Version Of Pervesion 03: How many secrets can you keep?

— Não fale assim comigo, inglês. Não sou uma garota.

Seu lábio se curvou ligeiramente para cima num indicio de sorriso zombeteiro e ele lhe lançou um olhar de esguelha. Se ele não a tivesse insultado, Emma ficaria feliz por finalmente ver emoção humana através daqueles olhos.

— Não pode sair sozinha, não tem permissão para beber e tem uma espécie de guarda-costas até para as tarefas mais simples do dia. Sinto informar, senhorita Harley, mas do jeito que eu vejo; também não é uma mulher.
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Aquilo doera, especialmente porque ela não podia negar.

Suas experiências com beijos eram extremamente limitadas; o único cara que chegou próximo do posto de namorado parou de falar com ela misteriosamente após ser apresentado para o pai, no primeiro ano. Emma não sabia se ele tinha sido intimidado pela profissão de Josh ou por Josh.

A única vez em que encostou algo alcoólico na boca tinha sido através de uma caixa de bombons de licor, semestre passado, mas ela sabia que não contava.

Não importava.

Teria um mês para ter todas as experiências que as garotas livres tinham, nos livros que lia. Havia uma lista aparentemente inacabável de coisas que ela gostaria de fazer e beber drinks e trocar beijos com caras interessantes era só uma parte.

— Onde está me levando?

— Hotel. Seu pai fez a reserva em um no centro da cidade muito famoso pela piscina de água quente. — ele não olhou para ela quando respondeu e Emma suspeitava que ele sabia o quão ridículo aquela frase soara. Como se uma piscina de água morna fosse o que ela estivera ansiando naquela viagem.

Que se fodesse a piscina e o hotel caro que seu pai reservara.

Que se fodesse Alex e sua postura indiferente, impassível. Podia ser bonito, mas parecia tão cheio de vida quando o coelhinho de pelúcia pendurado no retrovisor do carro.

— Foi um presente da minha namorada.

Emma detectou um leve constrangimento em sua voz, como se ele se sentisse obrigado a explicar o bicho de pelúcia num carro másculo para cada estranho que sentasse naqueles bancos de couro.

Ela engasgou uma risadinha maldosa.

— Ela realmente sabe como agradar um homem.

— E o que você sabe sobre isso?

Após uma estrada longa e movimentada, carro foi diminuindo a velocidade e o barulho do cascalho contra as rodas só serviu para deixar a garota ainda mais ansiosa. O hotel era pretensioso e aparentemente velho. Enquanto Alex tirava o cinto e saia do carro, Emma espiou o lugar e as palavras “clássico” e “luxuoso” vinham à sua mente, junto com “infinitamente entediante”.

Ele abriu a porta para ela, mas o gesto pareceu forçado e não cavalheiro, e o jeito como ele mantinha os lábios ressecados numa linha rígida demonstravam que ela estava certa.

Seria impossível conseguir sair de fininho pela porta da frente. Alex provavelmente deixaria bem claro que ela não tinha permissão de sair sozinha e, mesmo que os funcionários não pudessem segurá-la, uma ligação bastaria para ela ouvir os cascalhos contra as rodas do carro ostentoso de Alex. Teria que pedir um quarto no primeiro andar e teria de ser convincente. Se ele notasse um filete de interesse em sua voz, acabaria no quinto andar, num quarto sem janelas.

— Trouxe muita tranqueira pra quem está na Inglaterra à férias.

— Não são só férias. — Emma rebateu, ainda analisando o lugar. A arquitetura antiga relembrava os castelos que estampavam as paginas de seus livros infantis, com grandes janelas e uma pintura bege. Aquilo era o passaporte para uma vida excitante, um quase passe livre para tomar suas próprias decisões. — Além do mais, aqui é mais frio. Aposto que não consigo dormir sem roupa, mesmo com essas paredes grossas.

Alex arquerou as sobrancelhas quase imperceptivelmente.

— Algo que você fazia nos Estados Unidos?

Emma quase sorriu pelo interesse contido na pergunta, mas fingiu indiferença ao ajeitar as alças do vestido e jogar os cabelos para o lado.

— O tempo todo. — Virou-se para ele, as sobrancelhas unidas numa expressão ligeiramente espantada — Sua namorada não dorme sem roupas, inglês?

— A temperatura cai bastante à noite.

