R U Mine 23: Perhaps fuck off might be too kind

N/A: Não sei o que aconteceu com o leyout.. Nao tô conseguindo arrumar.

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Um suspiro. Profundo e maçante.

O clima naquela cozinha parecia sério e desconfortável demais para duas pessoas que tinham acabado de ter um contato tão íntimo.

Alex sentado ao meu lado, direcionava toda sua atenção para o prato fumegante de bacon e ovos. As pontas de seus dedos já estavam levemente avermelhadas por conta da sua maneira no mínimo curiosa de tomar café da manhã. Ele quebrava o bacon quente em fatias finas, molhava-as na gema mole do ovo, o que me pareceu bem nojento, para só então levá-lo a boca.

Outro suspiro.

Ajeitei-me no banco alto que me permitia comer no balcão enquanto verificava se o lençol branco enrolado em meu corpo não tinha a probabilidade de afrouxar e cair. Não que eu estivesse com vergonha, mas naquele momento toda a intimidade que havíamos partilhado parecia ter evaporado. Assim como a fumaça que saia rapidamente do prato de Alex.

                Cansada do silêncio fúnebre quebrado apenas pelo som de nossas mastigações resolvi puxar algum tipo de assunto. Qualquer um.

                __ Isso é estranho – murmurei evitando olhá-lo diretamente, concentrando minhas mãos no pão de queijo mordido e um pouco ressecado.

            __ O que é estranho Clara? – Alex arqueou a sobrancelha e levou o pedaço de bacon caramelizado com a gema de ovo à boca.

                __ Isso – apontei para seus dedos calejados pela corda da guitarra que quebravam o bacon como se não estivesse realmente quente.

                Alex deu um risinho pelo nariz, passou as costas da mão no mesmo, fungando profundamente e limpando a garganta com um pigarro logo em seguida.

                __ É só uma mania – deu de ombros, ainda concentrado em seu bacon – faço isso desde pequeno.

                __ Hum – arranco um pedaço pequeno de pão de queijo que mais parece uma borracha e levo a boca.

                __ Você tem alguma mania?  - seus olhos cansados me fitam por baixo da pálpebra e neste momento percebo as grandes manchas roxas e fundas em baixo dos mesmos

                __ Não – dou de ombros, brincando com o pedaço do pão em minhas mãos – Não que eu saiba.

                __ Estragar o seu café da manhã não é uma?

Alex olha para baixo, concentrado no pequeno pedaço de massa sendo amassado em minhas mãos e logo em seguida me designa um meio sorriso, daqueles nem um pouco contentes, mas que faz o sangue correr mais rápido por minhas veias.

                __ Talvez. Nunca parei pra pensar sobre isso na verdade – respondo sem olhá-lo diretamente, mas por minha visão periférica consigo vê-lo passar a mão nos cabelos negros e desarrumados.

                __ Hum.. talvez você tenha tendências hiperativas – o murmuro saiu rouco, como se algo lhe incomodasse a garganta, então pigarreou para algumas vezes para limpá-la – Preciso de um cigarro – comentou antes de se levantar, apalpando o bolso da calça a procura do maço.

                __ Você não devia fumar com a garganta assim – murmurei enquanto o assistia.

 Alex procurava o maço na jaqueta de couro jogada em cima da cadeira e por um instante parou para me olhar como se eu fosse uma aberração ou algo do tipo, mas logo depois sorriu. Um sorriso de canto de boca e cheio de ironia que gritava aos quatro cantos que minha opinião não valia muita coisa.

               

               Ele achou o maço vermelho no bolso interior da jaqueta e sorriu enquanto deslizava um dos palitos em sua mão.

                Com o cigarro preso nos lábios, rodeou o balcão da cozinha jogando o maço vermelho em cima na minha frente.

Malboro

Alex apertou um dos botões do fogão, se abaixando logo em seguida para que a ponta do cigarro se encontrasse com as chamas azuis.

Encostou o quadril no eletrodoméstico quando tragou pela primeira vez. Sua cabeça  pendida para trás e sua boca levemente aberta, abrigando o cigarro entre os lábios. Era como se ele estivesse em êxtase, num estado de torpor. E lindo. Era lindo vê-lo fumar e depois sentir o cheiro de nicotina em suas roupas, incrustado em cada poro de sua pele.

