Version Of Pervesion 02: Playing the fools

N/A: Vou fazendo capítulos curtinhos e conseguintes, mas vou tentar ao máximo postar de  dois ou três em três dias e tal... :)


Não era exatamente o que Emma esperava. Sua cabeça criara o semblante carrancudo de um homem de barba e cabelo desgrenhado. O cara encostado relaxadamente na parede do aeroporto era um pouco diferente. Pra começar, o cabelo rebelde denunciava a tentativa de ser controlado, mas agora, no final da noite, o topete rockabilly dele era como de um garotinho que acabara de descobrir o pote de gel no armário do pai.
Mas ainda que seu rosto não fosse tão rabugento como ela imaginara, havia um ar de curiosidade e desinteresse, tudo num mesmo olhar.
Sua camisa social era preta e enrolada até os cotovelos e as botas igualmente escuras eram lustrosas e aparentemente pesadas. Era exatamente o oposto do vestido jovial e da sapatilha que usava. Sua aparência parecia tão meticulosamente preparada que ela teve um impulso quase irresistível de abrir um botão a mais naquela camisa e bagunçar-lhe os cabelos perfeitamente arrumados.
Alex provavelmente não gostaria disso. Apesar da postura descontraída, o traço duro no maxilar sinalizava impaciência e disciplina.
Emma mordeu o lábio inferior quando ele abriu um largo sorriso para recebê-la, mas o olhar impassível que ele lhe dirigiu era quase ofensivo. Era, de fato, muito bonito para um inglês, mas ela se sentia exposta e indesejada focalizada através dos orbes escuras e frias dele.
— Eu sou Alex.
Ela concordou levemente com a cabeça e apontou para o papel.
— E você já sabe quem eu sou.
Foi a vez dele de ser indiferente.
— Precisa de ajuda com a bagagem, senhorita Homme?
— Não uso o sobrenome do meu pai. É Harley. — corrigiu. Mas Emma não se deu ao trabalho de pedir que a chamasse pelo primeiro nome. Gostava da forma cortês como havia soado o vocativo. E se planejasse continuar com o plano que ela e Annabel tinham programado para essa temporada, era bom que não tivessem mais do que contatos impessoais.
Ela não sabia como agir ou o que pensar quando seu pai enumerou as exigências. Basicamente, ela teria chance de sair debaixo de sua vigília, mas somente para ser vigiada por outra. Ele não concordara com três meses, obviamente, era tempo demais longe de sua garotinha. Ela não podia acreditar que só fora concedida o direito de estar livre por trinta dias. Um mísero mês. Não era nada.
Mas, por outro lado, era tudo o que tinha.
— E se ele for um desses rockeiros drogados e rudes, Annabel? — Emma perguntou fazendo biquinho para o telefone, assim que o pai saíra do quarto.
— Seu pai não deixaria que ficasse nem um dia com alguém assim, Emms.
— Bom, e se ele for o oposto? E se ele for um sujeitinho melífluo que usa frases polidas e bajuladoras o tempo inteiro? E se ele só quiser me levar à museus e para tomar chá? — choramingou enterrando o rosto no travesseiro de coruja.
— É uma possibilidade. Tem que estar preparada para ela.
— Como?
— Você terá que ser igualmente doce. Pudica e polida, como uma pequena flor. Frágil e inocente. Você o convencerá de que é confiável; seguirá ordens quando ele estiver presente...
— Ah, Anna! Isso parece insuportável. Se for para continuar sendo controlada prefiro ficar em minha casa, onde tenho meus livros e posso falar com você.
— Me escute, Emma... — pediu — Esse é o melhor jeito de controlar um homem.
— Mentindo? — a garota perguntou com um sorriso zombeteiro.
Annabel fora o único motivo pela qual Emma poderia cogitar agradecer ao ser mandada para o colégio interno. A garota era tudo que ela nunca serie: independente, moderna e espontânea. Com suas mechas verdes, ela parecia uma sereia que tinha piercings onde pudesse colocar. As coordenadoras tentavam controlá-la e Annabel fingia seguir ordens, mas Emma sabia quem ela era. Que uma alma como a dela não poderia ser controlada.
— Astucia. Você poderá sair assim que ele achar que está a salvo em sua cama, quando estiver sozinha. Ele não ficará com você todas as horas do dia, claramente. Aposto que Londres é linda à luz do luar... Tem que ser doce, Emma. Lembre-se disso; frágil e inocente como uma rosa.
