R U Mine 12: A lit bit deeper


Alex esfrega os olhos ainda tentando se situar enquanto me levanto para encará-lo com os braços cruzados em frente ao peito, esperando por uma explicação.
__ Bom dia pra você também – murmura ao se sentar e passar a mão nos fios negros e displicentes me olhando com os olhinhos semicerrados devido à claridade. Se eu não estivesse tão puta acharia a cena fofa.
__ Bom dia o cacete!
__ Bom humor pela manhã... – comenta para si próprio, tirando o fino lençol branco de suas pernas. – Me lembra de anotar isso depois... – murmura estranhamente bem humorado e com um sorriso nos lábios, daqueles que me permite ver todos os seus dentes, levemente amarelados devido ao fumo.
Tento não parecer abalada com o fato de ele estar só de cueca, daquelas bem apertadas e que se parecem com um shortinho.
__ E você é bem engraçadinho né? Anda... Porque eu dormi aqui com você e não na minha casa?
__ Nenhuma ideia a respeito? – pergunta descontraído ao se levantar ainda bem sonolento e esticar os braços, tencionando todos os músculos – Tá bom... – murmura penoso como se desistisse de fazer qualquer piada sobre o ocorrido - Você estava dormindo e eu te carreguei até seu apartamento, mas você estava sem a chave e celular. Então ao invés de te deixar lá na porta, te trouxe para de baixo do meu teto. – Responde meramente entediado.
Eu continuo o encarando. Não ia dar o braço a torcer, nem ferrando.
__ Eu ouvi um: obrigada Alex? – murmura zombeteiro e se aproxima perigosamente de mim.
__ E como você explica eu acordar ao seu lado de lingerie? – engulo em seco levando as mãos à cintura.
Alex direciona o olhar guloso ao meu corpo e um leve sorriso escapa de seus lábios vermelhos. Em contrapartida, me encolho totalmente vulnerável.
__ Aquela roupa parecia desconfortável – dá de ombros e sorri descaradamente.
__ Você não tem vergonha na cara né?
Ele sorri safado, contraindo os ombros levemente e pisca um dos olhos como se falasse “É assim que eu sou”.
Tento parecer séria, mas simplesmente não consigo. Alex me encara com os olhos ainda sonolentos, cabelos desarrumados e o rosto levemente amassado, porém ostenta um sorriso divertido nos lábios, que me faz querer sorrir também. Era impossível continuar brava desse jeito.
Ele se afasta, vestindo uma calça jeans que estava jogada no chão e pega a camisa que usara na noite anterior, lançando-a pra mim logo em seguida. Institivamente a pego no ar. Olho para a peça em minhas mãos e depois para Alex lançando lhe um olhar de interrogação.
__ Veste aí, não que eu me importe em ver você andando de lingerie pelo apartamento, mas provavelmente os meninos já estão na sala. Sabe como é né? Quando a amizade é muita, a privacidade é pouca.
__ Sei – respondo ao vestir a enorme camisa jeans que não deixa nada importante ficar à mostra. Catarina nunca bate na porta e vice versa. Uma vez tive o desprazer de entrar em seu quarto e encontra-la numa situação muito intima. Ela não sabe disso.
Meu estomago ronca me fazendo voltar a realidade e encontrar Alex sorrindo.
__ Tá com fome– murmura passando por mim, indo em direção ao corredor fazendo um movimento com a cabeça para que eu o acompanhe.
__ Na verdade acho que estou com mais sede do que com fome – murmuro em seus calcanhares
__ Ressaca... – cantarola divertido.
Quando passamos pela sala vazia Alex se vira bruscamente, fazendo nossos corpos se chocarem.
__ Eu estava errado. Quero minha camisa de volta – murmura com o olhar divertido.
Rolo os olhos desviando de seu corpo, prosseguindo até a cozinha.
__ O que tem pra comer? –pergunto ao me sentar num banco alto em frente ao balcão da cozinha.
__ Hm – murmura coçando a cabeça – Acho que tem agua – diz abrindo um sorriso que mostra todos os dentes
__ Ok, eu estou de ressaca na casa de um desconhecido então, por favor, não brinque comigo – meu estomago ronca novamente o fazendo rir.
__ A gente pode fazer gelo também – murmura divertido eu tenho vontade de rir, mas continuo séria com as sobrancelhas arqueadas – Ah qual é, era uma piada! – ralhou indignado - Aposto que se a gente tivesse transado você estaria com o humor bem melhor – era mais uma constatação que qualquer outra coisa.