— Entendo. — A garota andou na frente, balançando os quadris deliberadamente, certa de que estava sendo observada — Eu não me importaria de dormir nua aqui se houvesse o corpo de um homem para me esquentar. Mas o que eu sei sobre agradar um homem?

O interior do lugar não era menos ostensivo que o exterior. Na verdade, o lustre no teto alto parecia maior que o quarto de Emma e tudo era de mármore e madeira, numa combinação de polidez que dava nos nervos.

— Reserva. No nome “Homme”.

O homem de terno e gravata procurou pelo nome e sorriu, entregando um cartão com o numero “403”.

— Você pode trocar por um quarto no térreo? — Emma sorriu, toda contida. — Tenho pavor de lugares apertados e elevadores me assustam tremendamente.

— Nós não temos suítes no térreo, senhorita. O andar mais baixo é segundo.

— Existe uma escada? — perguntou se curvando no balcão de mármore.

— Naturalmente, mas...

— Então está perfeito. Não me importo de subir um lance de escadas se isso implica em não ter que subir um elevador.

***

A cerveja estava gelada, uma nova garrafa de bebida estava chegando, Arielle apertava gentilmente a parte interna da coxa de Alex e ele estava com seus melhores amigos, numa boate que talvez não tivesse musica boa, mas definitivamente criava uma atmosfera calma, elétrica e anestesiada.

Não tinham luzes psicodélicas ou fumaça excessiva como nas boates de 2001, mas as pessoas pareciam estar se divertindo. Se a ruiva não estivesse fazendo um trabalho tão bom em deixá-lo excitado, Alex a encorajaria a dançar com Kate e as outras garotas.

Bebericando a cerveja enquanto Arielle afundava o rosto em seu pescoço, Alex observou a pista de dança, onde sua “cunhada” fazia passos engraçados numa tentativa frustrada de fazer Cook dançar. E ali, no meio de dezenas de corpos suados e frenéticos, ele viu um rosto que lhe chamou atenção. Um rosto que deveria estar adormecido sobre um travesseiro a essa hora.

Sem se preocupar em dar explicações, Alex caminhou pesadamente até Emma e a puxou pelo braço, não conseguindo conter a irritação.  

— Que caralhos você tá fazendo aqui?

— Heeey! — ela ralhou reprovando a maneira bruta como ele a segurava. — O que houve com o “Srta Harley?”

— Me desculpe. — disse com sarcasmo — Que porra você tá fazendo aqui, Srta Harley?

— Eu... Precisava tomar um ar.

— Claro, claro. Entendo porque escolheu o Limelight. É um ambiente tremendamente arejado. Por falar nisso, vejo que superou seu pavor de lugares apertados.

— Ah, vê se me erra. Eu estou...

— Voltando para o hotel.

— Ah, é? — cruzou os braços no peito e ergueu o queixo. — Me obriga.

— Você é inacreditável. — Alex riu, balançando a cabeça. — Age como uma adolescente de 12 anos e espera ser tratada como adulta. Vai bater pé e gritar também?

— Só ajo como uma adolescente porque ninguém me deixa crescer!

— Não dou a mínima pra criação que você recebeu, Emma. Enquanto EU não tiver feito um filho em alguém, não tenho que lidar com essa merda...

— Então vá para casa, Inglês. Faça um favor a n´ss dois e esqueça que nós sequer nos vimos. Com sorte e alguns shots, eu consigo o mesmo.

— Está bebendo? Pelo amor de Deus... Você é menor de idade...

— Pensei que tivesse deixado claro que as burocracias sobre bebida eram diferentes aqui no seu país. —A voz dela começava a embolar um pouco ao final de cada palavra — Mostrei minha identidade para o barman e tudo... Estou aqui legalmente.

— Tecnicamente, está aqui escondida.

— Só porque você e o meu pai são estraga prazeres chatos. Eeeei, isso é maconha?

Ele olhou o cigarro em seus dedos e balançou a cabeça em negação.

— É claro que é. Não tem cheiro de tabaco. Minha governanta costumava fumar o tempo todo por causa de dores nos quadris. Ela não me deixava experimentar, mas conheço o cheiro... Não tente mentir para mim, você é um péssimo mentiroso.

Alex arqueou as sobrancelhas.

— Só me conhece há umas doze horas!