Annabel tinha razão. Se essa era a única maneira de conseguir ter experiências reais e excitantes na Inglaterra, então que fosse. Se fosse a única forma de sentir-se viva e elétrica como aquela noite no clube, era um preço justo a se pagar. Não aceitaria aquela oferta para ficar confinada mais uma vez. Dessa vez ela viveria, e o tal Alex não seria aquele que ficaria em seu caminho.
A garota concordou com a cabeça, olhando as passagens em sua mão.
— Sim. Serei uma rosa com aquele homem. Com sorte ele se espeta em um de meus espinhos.
Emma balançou a cabeça ao relembrar da conversa que teve com a melhor amiga e encarou o perfil do rapaz pálido assim que ele entrou no carro, depois de por as malas no banco de trás. O veículo era alto, preto, brilhante e pretensioso. Exatamente como a jaqueta de couro, os óculos e a postura dele.
***
— Creio que Josh explicou a situação para você, assim como o fez para mim, hoje pela manhã.
Emma tirou a mão do queixo contra a janela e franziu as sobrancelhas, encarando-o.
— Não, ele disse que você me explicaria tudo.
Alex sentiu suas mãos se fecharem tensas contra o volante. É claro que disse.
Depois de ter pedido um favor tão grande como aquele, o mínimo que o musico poderia fazer era causar menos transtorno quanto necessário, mas ao invés disso, decidira que Alex seria aquele à explicar à garota sedenta por liberdade que ela esta sendo transferida à outra espécie de prisão domiciliar.
— Seu pai fez algumas exigências... —começou, tentando soar tão sutil quanto possível.
— Aposto que sim.
— A senhorita pode escolher o lugar que visitaremos desde que isso não implique em nada que poderá infligir algum mal à sua segurança. — Alex quase revirou os olhos internamente. Sentia-se um hipócrita usando uma frase desse tipo quando metade de suas experiências de vida tinha sido fruto de ideias ridículas e perigosas.
— Que alívio saber que há um homem como você cuidando para que eu permaneça salva, senhor Turner. — murmurou ela com a mão sobre o coração. — A ideia de manter-me segura por conta própria e tomar minhas próprias decisões estúpidas era muita pressão sobre minha pobre mente.
— Nós faremos programas turísticos durante o dia e você voltará para o hotel, pela noite. — continuou ele como se ela não tivesse dito nada.
— Quantos pontos turísticos Londres têm, senhor Turner? — Emma sondou tentando fazer com que ele notasse que esse plano não daria certo. — O suficiente para ocupar dezesseis horas por dia durante um longo mês?
Não, obviamente que não. Em uma semana ou menos ele teria lhe mostrado tudo que os cartões postais tinham tanto orgulho de exibir e aí o que? Dezesseis horas. Trinta dias. Era tempo demais para Alex lidar com uma garota de temperamento oscilante.
— Nós não precisamos sair todos os dias, se a senhorita não quiser.
— E se eu quiser sair sozinha?
Alex balançou a cabeça.
— Você tem dezoito anos. É menor de idade. Sem chance alguma.
— Pensei que a maioridade legal da Inglaterra fosse aos dezoito, e não aos vinte e um. — Alex vacilou em seu lugar, com um meio sorriso desdenhoso — Então, tecnicamente, sou maior de idade.
— Você é americana. — lembrou-lhe.
— Mas não estou na America. — estreitou os olhos e deu um sorriso todo contido.
— Não é assim que funciona.
— É claro que é. Diga-me, se eu quiser dirigir pela mão direita, como faço em meu país, eu posso?
— Não.
Ela colocou a mão no queixo e inclinou levemente sua cabeça.
— Oh! E porque não?
Ele hesitou, entendendo onde ela pretendia chegar.
— Porque aqui nós dirigimos pela esquerda.
— Então o que está dizendo é que as leis dos Estados Unidos não se aplicam à Inglaterra? Estou chocada.
— Você é sempre assim insolente? Não me surpreende que seu pai a trate dessa maneira.
— E você é sempre tão arrogante e impassível?
— Creio que sim. Especialmente com garotas insolentes.
Emma o fuzilou com os olhos.
— Não fale assim comigo, inglês. Não sou uma garota.
Seu lábio se curvou ligeiramente para cima num indicio de sorriso zombeteiro e ele lhe lançou um olhar de esguelha. Se ele não a tivesse insultado, Emma ficaria feliz por finalmente ver emoção humana através daqueles olhos.
— Não pode sair sozinha, não tem permissão para beber e tem uma espécie de guarda-costas até para as tarefas mais simples do dia. Sinto informar, senhorita Harley, mas do jeito que eu vejo; também não é uma mulher.


