BE CRUEL TO ME 04: ONLY ONES WHO KNOW

N/A: Já vou avisando que o capítulo é curto, mas que promete fortes emoções. E não se deixem levar porque isso é apenas o começo. Só pra deixar vocês um pouco ansiosas, o nome do próximo capítulo é "Who's That B*tch?". Beijinhos.

  Não preguei o olho durante a noite. Fui um estúpido em deixa-la ir. Não sei se iria ter outra oportunidade para vencer a aposta. A aposta. A razão de eu ter feito tudo aquilo. Foi tudo pela aposta, não foi?
  - É claro que foi Turner, seu idiota – falei encarando o meu reflexo no espelho do banheiro.
  Enxaguei o rosto para acordar de meus devaneios. Acendi um cigarro e sentei-me na varanda. O dia acabará de amanhecer. Soltei a fumaça lentamente. Tinha uma bela vista do décimo andar, o céu estava em um rosa alaranjado vivo e as primeiras luzes do sol aquecia a gelada Londres.
  “Aposto que se Eliza estivesse aqui faria um comentário poético sobre essa visão” pensei.
Aposto, Eliza. Duas palavras que estavam me incomodando muito nos últimos dias. “Who’s fucking George?”. Afinal, porque estava preocupado com aquilo?  Meu objetivo com Fordie era só um: leva-la pra cama e acabar com as dúvidas de todos de que sim, eu posso transar com quem eu quiser. Acabou que o jantar foi melhor que eu esperava, apesar de não ter conseguido o que queria. Eliza sem dúvidas era uma boa companhia. Aquelas frases de efeito e seu papo de alienígena. Não sei se todos os escritores são daquele jeito, mas se fossem, sorte a deles. Mas acho que não, Fordie é como um disco raro: não se acha em qualquer lugar, porém quando se acha, você não quer parar de ouvir por nada nesse mundo. Eu iria ganhar Eliza, nem se fosse a última coisa que eu fizesse.

