R U Mine 21: So that's how you want?


Meu corpo está no meio daquela multidão de pessoas, mas me sinto completamente sozinha e profundamente devastada. Alex conseguira destruir em 3 minutos o que eu havia levado 7 meses para construir.
O show como de praxe fora fechado com 505. A surpresa foi a participação especial de Miles Kane na guitarra, estava tão alheia em minha própria bolha que só percebi o fim do show quando a multidão a minha frente gritava “Mais um” ensandecidamente.
Quando o palco começou a ser desmontado para a próxima atração suspirei pesadamente e percebi que eu não tinha condições de ficar naquele lugar sequer um minuto a mais. Ao olhar para o lado deparo-me com uma Catarina conversando animadamente com um desconhecido. Sorrio e resolvo não atrapalhar. Dou meia volta e começo a recortar a multidão murmurando “com licença” tímido e impaciente. Eu queria me ver livre daquele lugar o mais rápido possível.
Depois de mais ou menos 10 minutos estou perto dos banheiros químicos e suspiro de alívio ao constatar que finalmente eu podia pensar com clareza. Não sei bem para onde estou indo, mas com certeza é para um lugar calmo aonde eu possa pensar tranquilamente. Apenas minha mente e eu.
Quando dou por mim estou andando sozinha até o ponto de ônibus, meus pés descalços batem contra o asfalto enquanto carrego meu chinelo em uma das mãos. Meus olhos parecem querer fechar tamanho o sono e o inchaço devido às lágrimas. Quando finalmente chego no ponto, estou cansada demais para permanecer em pé e resolvo me sentar na guia da calçada fechando os olhos e respirando fundo. Ao longe consigo ouvir perfeitamente a abertura do show do Duran-Duran e isso só me faz com que eu me sinta ainda mais derrotada. Alex teve a capacidade de estragar completamente minha noite, de fazer todos meus esforços escaparem pelo ralo.
Eu realmente devia ter ficado em casa. O que são 100 dólares perto de toda a frustração que ele estava me fazendo passar? Pendo a cabeça para o lado e me permito encostá-la na madeira do ponto. O ônibus certamente demoraria a passar e eu estava tão cansada...
Sinto leves tapas em meu ombro, mas estou tão fundo em meu inconsciente que não consigo me importar. O que Catarina estava querendo a essa hora da madrugada? Alguns cutucões depois murmuro um preguiçoso “me deixe em paz”, mas estou tão grogue que a possibilidade dela ter me entendido é praticamente nula. Ouço uma risada bem lá no fundo e provavelmente meus sonhos devem estar se confundindo com a realidade. Mais alguns cutucões e então eu decido abrir os olhos. Algo que não é nada fácil, minhas pálpebras custam a obedecer ao comando do meu cérebro. Minha visão embaçada consegue vislumbrar um rosto bem próximo, e um cheiro de nicotina infesta minhas narinas antes que eu me afunde completamente no meu eu mais profundo.