Uma pequena risada escapa de meus lábios
__ Bem melhor assim – murmura se debruçando pelo balcão
__ Eu ainda estou com fome Alex
__ Se você não percebeu isso aqui é um hotel. Podemos pedir comida a hora que bem entendermos.
Um sorriso brota em meus lábios, eu simplesmente amo café da manhã de hotel. Tem um monte de coisas gostosas e o mais importante: Pão de queijo.
__ Tá esperando o que então? – pergunto com o cenho franzido e os olhos brilhando como uma criança a espera do presente de Natal.

Mais tarde devidamente alimentados, Alex me deixa por um tempo sozinha na sala, naquela mesma sala em que nos beijamos dias atrás. De repente lembranças invadem minha mente, era como se eu o sentisse ali e um súbito frio na barriga me tomou, céus eu estava tremendo!
__ Lembranças? – sussurra bem ao pé do meu ouvido, me fazendo arrepiar até os fios de cabelo. Maldito Turner!
__ Não. Er, quer dizer... O que é isso? – pergunto a primeira coisa que me vem em mente, na esperança de desviá-lo a atenção.
Alex franze o cenho de um jeito engraçado.
__ Er, Violão essa é a Clara. Clara, esse é o meu violão – murmura como se falasse com uma pessoa com retardos mentais. Odiei aquilo.
__ Eu não sou idiota. Sei que isso é um violão – ralho em resposta. Odeio quando me fazem de palhaça – Quero dizer por que você trouxe isto? – murmuro apontando para um micro caderno em sua mão. Com certeza é bem velho, pois há folhas rasgadas e amareladas, além da capa estar bem acabada e customizada numa montagem de mulheres em posições sexy. Com certeza retiradas da Playboy.
__ Que é? Fiz isso quando tinha 16 anos. Hormônios a flor da pele – Jogou o caderninho no sofá, ele parecia... Envergonhado? Por Deus! Alex Turner estava envergonhado!
__ Sei... Posso? – pergunto olhando de soslaio para o mini caderno jogado no sofá. Ele estava aberto em uma página cheia de rabiscos.
__ Hm... O que você vai me dar em troca? – suspirou
__ Eu? Nada! Só o privilegio da minha companhia.
__ Então nada feito – responde pegando o caderno de volta – Isso aqui é uma preciosidade sabia?
__ Se você está tentando me fazer desistir não está obtendo sucesso – murmuro me aproximando.
__ Você quer? - Alex não vacila nem um só segundo, seus olhos estão divertidos e um tanto maquiavélicos. Eu apenas balanço a cabeça em resposta e ele coloca o caderno pra cima, exibindo-o – Então vem pegar... – sussurra atraente como o diabo e eu sem pensar duas vezes avanço tentando a todo o custo pegar o maldito caderninho de suas mãos. Travamos aquela batalha por alguns segundos, meus míseros 1.65 não alcançariam seu braço esticado de maneira alguma e ele parecia se divertir com aquilo.
Seus olhos nos meus, sua respiração bem próxima e aquele sorrisinho de “ Não adianta, você não consegue” me tira completamente o foco. Meu Deus! Como pode uma pessoa ser tão perfeita.
__ Alex... – sussurro em seu queixo dando a entender que o caderno em suas mãos fora totalmente esquecido. Alex não se move, apenas suas orbes se direcionam para baixo, para mim. Puxo um sorriso sacana que por sinal aprendi com ele. Alex relaxa todo o corpo e se inclina para me beijar. Solto um suspiro em seus lábios e preciso reunir toda a determinação e força de vontade em meu corpo para continuar com meu objetivo. “O caderno Ana Clara, se concentre no caderno”
__ Alex... – sussurro roçando nossos lábios sensualmente, ele se aproxima colando a cintura em mim. Sua mão ainda está um pouco para cima, segurando o caderno, porém não com a mesma determinação. Sorrio com o feito que consegui e tomo-lhe o caderno de supetão, não dando chances para que ele se defenda. Alex sorri, um pouco surpreso.
__ Clara... Clara... Você está aprendendo – murmura divertido enquanto eu pisco para ele e me sento no sofá, pronta para abrir o caderninho em minhas mãos.
Ao abrir o caderno me deparo com muitas letras de musica, desenhos e rascunhos. Uma desordem total, a cara de Alex.