  Duas da tarde foi a hora que cheguei à casa de Elizabeth. Toquei a campainha. Ninguém veio. Toquei mais uma vez. Tão ignorado quanto um invisível no meio da multidão. Girei a maçaneta e a porta se abriu. O prédio em que ela morava tinha três andares e era de tijolos laranja, no primeiro andar depois do corredor tinha uma sala grande e a cozinha, que por sinal estavam vazias. Decidi subir as escadas, era o quarto dela. Não tinha paredes, era espaçoso e iluminado devido a grande janela. Sua cama estava perfeitamente arrumada e o ambiente cheirava á café. Subi mais um lance de escadas e ouvi uma música vinda de trás de uma porta que se encontrava entreaberta. Estava tocando Arctic Monkeys. Era uma de minhas músicas.
  Abri a porta lentamente, ela estava sentada no chão. O lugar era cercado de livros em grandes estantes de madeira escura, e ela estava ali no meio, sentada sozinha no tapete peludo. Sentei ao seu lado, ela olhou para mim e não parecia surpresa ou com medo. Eliza começou a cantarolar acompanhando a música:
  - And even if somebody could have shown you the place you wanted; Well I sure you could have made it that bit better on your own
  - You are the only ones who know – sussurrei.
  Ela começou a chorar baixinho. Eu não sabia o que fazer.
  - Foi há exatamente seis anos atrás, eu tinha quinze anos. – ela começou a falar enquanto olhava pela janela – George, eu o amava tanto. O dia amanhecera bonito, como hoje, mas pelo fim da tarde começou a chover muito forte. Nós éramos muito próximos, sabe? Eu não era nada sem ele. Estávamos vendo um filme, eu lembro como se fosse ontem, o título do filme era “Meu amigo Harvey”, era um filme antigo de um diretor que ele adorava. Papai e mamãe começaram a brigar, de novo. Aquilo estava se tornando tão frequente. Meu pai gritou “Essa família está acabada”. George então começou a falar que quem acabou com a família foram eles próprios com suas brigas fúteis. Então eu disse pra ele que se passasse mais tempo conosco, talvez papai e mamãe não brigassem tanto.  Ele ficou furioso com o meu comentário, pegou o carro e saiu. Ele nunca mais voltou. Colidiu-se com um caminhão na estrada.
  Ela agora olhava diretamente para mim com lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
  - George era meu irmão mais velho.
  A abracei forte e deixei que suas lágrimas quentes caíssem sobre mim. Eu não poderia imaginar o quão difícil era pra ela. Perder uma pessoa que você realmente ama, devia ser a coisa mais cruel que a vida poderia fazer.
  - Alexander, é melhor você ir embora – ela disse se esquivando de mim.
  - Eliza, eu não posso te deixar assim. Você está...
  - Eu vou ficar bem, todos esses anos eu nunca precisei de ninguém. Eu não preciso de outra decepção na minha vida.
  - Não foi sua culpa! Você tem que entender isso.
  - Você não sabe de nada. Vai embora antes que eu possa me machucar. Eu cansei de pessoas partindo da minha vida sem ao menos saber se elas vão voltar. Eu cansei de esperar elas entrarem pela porta da frente. Você não vai ser o primeiro, nem o último.
  - Não fale assim, o fato de seu irmão ter...
  - Não foi só isso, ta legal? – ela parou e levou às mãos a cabeça - Depois que ele morreu, meu pai foi embora e abandonou a mim e a minha mãe. Sabe por que eu comecei a escrever? Porque foi a primeira coisa que me passou pela cabeça, o trabalho da minha mãe mal pagava as contas. Eu investi em um sonho para dar uma vida melhor pra ela. Quando meu pai nos deixou, ela estava grávida. Nós fizemos uma promessa, iríamos trabalhar duro para dar uma vida estável para o bebê que estava vindo. Antes de entrar na sala de parto, ela segurou minha mão, olhou nos meus olhos e disse: “Eliza, você é a melhor filha que alguém poderia ter. E não importa o que acontecer, eu sempre estarei com você”. Minha mãe teve complicações no parto, ela estava muito fraca. Faleceu assim que o bebê veio ao mundo. Escrever foi a única maneira de botar pra fora o que eu sentia. – Eliza fez uma pausa - Quer saber de onde veio a inspiração para Alissa Velvet? A pobre garota psicopata que tem um desejo doentio em matar pessoas?  Eu fiz uma personagem matar pessoas para eu não acabar me matando. E depois de todos esses anos, eu aprendi a lidar. Aprendi que pessoas vêm e vão o tempo todo. Mas no meu caso a vida foi um pouco mais direta nesse aspecto.
  Eliza já não chorava mais, olhava pela janela como se esperasse aqueles que a abandonaram tão friamente aparecerem no fim da rua.
  - Sabe, Alexander, as pessoas seguem em frente. A vida não para. Eu sinto uma saudade tamanha de minha família. Eu não entendo, mas eu sei que um dia as pessoas partem. Porém, eu sou feliz. Os meus avós me criaram com muito amor, eu ganhei um irmão e eu conheci Lia, que se tornou uma irmã pra mim. Eu realizei meu sonho. Eu não sou só outra história triste. Mas eu estou cansada de ver as pessoas saírem e não voltarem mais.
  Eu não sabia o que falar. Acho que não tinha nada para falar.
  - Elizabeth, eu só quero que você saiba que você é uma mulher extraordinária. Por tudo o que você fez, por tudo o que você passou. Eu a admiro por isso, por você continuar forte. Você é uma pessoa incrível, e acho que nunca conheci alguém como você.
   Fordie olhou para mim e sorriu.
  - O nome de meu irmãozinho é George. Ele mora com a minha avó.
   Ela suspirou e enxugou o rosto molhado. Eu me aproximei, segurei seu rosto com as duas mãos e sussurrei em seu ouvido:
  - You are the only ones who know.
  Eliza fechou seus olhos e eu a beijei como eu queria a ter beijado quando a vi se escondendo atrás de uma estante em uma tarde ensolarada. A beijei calorosamente, e naquele momento que a tinha em meus braços, eu podia jurar que nunca a iria abandonar.
  - Você quer dar uma volta? Comer algodão-doce?
  Ela concordou com a cabeça.