Ali, com o tronco nu, os músculos tensionados, soltando aos poucos a fumaça através das narinas. Nada poderia ser mais perfeito

Quando abriu os olhos, ele repuxou os lábios para o lado, ensaiando um sorriso. Tirou o cigarro da boca, prendendo-o entre o dedo médio e o indicador.

                __ Em que está pensando? – Os olhos negros me examinaram com curiosidade

Em como eu sou louca por você

                __ Nada – respondi sem desviar de seu olhar. Uma de minhas mãos ainda amassava aquilo que um dia fora comestível enquanto a outra era usada de suporte para minha cabeça.

                __ Tem algo te incomodando – não foi uma pergunta, estava mais para uma constatação.

E mais uma vez levou o cigarro a boca, para uma longa tragada. Suas pálpebras fecharam por um milésimo de segundo e seu nariz se contorceu como o de um esquilo. Não pude deixar de sorrir um pouco com a cena.

                Com apenas dois passos relativamente curtos levando em conta o comprimento de suas pernas. Alex se curvou sobre o balcão, apoiando os cotovelos no mesmo. Seu nariz  pontudo bem próximo ao meu, o cheiro de nicotina era bem mais forte agora. Parte devido ao cigarro que queimava entre seus dedos, parte devido a proximidade de sua boca.

                __ Me diga o que está pensando – ele sussurrou enquanto sua mão livre colocava uma mecha solta do meu cabelo para trás da orelha direita.

                Suspirei sentindo sua mão descer até meu pescoço e colo, acariciando a extensão minha clavícula com o polegar.

                __ Nã.. Não consigo pensar com você tão... Perto – sussurrei em resposta sentindo os pelos da nuca eriçarem com o simples contato de seus dedos em minha pele.

Alex sorriu.

Um sorriso aberto, como aqueles que se vê nas fotos antigas do google. Quando seu cabelo tampava toda sua testa e tinha espinhas no rosto.

                Rosto este que agora sem imperfeição alguma, se aproximou ainda mais. Seus lábios secos e ásperos devido a falta de líquido roçavam os meus, nossos olhos abertos. Encarando-se.

                Então ele me beijou. Um mísero encostar de lábios que fez meu corpo inteiro tremer e de repente a cozinha me pareceu fria demais.

                __Você vai ficar? – perguntou ainda com os lábios colados aos meus e selou-os mais uma vez. – Huh? Eu não tenho nenhum compromisso hoje – outro selinho – Sou todo seu Milady

                Respirei pela boca, aspirando o cheiro de sua boca grudada na minha. Uma mistura de creme dental, nicotina e bacon.

                __Não posso – respondi enquanto me afastava. Não muito, apenas o suficiente para desgrudar seus lábios dos meus.

                __ O quê? Por quê? -  o cenho franzido deixava claro que ele fora pego de surpresa.

                __ Porque eu tenho pessoas que estão esperando por mim – respondi sentindo seu corpo retesar. Alex se distanciou um pouco, levando o que restava do cigarro a boca e então o apagou no tampo do balcão.

                __ Entendi

Alex se levantou, jogando a bituca dentro da pia da cozinha e se encostou pelo quadril. Esfregou as duas mãos no rosto cansado antes de dobrar os braços na frente do corpo.

                __ Entendi Clara – repetiu olhando para seus pés descalços.

                __ Alex – uma pausa para um suspiro - Eu só… não posso ficar aqui o dia todo.

                __ Não estou me opondo – seus olhos se desviaram para o meu rosto, não pude encará-lo. Não quando seus olhos me pareceram foscos e sem o brilho pétreo que eu tanto amava –O Golden Boy precisa de você– completou deixando os braços caírem para o lado de seu corpo.  Deu um passo para frente, impulsionando o corpo e esticando um dos braços para pegar o maço vermelho que jazia perto de mim.

Minha mão ainda amassava com força o pedaço de pão. Talvez eu realmente fosse hiperativa.

                __ Ele é meu namorado Alex – expliquei -  Pra começar eu nem devia estar aqui, não devia ter acordado aqui.

                __ Foda-se. Não me lembro de ouvir você mencioná-lo hoje mais cedo.

                 Ele sorriu canalha antes de fazer uma concha com a mão e acender o cigarro com um isqueiro vermelho. Não sei de onde saiu aquele isqueiro, mas também não importava.

                Engoli em seco. Uma mistura de raiva e decepção me fechava a garganta.