12 comentários:

  1. eu entrei varias vezes aqi hj só pra ver se vc ja tinha postado kkk ..a espera valeu a pena ,mas ja to ansiosa pro proximo capituloo!
    nao quero ser chata , mas POR FAVOR..nao demora de postar o proximo ok?! ;)

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  2. ''Sinto informar, senhorita Harley, mas do jeito que eu vejo; também não é uma mulher.'' UI essa doeu em mim! Essa Emma travessa viu, reserva muitas coisas...

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  3. Hahaha, eu adorei!

    O humor, os diálogos, uau!!! É tudo novo e diferente e eu me diverti lendo, principalmente com a polidez exagerada dos dois no carro.
    Você é demais Lu, dei altas risadas!!!
    A linda da Anne B de novo, também quotou algo que adorei e fechou o texto com indícios de que sim, vai piorar.

    A atração inicial é iminente, mas vemos os conflitos se destacarem mais num primeiro momento, o que indica que as coisas vão demorar um pouco para fluir, mas vão fluir de forma deliciosamente lenta.
    Adorei a descrição que a Emms fez do Al, combinou com a que ele fez dela, e os detalhes das cores combinadas com a personalidade dele fizeram sentido. Ele é um inglês bonito e classicamente sério e recluso.
    Adorei a ponte feita entre a Emma e a amiga dela, a rebelde Annabel (nome lindo), e também adorei as dicas. Fiz inúmeras conexões para pensar no que "ser frágil e inocente como uma rosa" inclui, e cheguei aos momentos blasé que me referi na última review. Coisas que adoraria ver personificadas, mas que amaria mais ainda se fossem transformadas, o que tenho certeza que vai acontecer.

    Essa relação me prendeu e ponto, já estou curisíssima para saber como esses dois vão conviver.
    Dá para se fazer muita coisa em um mês.
    Ainda mais quando de adicionam um astro temperamental do rock e uma garota "de personalidade oscilosa" no mesmo metro quadrado, tendo que conviver juntos todos os dias, yay!

    Sim volte logo, mas volte MESMO!
    Adorei e tenho certeza que as meninas também, a ideia de postar de no máximo, três em três dias. Mas vou esperar pacientemente, pois histórias boas merecem espaço para "concepção sem pressão", haha.

    Beijos e boa semana Luana,
    Débs



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  4. Alex de babá? Isso não vai dar certo ;) Hahahahaha
    Adorei o capítulo!
    Beijos <3

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  5. Inúmeros sentimentos, quatro letras, uma palavra: VISH!
    Alex, corra para as montanhas, CORRA PARA AS MONTANHAS! Essa "garota" vai te pegar, te estripar, te come e roer os seus ossos. I like that, mas você provavelmente não vai gostar.

    Bjos, Babs.

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  6. Que resposta que o Alex deu, hein!!! Uau, está cheio de marra! Eu acho que essa Emmma ainda vai dar bastante trabalho para ele Alex... A se vai! Adorei e ri muito com o diálogo deles:)
    Bjs:*

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  7. geeeeeeeeeeentes!
    que comece as intrigas (e coisa e tal) auhauhauha
    adoro esse jeito do Alex hahahhaha
    e essa Emma, hein? <3333
    essas pequenas doses que são esses pequenos capitulos me fazem surtar esperando pelos outros, juro!
    não pare de postar! ansiosa pelo proximo... beijos

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  8. faz quase um mês que vc postou..vc faz ideia de quando vai sair o terceiro capitulo??
    to esperando nao demora hein ;)
    bjs

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  9. poxa cade o terceiro capitulo?? por favor!!!

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  10. Pois é, aqui esperando pelo próximo capítulo. E vocês?

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  11. Helena Hartin09/06/2013, 23:04

    geente, alex quebro a cara uashauhsuashaus óooooootimo capitulo, to amando o jeito que vc escreve

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  12. Relendo essa fic linda pq sim! Meu coração acelera só de pensar no que tem reservado para o futuro desses dois. Beijos


    Steph

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