Meu corpo parece totalmente descansado quando começo a ouvir o barulho das buzinas dos automóveis. O colchão macio parece pertencer ao meu corpo, abrigando-o perfeitamente. Jogo as pernas para o lado espreguiçando-me e só então abro os olhos. Minha primeira reação é cerrá-los para só então abri-los novamente, mas nada ao redor muda. Aquele não é o meu quarto e ao contrário da ultima vez não estou com medo ou desesperada. Apenas a raiva consegue tomar conta de mim.
Levanto-me calmamente estralando todos os ossos do corpo e sigo a rumo á cozinha. Ao chegar lá, deparo-me com um Alex sentado em um dos bancos altos do balcão, trajando apenas uma calça de moletom velha e manchada. Meu coração se acelera, mas eu tento manter minhas feições inalteradas.
__ Acordou a Bela Adormecida?! Seu tom de voz divertido me irrita a ponto de meus punhos cerrarem – Okay antes que você me agrida ou algo do tipo fique sabendo que eu te salvei de um possível estupro ou roubo naquele lugar. Você perdeu o juízo foi?
__ Acho que sim. Quando fui pra cama com você – era pra soar como uma ofensa, mas foi mais para um desabafo. Alex curvou os lábios em um sorriso torto e nada disse. Continuou a comer seus ovos com bacon, ignorando totalmente a minha presença.
__ Você é doente ou o quê? – questiono indignada, minha voz esta uma oitava mais alta, porém eu não consigo ligar realmente pra isso. Alex não se move, apenas continua a mastigar lentamente aquela coisa nojenta – Se era pra me ignorar por que me trouxe pra cá?
__ Por que eu quis tá legal? Eu quis Clara e não me pergunte o motivo ou qualquer merda parecida porque eu não sei! – Alex largou os talheres no prato fazendo um barulho estrondoso, se levantou bruscamente e gritou, gritou tão alto que eu fiquei sem reação. Seu rosto estava vermelho do que parecia ser raiva e seus olhos quase saltaram para fora.
__ NÃO grite comigo! – Explodi em fúria, sabendo que não tinha moral alguma, mas mesmo assim o fiz – Você é a merda de um doente que sofre de transtorno bipolar ou alguma porra muito parecida. Você Alex Turner é a porra de um covarde que ilude, vai pra cama e depois chuta a garota pra voltar para os braços da sua namorada super modelo e depois DO NADA canta a porra de uma musica romântica num show deixando a menina que estava curada totalmente confusa!
A essa altura eu estava na ponta dos pés devido à excitação do momento. Meus punhos fechados e as unhas cravando em meus dedos.
__ Ah é pra falarmos disso? Você é a merda de uma adolescente que acha que é o centro do universo. Você sempre soube da Arielle, portanto não se faça de vítima Ana Clara. Quanto ao sexo não me lembro de você reclamar enquanto estava gemendo feito uma louca nos meus braços. Igualzinha a todas as outras.
Fechei os olhos por um momento e sem pensar duas vezes o esbofeteei com a maior força que pude reunir. Meus olhos se encheram de lágrimas enquanto ele levava a mão ao local da batida, me olhando com surpresa.
Perdi a noção de quanto tempo nos encaramos, até que lentamente ele tirou a mão da bochecha. Foi quando pude ver a marca perfeita dos meus cinco dedos em sua face e não tive como não ficar feliz por isso.
__ Ana Clara... tsc tsc tsc você não devia ter feito isso – sua voz parecia estranhamente calma e polida. O que me lembrou um psicopata quando diante de uma presa sem escapatória. As lágrimas quentes rolavam por minha face, morrendo em minha boca e deixando um gosto salgado na mesma. O gosto do desapontamento, da raiva que me consumia de dentro pra fora.
Logo ele começou a andar em minha direção e a cada passo dado eu recuava sem deixar de encará-lo. Seus olhos sorriram quando a mesa da cozinha me impediu de continuar recuando e eu senti meu coração palpitar dentro do peito.
__ Não se aproxime seu retardado filho da puta – murmurei tentando intimidá-lo, deixando meu ódio em evidencia, mas aquilo só serviu para fazê-lo se aproximar mais rapidamente, prensando-me contra a mesa.
__ Eu adoro quando você me xinga – suas mãos prensaram as minhas contra a mesa de madeira, deixando-me totalmente sem escapatória – Mas eu não gostei nada nada de apanhar Clarinha – seus lábios sussurravam em minha bochecha e eu só pensava em uma maneira de me livrar daquilo. Como ele tinha a cara de pau de tentar me seduzir depois de praticamente me chamar de vagabunda? – A não ser é claro, que seja na cama.
Nada pode me enojar mais que aquela frase, porém mal tive tempo de expressar minha fúria, pois seus lábios atacaram furiosamente os meus forçando a passagem da língua. Eu não tinha como empurrá-lo, não tinha como me defender então em um momento de desespero o mordi. O mordi com toda a força que consegui reunir em meus dentes.
Alex soltou um leve gemidinho de dor, separou nossos lábios, sorriu e disse:
__ Ah é assim que você quer? Então assim que vai ser...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não precisa estar logado em lugar nenhum para comentar, basta selecionar a opção "NOME/URL" e postar somente com seu nome!


Se você leu o capitulo e gostou, comente para que as autoras atualizem a fic ainda mais rápido! Nos sentimos extremamente impulsionadas a escrever quando recebemos um comentário pertinente. Críticas construtivas, sugestões e elogios são sempre bem vindos! :)