                __ Você é um estúpido . Não vê o que faz?

                __ O que? – soltou o bafo quente de nicotina – Não sei o que eu faço Clara. O que eu faço?

                __ Você usa as pessoas Turner – murmurei. A mágoa transbordando por meus olhos através das lágrimas que por mais que eu quisesse não pude segurar.

                Alex abriu a boca para contestar. Ou para concordar, mas não importava porque eu não queria ouvir.

                __ Você gosta de brincar com os sentimentos  das pessoas. O que você tá pensando Alex? Acha que é só olhar pra mim daquele jeito e me pedir pra ficar? Eu não sei se você se lembra, mas foi você que foi embora.

                Puxei o ar pelos pulmões. Estava cansada. Cansada de ser uma marionete nas mãos dele. Um brinquedo do qual ele acha que pode usar quando quiser e depois jogá-lo numa gaveta até que tenha vontade de brincar novamente.

                __ Eu vou embora sim. Vou voltar para o meu namorado. Sabe por que? – aquilo não era realmente uma pergunta – Porque ele esteve ao meu lado o tempo inteiro e porque ele me ama.

                Me levantei do banco, segurando o lençol com as mãos próximo ao peito para evitar que o mesmo caísse com a brusquidão dos meus movimentos.

                Alex permaneceu parado enquanto eu recolhia minhas roupas do chão com pressa. Pelo canto do olho pude notar que ele permanecia ali, com o quadril escorado na pia da cozinha tragando e soltando o ar quente do cigarro.

                Fui até o banheiro mais próximo, me vestindo o mais rápido que pude. Ao voltar Alex tinha os braços flexionados em frente ao peito, seu olhar se perdia na direção da mesa da cozinha.

                __ Onde está minha bolsa?

                Fui ignorada.

                __ Alex estou falando com você

                __ Só um minuto – responde saindo do transe em que se encontrava.

Menos de dois minutos depois, Alex retorna com minha bolsa em mãos. Vem até mim, mas ao contrário do que eu pensava ele não me entrega o que quero.

                __ Você disse que ele te ama, mas e você Clara?

                __ Eu o quê? Me devolve minha bolsa por favor. – murmurei sentindo tudo o que restava da minha paciência se esvair.

                __ Você não ama aquele cara – ele respondeu com um sorrisinho odioso na cara – Você não estaria aqui se amasse.

                __ Só pra lembrar, de novo, você me atacou Alex. Você me trouxe pra cá contra minha vontade – salientei – Me. Dá. A. Bolsa

                Alex pendeu a cabeça para trás encarando o teto branco e suspirou.

                __ É claro. Eu devia ter te deixado lá, no frio. Correndo o risco de ser estuprada por alguém.

                __ Você quer que eu te agradeça é isso? – perguntei. Meus braços se cruzaram em frente ao peito e minha sobrancelha arqueou-se minimamente

                __ Eu não quero que você faça porra nenhuma – rebateu enquanto estendia um dos braços com a bolsa em mãos.

                Peguei a bolsa com certa rispidez antes que ele resolvesse fazer alguma gracinha.

                __ Então é isso –disse – Seja feliz Alex com sua namorada que eu serei feliz com o meu.

Esperei que ele respondesse algo, mas  isso não aconteceu. Não havia nada para ser dito mesmo.

 Girei os calcanhares indo em direção a porta de saída.

                Quando minhas mãos encostaram-se à maçaneta da porta ouço a voz de Alex em algum lugar atrás de mim.

                __ Eu não tenho namorada.. Só queria que você soubesse disso antes de ir.

                Prendo a respiração e fecho os olhos por aproximadamente dois segundos. Não sabia o que ele pretendia ao me dizer aquilo e luto com o ímpeto de ficar para descobrir. Já tinha feito merda demais para um dia. Para uma vida. E Daniel não merecia aquilo.

 Se eu não saísse agora, não saíria nunca mais.

__Foda-se– foi tudo o que consegui pronunciar antes de girar a maçaneta e ir.

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N/A: Sim gente. Finalmente R U Mine saiu... Eu ia postar ontem, mas fui pega por uma dor enorme na mão direita então fui dormir e deixei pra postar hoje. Espero que gostem :D Um beijo especial pra uma das minhas leitoras q foi no meu ask e disse que amanhã está fazendo 17. Seu presente é esse flor. Um beijinho a todas que estão esperando a tanto tempo pela atualização. 
Amaram? Gostaram? Odiaram?. Enfim, deixem reviews