POV Eliza

  Tirei o moletom e me vesti decentemente para um passeio. A verdade é que falar para alguém depois de todo esse tempo, acabou sendo um peso saindo de meus ombros. Eu aprendi a lidar cedo com despedidas, mas no final, são essas coisas que formam quem você é. E eu não me arrependo de nada que fiz. Só de algumas coisas que deixei de fazer.
  Andávamos eu e Alexander pelas ruas de Londres, comendo a melhor guloseima que esse mundo já poderia ter visto.
  - Algodão-doce é tão maravilhoso – falei – some como mágica na sua boca.
  Ele riu.
  - Elizabeth – Turner parou de repente e ficou me olhando.
  - Alexander – o imitei.
  - Por que você me chama assim? Quer dizer, você tinha dito que era porque nós não éramos amigos e agora?
  - Você lembra do que eu disse? Uau.
  - Cada palavra.
  O fitei timidamente.
  - Alexander é um belo nome. Eu gosto.
  Ele estava prestes a me beijar quando seu celular tocou. Sua expressão mudou de repente.
  - Eu tenho que atender, espera só um minuto – disse se afastando.
  Eu não consegui ouvir o que estava falando, mas também seria muita falta de educação de minha parte. Ele voltou tenso e parecia preocupado.
  - Eliza, eu tenho que ir.
  - Aconteceu algo grave?
  - Não, não. Mas eu tenho que ir. Eu volto, eu vou ligar para você assim que eu puder. Não pense que estou partindo.
  - Tudo bem, não se preocupe. Resolva o que tiver que resolver.

  Ele me beijou na testa e saiu andando apressado. 

9 comentários:

  1. VC NAO FEZ ISSO COMIGO NAO NAO NAO EU TO MORRENDO EU ACHO QUE MEU CORAÇÃO PAROU, AI MEU DEUS O QUE FOI ESSE TELEFONEMA?????? MEU DEUS A VIDA DELA, MEU DEUS MEU DEUS ME AJUDA. AI POSTA LOGO MENINA!

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  2. Nem preciso dizer que amei esse capítulo, né?
    Que lindo ela se abrir assim com o Alex, mas isso de aposta... Hmmm, to vendo que quando ela descobrir vai dar merda.
    E, gente, que romance rápido, eles já estão de namorico! hahah
    Eu quero saber o porque dessa saída super apressada ;-; O bom é que você atualiza rápido! :P
    Beijos :*

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  3. Namoral eu to apaxonada por essa fic,pqp q historia hein e o alexander xonado na eliza ownnnt ,q amoor,pirei quando eu entrei hj e vi que vc ja tinha postado o cap ,realmente o cap foi curto mas foi fodaaa hahha ,blz.agr to indo bjsss ;)

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  4. Dio mio!
    Bel, esse capítulo... Foi maravilhoso!
    Só consigo pensar nisso.
    Brilhante, dramático, de arrancar os cabelos.

    Depois da linda parte do "You are the only ones who know" pensei que nada seria mais emocionante, e me enganei drasticamente.

    Pude sentir a dor da Eliza, e a compaixão do Alex.
    Que cena mais linda de se imaginar, de se devorar.
    Eu fiquei emocionada com o desabafo dela...

    Você pregou uma surpresa em todos, eu não pude nem desconfiar de que George era irmão dela antes de ela mesmo soltar a frase.
    Que vida triste, muito impactante, cheia de acontecimentos tão fortes quanto cicatrizes. "Quer saber de onde veio a inspiração para Alissa Velvet? A pobre garota psicopata que tem um desejo doentio em matar pessoas? Eu fiz uma personagem matar pessoas para eu não acabar me matando."
    Esse texto acabou de se tornar algo fixo na minha cabeça e duvido que eu irei esquecer tão facilmente.