— E já notei que você mente tão bem quanto se veste.

Observou o casaco marrom que usava.

— O que há de errado com o que eu me visto?

Emma se segurou nele — Me dá um pouco, deixa eu experimentar...

— No fucking way. Seu pai me mataria se soubesse.

Ela arregalou os olhos e disse como se fosse óbvio:

— Então é só nós não contarmos, não é mesmo?

— Acabou de dizer que eu sou um péssimo mentiroso.

— Não seria mentir, seria omitir. São coisas diferentes. Agora, me dá um pouco, não seja mesquinho...

Ele balançou a cabeça em rendição.

— Fuck it. Fine. Só se concordar em ir lá fora. Você precisa mesmo tomar um ar.

— Claaaro, claaro. — Emma balbuciou enquanto tentava tirar o cigarro das mãos gélidas e pálidas do cara a sua frente.

Ela tossiu muito e Alex quase riu. Ela obviamente não sabia fumar e não seria ele a ensinar. Ele encostou-se na mureta ao lado do Limelight e Emma teve dificuldades em sentar nela, mas eventualmente ele tinha uma visão periférica de suas pernas.

— Fiz uma pesquisa sobre vocês, antes de sair. Assisti uns vídeos e essas coisas toda.

Alex concordou com a cabeça, desinteressado.

— Você faz de propósito? A coisa com o quadril?

Seu lábio se repuxou num meio sorriso com o cigarro ainda não aceso.

— Eu faço uma coisa com o quadril?

— Você os mexe com frequência excessiva. Para frente e para trás. Não dê esse olhar como se não percebesse, inglês. Péssimo mentiroso, lembra?

Alex acendeu o cigarro sem tirar aquele brilho malicioso e zombeteiro do olhar.

— Então... Você faz de propósito? Para seduzir o publico inteiro?

— Talvez. Mas duvido que consiga seduzir o publico “inteiro”. Não temos só fãs garotas.

— Não importa. Eles ficam igualmente vidrados.

Faz uma careta.

— Devo tomar isso como um elogio?

Ela deu de ombros.

—Aposto que seu ego fica igualmente inflado. É excitante saber que elas querem você?

Ele sopra fumaça para o alto e me olha de canto de olho, respondendo sem hesitar.

— Claro. Você não ficaria?

— Com milhares de olhos em cima de mim? Suponho que ficasse aterrorizada. — Emma morde a unha do polegar, ao encarar seus pés — Não tenho como saber. Eu nunca... fiquei... você sabe.

— Isso não pode ser verdade. Entendo que você seja virgem, Harley, por mais que parte de mim relute em acreditar, ficaria incrivelmente surpreso se não fosse com os olhos atenciosos de Josh sobre você, mas você não pode dizer que nunca ficou excitada. É absurdo. Você tem 18 anos. Não... dá.

— Eu... Nunca me envolvi com ninguém. O meu pai nunca deixou que meus relacionamentos avançassem mais que duas semanas. E todos os namoros que tive – se é que posso chamar assim – foram na escola. Oh, Deus, isso me faz parecer tão juvenil... Eu nem sei como seria... não sei se já estive. Não saberia reconhecer.

— Essa deve ser a coisa mais triste e absurda que já ouvi. E olha que Jaime fala umas porras muito bizarras.

Emma estreita os olhos.

— Obrigada, me sinto bem melhor agora.

Ele riu, ignorando tom hostil. — Não faz sentido, só isso.

— Me diz como é.

Alex responde um o quê preguiçoso.

— Ficar excitado. Estar excitada.

— Você está muito chapada. Melhor eu te levar pra casa.

— Não! Eu estou bem. Nunca estive tão bem. Só... me ensina. Me conta como é, como você se sente e...

— Não é um sentimento, Emma. É uma sensação. Não é algo que eu consiga explicar, sintetizar; fazer você entender usando uma palavra ou duas. Não é assim que funciona.

Ele dá uma ultima tragada e joga o cigarro no chão, usando a bota para apagar.

— Está ficando tarde. Estou começando a acreditar que deixar você experimentar foi uma decisão muito errada, então é melhor eu te levar para casa antes que algo saia do controle.

Emma arregala os olhos e nega com a cabeça. Depois dá um pequeno saltinho para sair do muro baixo e segura os braços de Alex através da jaqueta de couro. O material é frio contra seus dedos, mas ela esta ficando sonolenta e simplesmente não quer ir embora.

