R U Mine 10: You so fresh to death and sick as cancer


Quando Nick perdeu suas habilidades motoras até mesmo para segurar a garrafa de cerveja em suas mãos, deixando-a cair e molhando toda a mesa questionei-me sobre quanto tempo havia levado até que ele chegasse nesse estado.
__ Alex você não acha que está na hora de levá-lo de volta ao hotel? – perguntei de lado tentando não parecer muito chata nem chamar a atenção do resto do pessoal na mesa.
__ Er, acho que ele exagerou dessa vez – murmurou consultando o relógio em seu pulso – Ele já deve estar bebendo a pelo menos umas cinco horas, sem parar.
__ Cinco? – me viro para ele totalmente surpresa - Que horas são?
__ Pouco mais de 23 horas
__ Nossa, já? – pergunto enquanto procuro minha mochila no chão. Catarina devia estar louca de preocupação. Se eu bem a conheço já deve ter acionado todo o corpo de bombeiros.
Pego minha bolsa procurando por meu celular e tomo um susto ao ver que tem 57 chamadas perdidas não só dela como também de Daniel. Tento mandar um SMS dizendo que está tudo bem, mas como sempre que eu preciso, os créditos são insuficientes.
__ Droga – murmuro baixinho
__ O que foi? – Alex pergunta interessado, me olhando de soslaio.
__ Será que você pode me levar pra casa? Já tá tarde – ele arqueia a sobrancelha e um biquinho muito fofo se forma em seus lábios me fazendo derreter inteira e quase esquecer de que horas são e que meus amigos estão me procurando em algum lugar da cidade, mas não exteriorizo esses sentimentos.
__ Por que? Você tem horário pra voltar pra casa? – a pergunta vem acompanhada de um forte sorriso sarcástico e um enorme gole em sua cerveja – Eu estava pensando em ficar mais um pouco, eles vão embora e finalmente poderíamos ter um tempo a sós. – dá uma piscadela safada enquanto chega bem mais perto me deixando entorpecida com o espaço mínimo que nos separava
__ Er, Eu t-tenho que ir mesmo, olha isso – mostro a tela do celular pra ele que gargalha em resposta, achando alguma coisa muito engraçada. Talvez a bebida esteja fazendo algum efeito e isso de certa forma me preocupa, pois ele vai me levar pra casa e eu estou afim de chegar intacta.
__ Ok – em um último gole toma toda sua bebida e se levanta num pulo. Antes de segui-lo aceno brevemente para meus companheiros de mesa, mas estão muito bêbados e entretidos para ligar e então tento alcançar Alex que a essas alturas já se encontrava na porta do estabelecimento me esperando impacientemente enquanto batia os pés insistentemente no assoalho.
Estremeci ao sentir a corrente de ar gelada que batia contra meu corpo, o clima havia mudado drasticamente durante as horas que passei dentro do bar. Tranquei a mandíbula na tentativa de amenizar o ranger de meus dentes enquanto esperávamos pelo carro que estava estacionado em algum lugar por perto.
__ Espere só um segundo, o carro  já está a caminho – ele murmura se virando para ficar exatamente em minha frente. Apenas balanço a cabeça em resposta ainda com a mandíbula bem trancada. – Eu até te daria meu casaco – Meus olhos se dilatam com a possibilidade de me sentir quentinha e confortável novamente– Mas daí eu ficaria morrendo de frio
Filho da puta!
__Na verdade, tenho uma ideia  melhor– completa a frase com seu sorriso cafajeste nos lábios enquanto se aproxima enrolando seus braços ao redor de meu corpo. No primeiro momento permaneço rígida achando tudo aquilo muito estranho, mas conforme as rajadas de vento são barradas pelo corpo de Alex é inevitável não relaxar. Apoio minha cabeça em seu ombro e agradeço em silêncio por ele estar usando seu corpo como escudo. A sensação de tê-lo tão perto me abraçando era de pura paz, apesar de seu corpo quente despertar-me instintos de outra natureza. Uma de suas mãos em minhas costas e a outra em meu cabelo, ele parecia se distrair enrolando os fios no dedo. Aos poucos meus dentes param de bater uns contra os outros e me aconchego ainda mais em seu corpo sentido a fragrância que ele emana ser absorvida por minhas narinas perfume, nicotina e álcool. Uma mistura que não me agradaria muito se não viesse dele.
Permanecemos em silêncio durante os minutos que se seguiram até que o carro aparece em nossa frente e gemo em protesto ao sentir seu corpo se afastando do meu. Apenas sua mão permanece em minhas costas guiando-me até o automóvel.