__ Você está com uma relíquia nas mãos Clara – Alex murmura se sentando ao meu lado enquanto folheio as páginas maltratadas e uma delas me chama a atenção tamanho o caos que se encontrava.
Tive de semicerrar os olhos e esperar alguns segundos para conseguir distinguir o rascunho de When the Sun Goes Down, cheio de rabiscos e palavrões no canto da folha. A letra num garrancho praticamente inteligível. Alex riu da minha careta
__ Não acharia minha letra tão ruim se soubesse as condições em que foi feita– murmura sorrindo de lado com a lembrança enquanto tira um cigarro do bolso traseiro antes de começar – Eu estava dentro de um carro em uma ruazinha de Sheffield enquanto uma prostituta me chupava
Ok eu não esperava por aquilo e acho que minha cara me denunciou, pois Alex gargalhou enquanto acendia o cigarro tragando-o logo em seguida. Acabei sorrindo também.
__ Que foi? Momento de inspiração não tem hora – murmura tragando mais uma vez o cigarro em suas mãos.
__ Tá certo e essa aqui? Qual foi a situação? – pergunto ao encontrar o rascunho de Do me a Favour a letra não estava linda, mas pelo menos estava legível.
__ Estava sendo chupado nessa também?
__ Não – sorri de lado - Nessa eu só estava triste mesmo – responde e o sorriso se desfaz.
Mordo os lábios em curiosidade, será que me acharia muito intrusa se eu perguntasse por quê?
__ Foi o dia em que Alexa e eu terminamos – murmurou
__ E então você colocou seu coração partido em uma musica pop?
Alex sorriu, um sorriso triste.
__ I poured my aching heart into a pop song – murmurou como se avaliasse a frase –I poured my aching heart into a pop song... – se levanta rapidamente indo até o quarto e volta com uma caneta na mão.
Alex pega o caderno de minhas mãos e vai até a primeira folha limpa que encontra anotando a frase em letras garrafais.
__ Isso vai me ser útil – sorri e fecha o caderno – Você já viu demais por hoje mocinha
Solto um muxoxo, eu estava adorando saber um pouquinho mais dele. Alex sorri e se aproxima espalmando a mão em minha coxa acariciando-a em toda sua extensão. Me arrepio no mesmo instante, aquilo era bom demais. Minha mão vai até seu pescoço e eu brinco de fazer círculos com a unha em sua nuca. Alex me encara e posso ver os pelos de seu braço se eriçando, sorrio com o efeito que lhe causo e me aproximo de seu rosto a fim de terminar aquilo que começamos minutos atrás.
__ Alex voc... –Alguém nos interrompe, nos separamos meio sem querer e quando olho em direção à porta. Jamie nos encara num misto de interrogação e divertimento – Ahh eu não sabia que você estava ocupado, pode deixar eu volto mais tarde – sorri tão canalha quanto o amigo. Eu estava começando achar que isso é mal de Monkey e sinto meu rosto esquentar tamanha a vergonha
__ O que você quer? – Alex pergunta visivelmente mal humorado
__ Joseph me mandou ver se você está vivo. Já são 16:00 e você não tinha dado as caras ainda – ele me olha de cima a baixo e depois para Alex como se disse “ Agora está explicado”
__Nem percebi que já era tão tarde – Na verdade nem eu.
__ Hum sei... – ele coça o queixo sugestivo - Só espero que guarde energias para o show hoje a noite – murmura pronto para deixar o recinto – E não se esqueça que a van vai sair  às 18hs. Sei que é difícil, mas não se atrase Turner.
A porta da frente bate e Alex e eu estamos sozinhos novamente.
__ Preciso ir, Daniel e Catarina devem estar preocupados. Eu simplesmente sumi ontem à noite. Fui sequestrada sabe? – digo em tom de diversão e ele sorri.

Me apresso vestindo a roupa que usara na noite anterior e prendo o cabelo num coque mal feito. Ao voltar para a sala encontro um Alex concentrado, escrevendo algo em seu caderninho. Sua expressão era tranquila e suave, como a de um adolescente, nem um vestígio de amargura ou ironia.
Resolvo não atrapalhá-lo e vou em direção a porta, quando giro a maçaneta ouço a voz rouca de Alex
__ Abra sua correspondência quando chegar em casa
Eu me viro para encará-lo, ele sorri e volta suas atenções para o caderninho em suas mãos.

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