    A cabeça do Al deve estar a mil por hora. Já estava confuso, e agora então...Chego a pensar que ele vai desistir da aposta. Mas não antes dela descobrir né??!
    Como será que vão se relacionar agora, estou com uma pulga que me impede de não pensar nisso. "A beijei calorosamente, e naquele momento que a tinha em meus braços, eu podia jurar que nunca a iria abandonar."

    Mas só poderemos saber em breve.

    Meu Deus, você atualiza muito rápido, God bless you for this.
    Desculpe pela rev confusa, quero que fique com uma única frase: Continue esse trabalho lindo, criando uma das fics mais lindas que já vi neste blog.

    Beijos e amor,
    Débs

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  5. Que capítulo emocionante. Nem preciso dizer que o começo foi sensacional, essa visão do Turner. ''Fordie é como um disco raro: não se acha em qualquer lugar, porém quando se acha, você não quer parar de ouvir por nada nesse mundo. Eu iria ganhar Eliza, nem se fosse a última coisa que eu fizesse. '' E como e ele cada vez mais vai se encantar por ela. E eu espero que isso aconteça.

    Adoro quando ele descobre que Eliza é muito frágil e ele tenta de alguma maneira confortá-la. Isso é tão Alex. Ele tenta, sei lá, fazer ela se sentir bem (e quem não se sentiria bem nos braços do Turner?. A história dela é linda, eu sei bem o que é sentir-se culpada por algo que aconteceu. Alex e Eliza formam um casal tão peculiar, vejo momentos muito fofos em frente. HAHAHAH capitulo ótimo, bj bj

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  6. Mrs. Helders27/07/2013, 16:44

    Coitada :'(
    Sacanagem ele mentir pra ela mesmo depois de ela contar a história dela pra ele :(
    Gostei dessa atualização porque foi surpreendente e original, mas já sei que Arielle ou Alexa vai aparecer e eu não queria ver Elizabeth sofrer mais ainda :'(
    Aguardando a próxima atualização, xoxo.

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  7. Meu deus, esse capitulo foi muito (elogio que ninguem já tenha dito)! Me emocionei com a historia dela, e vejo que o Alex ta se apaixonando pela Eliza devagarzinho...muito lindos! Posta logo, tambem quero saber who's that b*tch

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  8. Bel,esse capítulo foi: único, empolgante, sentimental, emocionante, triste, genial, entre outros milhares de adjetivos.Eu podeira passar a noite dizendo o quão interessante foi ler essa atualização pois, pra mim, essa é o uma das fics que mais me tornou dependente em menos tempo. Gosto muito do jeito que você escreve e como coloca tanto sentimento em duas personagens. Gostaria também de te parabenizar, pois você tem talento. Espero ansiosamente atualização e nunca pare de escrever!

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  9. Então; também adoro os looks da Zooey, mas confesso que quando vi um da Tay, meu coração bateu de orgulhinho. Taylor é minha diva *----*

    Agora, falando sério: Comecei a ler a fanfic hoje, e disse a mim mesma que eu só iria comentar quando terminasse de ler tudinho o que você já havia postado, mas não deu. Bel, sua história não só tem cheirinho de maravilhosa como ela é maravilhosa. Você começa a ler e começa a se envolver e não para, fica com água na boca, seus olhos ficam grandes e você quase mete a cara no monitor. Estou realmente apaixonada como há tempos não me apaixonava por uma fanfic. Ela começou de maneira simples e sutil com uma proposta realmente boa, e você vem desenvolvendo essa ideia com de maneira perfeita.

    Eliza é fantástica, adoro o jeito dela se expressar, as palavras que usa numa conversa, a maneira simples e encantadora, aquele tipo que é inteligente demais para achar graça (e entender) em piadas irônicas (pelo menos é o que eu vejo, haha). Cheia de segredos, e um coração que já se desencantou demais para simplesmente cair em mais uma desilusão. Com certeza um desafio a altura para Alexander Turner que está entrando no jogo da nossa querida Fordie sem perceber. Aposto que não vai demorar muito para ele ficar caidinho por ela, hehe'

    Enfim... Parabéns, a fic está maravilhosa. E agora eu preciso ir ler o capítulo cinco, haha'

    Beijos, Laii.

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