BE CRUEL TO ME 01: NICE TO MEET YOU

O show havia sido maravilhoso. Vê-los ao vivo pela primeira vez foi uma experiência realmente incrível e ainda mais, teria a oportunidade de parabenizá-los pessoalmente.

Encaminharam-me para um corredor longo e branco.  “Última porta a esquerda” ficava repetindo as palavras do homem que trabalhava na produção. Quando cheguei em frente a porta que continha uma placa com o escrito “Arctic Monkeys” em letras grafais, respirei, contei até cinco e bati duas vezes.

  - Entre – ouvi uma voz masculina falar.

  Assim o fiz. Entrei e vi três pares de olhos em mim.

  - Olá, eu sou Eliza Fordie – falei com o tom mais normal que consegui encontrar em minha garganta.

  - Ah sim, claro. – Matt Helders falou – A escritora.

  - É um prazer conhecê-los. – estendi a mão a cada um deles – O show foi incrível, vocês estavam muito bem.

  - Obrigado – Matt, Jamie e Nick falaram em coro. Da parte de Alex Turner só houve um aceno de cabeça. O que considerei um grande avanço, pois desde que tinha chegado ele não tirou os olhos do visor do celular.

  - Então, eu não quero os atrapalhar, acho melhor eu ir.

  - Imagine! – disse Matt – Sente, fique mais um pouco.

  - Tudo bem – concordei me sentando na poltrona que ele havia me indicado.

  - Eliza, posso fazer uma pergunta? – Jamie se manifestou de repente.

  - Claro.

  - No seu próximo livro, na continuação de Mentes Sombrias, Velvet irá matar o Edgar?

  - Você lê os meus livros? – fiz uma cara de espanto.

  - Sim, na verdade.

  Houve risadinhas abafadas entre os outros integrantes.

  - O que foi? São bons livros, vocês deveriam ler – defendeu-se Jamie.

  - Se eu lhe falar estragarei a surpresa, não acha?

  - Ah céus! Ela irá matar ele não vai? Eu sabia.

  Sem dúvidas aquela reação tirou um sorriso meu. Jamie Cook, leitor de meus livros? Por essa eu não esperava.

  - Edgar ainda irá a ajudar em seu plano ainda, o destino dele está muito além da morte – tentei o tranquilizar.

  Ele pareceu ficar mais calmo e então um silêncio surgiu, o que me incomodou um pouco.

  - E aí, você é fã da banda? – perguntou Matt.

  - Eu não gosto muito do conceito de fã... acho que antes de tudo sou fã das músicas, vamos dizer assim.

  Turner abriu um sorriso orgulhoso após ouvir a frase. O tipo de sorriso que uma pessoa egocêntrica dá quando todos estão prestando atenção nela. Mas nem a educação de ao menos fingir que estava ligando ele deu, então resolvi agir da mesma forma com ele.

  - Mas eu ser fã das músicas não significa que eu seja fã da pessoa que as escreve.

  Pela primeira vez ele tirou os olhos da tela do celular.

  - Se você gosta de algo que uma pessoa faz então quer dizer que você gosta da pessoa que a faz – ele falou pela primeira vez.

  - Ser um bom músico não significa ser uma boa pessoa, Alexander.

 Ele me encarou e sorriu sinicamente.

  - Alexander? – repetiu.

  - Apelidos se limitam a pessoas próximas e amigos. Eu não sou próxima e nem sua amiga, então o chamarei de Alexander, que até onde eu sei é o seu nome.

  - Tem razão, é a minha fã. Fez sua pesquisa direitinho, senhorita Fordie. Aceito presentes no meu aniversário, afinal essa informação vem junto com o meu nome completo no Wikipédia – disse e voltou-se a seu celular novamente.

  Eu suspirei.

 - Sabe o quanto eu li sobre você, Alexander?

 - Hum?

 - Nada, estava muito ocupada sendo a autora mais jovem a conquistar mais de um milhão de exemplares vendidos.

  Ele parou de digitar e levou seus olhos até os meus.

  - Desculpem a inconveniência, rapazes. – me dirigi aos outros que haviam sido muito gentis – Eu tenho que ir agora, obrigada por me receber.

  - Sem problemas, até mais.

  - Eliza, antes de ir você pode autografar o meu exemplar? – perguntou Jamie um tanto desconcertado.

  - Sem dúvidas – sorri.

  Fiz uma dedicatória simples e me despedi mais uma vez. Após fechar a porta pensei comigo mesma:

 - Tanto talento perdido num poço de egocentrismo.

POV Alex

  - Quem aquela garota pensa que é? – falei assim que ela fechou a porta.

  - Hã, Eliza Fordie, 21 anos, escritora famosa e querida por todos – disse Jamie como se fosse à coisa mais óbvia do mundo.

  - Só porque ela não te deu mole, Alexander? – Matt riu e a imitou falando o meu nome.

  - Ela parece ser legal, sabe, não como essas groupies que ficam correndo atrás – falou Nick.

  - Mas que merda aconteceu com vocês? Vão a defender agora?  

  - Você só está irritado porque ela não se derreteu por você.

  - Pela primeira vez na vida alguém não quis ir pra cama com ele e isso feriu seu ego.

  - Cala a boca, Helders! Além do mais, quem disse que ela não quer ir pra cama comigo.

  Uma onda de gargalhadas se espalhou entre eles. Esses filhos da puta estavam tomando partido da “senhorita queridinha do mundo Eliza Fordie”.

  - Não a ELIZA FORDIE. Eu aposto cem libras que ela nunca nessa vida irá transar com você – debochou Jamie.

  - Quer apostar? – o desafiei.

  - Eu te dou um mês.

  - Eu só preciso de um dia.

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N/A: O capítulo é curto, porém é só uma introdução. Se vocês simpatizaram com a história, prometo que o próximo será maior! :D