 - Aqui, pegue.
Sem demora, comecei a escrever os versos que apareceram em minha mente.
- Eu preciso ir ao estúdio.
 O desapontamento no rosto de Eliza ficou claro.
 - Sem problemas – a voz dela era falha.
 - Você não quer vir comigo?
  Um lindo sorriso se abriu.
 - Isso não o incomodaria?
 - No way.
 Ela passou as mãos pelo rosto e me olhou carinhosamente.
 - Vou pegar minha bolsa.
 
Arranquei o papel do caderno e reli o que eu havia escrito:

And I tried last night
To pack away the laugh
Like a key under the mat
But it's never seems to be there
When you want it
Black treacle”.

6 comentários:

  1. Awwwnn, Alex! Pára de ser competitivo e deixa o Jamie "ganhar" isso logo, você ainda sai no lucro com a linda da Eliza. *-*
    Adoooro a frequencia com a qual vc posta! Amo demais essa fic, terminei me apegando a ela muito mais rápido do que esperava. hahahahahahahaha

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  2. Ai ai, ele não reconhece mas já gosta dela. Os dois juntos são simplesmente perfeitos, aquela fala dele "Não queria fazer aquilo agora, isso significaria concluir meu objetivo e então, não voltar a vê-la novamente." foi de morrer, amei o capítulo.

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  3. esse capítulo foi maravilhoso! continue a escrever desse jeito pois você tem talento!!!

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  4. Meu deus Black treacle é a minha música favorita!!!!
    É bom ver que o Alex esta pensando nessas coisas, de não magoa-la e nada do tipo. Mas sempre a pressão dos amigos fodem tudo né? Ele devia desistir da aposta e mesmo assim continuar vendo ela, conhecendo-a e etc. Arielle tem que ser assim né, e eu acho o Al bem manipulador, só algumas palavrinhas e puft, consegue o que quer.

    Eliza está começando a se entregar para ele, acho uma coisa muito boa pra vida dela, porque veja bem, ela é uma pessoa sozinha (é a impressão que tenho) e que apesar de seu livro e seus fãs ela precisa de um cuidado especial, ela é frágil, sofreu muito na vida. Alex deu esse conforto a ela no capitulo anterior e qualquer ser humano deprimido/solitário/carente se apega com esse tipo de carinho, falo por experiência própria.

    Do mais, eu espero mesmo que o Al não a machuca, meu deus, essa personagem me inspira muito e eu adoro ela. Capaz de eu mata-lo quando a magoar, porque inevitavelmente alguém sairá machucado. :~~

    Enfim, ansiosa pro próximo e como sei que tu és rapidinha, espero que poste logo. bj bj

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  5. MUUUUUUUUITO OBRIGADA MESMO, MENINAS! Vocês estão sendo muito legais, e só me incentivam mais a continuar escrevendo! Obrigada obrigada obrigada ♥

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  6. Esse é aquele tipo de capítulo em que,se eu pudesse dava um chute no saco do Alex.
    #euri dessa personalidade estérica que vc deu pra Arielle (ninguém a coloca como uma pessoa tranquila, acho isso engraçado).
    Alex sendo um babaca e depois sendo fofo...como proceder, God? #Icant
    Capitulo maravilhoso, Bel *_*
    Xxxx.

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