—Eu estou me sentindo tão... preenchida. Viva. Por favor, Alex.

Seu cérebro está igualmente cansado, parece trabalhar com duas vezes mais afinco, mas ainda que ele receba ordens restritas de se afastar do quase-abraço de Emma, ele permanece parado. Está frio e ele sente vontade de enviar as mãos geladas dela dentro de seu próprio bolso, numa tentativa de mantê-la aquecida. Mas isso significaria estar mais perto do que já estavam, mais perto do que era permitido, então Alex só ficou ali. Parado. Observando a maneira como ela piscava devagarzinho.

Emma tinha seios sensacionais e a cintura fina fazia com que seu quadril e bunda parecessem maior do que eram, mesmo que ela fosse magra e delicada. A maneira como ela se vestia também não ajudava. O vestido era brilhoso demais e chamava muito atenção. Alex apostava que pelo menos metade do contingente masculino do Limelight quis socar ele por tirá-la da pista de dança. Quem podia culpa-los? Ele mal podia acreditar que era ela, se movimentando tão livremente, tão sexy, tão incrivelmente gostosa...

Ele deu um passo pra frente e ela se assustou e deu um para trás.

— Não consigo explicar. Não dá para dizer como é estar excitado, Emma...

Seu pé se moveu com convicção, mas com mais cautela. Ela não recuou dessa vez. Ele não conseguiu tirar os olhos dela.

— Mas posso tentar mostrar.

Seus dedos passaram pela lateral de sua cabeça, tentando ajustar os cabelos não tão arrumados quanto o começo da noite. Também sentia necessidade de fazer algo com as mãos e não confiava nelas quando estava prestes a fazer o que faria.

Emma permaneceu parada, petrificada. Havia uma onda de euforia e receio na maneira como ela observava Alex se aproximar um centímetro de cada vez, sem nenhum indicio de querer antecipar qualquer coisa. Ele deixou seus dedos repousarem na cintura dela e Emma fechou os olhos. Em seguida ele roçou a lateral de seu rosto contra o dela e o queixo com barba por fazer a arranhou com delicadeza. A garota podia sentir sua respiração quente contra o pescoço o dela o e um arrepio subiu por seus braços e costas, como se uma lufada de ar gélido tivesse passado.

Alex não sabia se estava funcionando, mas seu corpo continuava a obter respostas aparentemente positivas dela, o que o fazia ficar com vontade de continuar. A cabeça dela pendeu para o lado ligeiramente; ele sabia que ela nem mesmo sabia que estava fazendo aquilo e ele roçou o lábio contra o lóbulo dela até ouvir a respiração falha escapar daquela boca.

Então ela fez algo que o surpreendeu. As mãos anteriormente jogadas sem vida ao lado de seu torso se agarraram contra a nuca dele e os dedos miúdos dela fizeram carinho em seu cabelo.

Era isso. Ele conseguira mostrar o que era estar excitado. Duro e pulsante e só a um passo de distancia de cruzar uma linha que ele não deveria nem mesmo ter conhecimento sobre.

Ela era virgem. Intocada. Inocente e tão convidativa.

E fora dos limites.

Alex deu um passo pra trás, um gesto que fez Emma abrir os olhos subitamente. Ele tentou sorrir quando buscava freneticamente por outro cigarro dentro do bolso.

— Com essa são duas coisas novas que experimentou hoje, Harley. Não pode dizer que não sou um bom guia.

— Três. Eu nunca... — coçou a garganta — eu nunca tinha bebido também.

— Seu pai me mataria se soubesse que deixei isso acontecer. A bebida e a maconha, digo.

Emma colocou a mão direita sobre o pescoço e o encarou.

— Não se preocupe, inglês. Sou boa em guardar segredos.


N/A: I know, i knowwwwwwwwww... Demorei 54 anos pra postar. Mas é que tudo que eu escrevia parecia uma bosta. Nem tô contente com esse capítulo e juro que não falo isso querendo confete. É só que... I dont know, bloqueio criativo? De qualquer jeito, here it is. :)
PS: eu sei que as coisas tão indo rápido, mas eu quero que essa fic tenha poucos capítulos mexmo.
Obrigada de antemão à todas que lerem. Um besos.