__ Bem melhor aqui dentro huh? – comenta divertido após bater a porta do carro com força desnecessária.
Não necessariamente.
Eu não me importaria de continua lá fora desde que ficássemos abraçados como a poucos minutos. É claro que não exteriorizei meus pensamentos, não daria esse gostinho ao Turner. Nunca. Por isso me afundo no banco de couro maciço mostrando o máximo de descaso possível e murmuro:
__ Hurum
__ Pega a cartela de discos aí no porta luvas, vou te deixar escolher... Olha lá hein não me decepcione!
__Isso vai depender exclusivamente do que você tem aqui – digo ao abrir o porta luvas e encontrar uma infinidade de discos espalhados e desorganizados.
Dentre os cd’s há alguns clássicos como Beatles, The Clash, Ramones, Oasis, também está repleto de bandas alternativas atuais como The Vaccines e Franz Ferdinand, mas apenas um disco chama realmente minha atenção Icky Thump do Whitestripes.
__ Você curte Whitestripes? – pergunto surpresa já tirando o cd da capa, balançando o disco no ar pra chamar a atenção de Alex para o mesmo.
__ É impressão minha ou você está surpresa? – ele pega o cd da minha mão e sem deixar de olhar para a estrada o coloca no rádio.
__ Um pouco, apesar de ambos serem alternativos, o som de vocês não tem nada a ver.
__ É, a dupla tem uma pegada meio country, é genial apesar da simplicidade dos arranjos.
Concordo com um breve aceno de cabeça, o Som começa e novamente me afundo no banco de couro macio cantarolando minha musica favorita “You don’t know what love is” com um pouco mais de entusiasmo do que deveria, com certeza resultado do álcool em meu sangue. Alex me encara com rugas de interrogação e eu me calo bruscamente, não sabendo aonde enfiar a cara tamanha a vergonha.
__ Então Clara... Nós nos encontramos ocasionalmente tantas vezes – ele pigarreia deixando em ênfase o ocasionalmente– Te apresentei meus amigos e estou te dando uma carona de volta pra casa não acha meio injusto eu saber tão pouco sobre você? – enquanto fala Alex desvia o olhar da direção algumas vezes
__ Injusto? Não vejo dessa maneira já que eu também não sei nada sobre você – murmuro encarando-o, sorrio ao ver que consegui deixa-lo surpreso por um milésimo de segundo.
__ Você pode saber o que quiser sobre mim, é só buscar no google – responde como se fosse obvio, a coisa mais prática a se fazer.
__ É verdade, mas o que me importa é saber de coisas que não estão no google – rebato imediatamente.
Ele suspira alto dando-se por vencido e eu sorrio em resposta. Endireito-me no banco, preparada para ouvir o que tenha a me dizer.
__ Tudo bem – pigarreia alto – Eu sou Alexander David Turner, tenho 26 anos e nasci em Sherffield - sua voz é mecânica, como se estivesse respondendo um interrogatório. O filho da puta estava claramente tirando uma com a minha cara.
Rolo os olhos sério mesmo que era só isso que ele tinha a me dizer?
__ Até agora você só me disse coisas que estão disponíveis na internet pra qualquer um ver.
__ Você é muito impaciente Clara... Posso continuar?
__ Por favor
__ Tenho habilidades em dirigir embriagado então você está completamente segura, minha cerveja favorita é a Dark Lord e eu tenho uma tartaruga de estimação – ele me encara, analisando minha reação para poder continuar - Ah eu sou sonâmbulo... creio que não há mais nada que precise ser dito.
__ Tartaruga de estimação... Sonambulismo... Me surpreendeu Alexander. Qual o nome dela?
__ Não é ela e sim ele. O nome dele é veloz
Gargalho ruidosamente, resultado direto das minhas quatro garrafas de cerveja. O incrível é que Alex permanece a me olhar, qualquer um perceberia que ele está se esforçando para não rir da minha cara.
__ Isso é um pouco contraditório não? – pergunto ainda tentando conter meu acesso de riso;
__ Nem um pouco, o veloz já conseguiu atravessar a sala do apartamento em menos de meia hora – murmura sorrindo também, todos os dentes aparecendo. Eu gargalho mais ainda imaginando Alex atrás de uma tartaruga com um cronometro na mão, a cena não deve ter sido essa, mas foi divertido imaginar – Mas e você senhorita? Sua vez
__ O que quer saber?
__ O seu sotaque...
__ Ah isso? Sou brasileira
__ Brasil? – Sua sobrancelha arqueada e seu sorriso descarado nos lábios denunciam seus pensamentos rasos.
__ Antes que você me pergunte. Não eu não vivia no meio da floresta, não sei sambar e não me pergunte por que sou tão branca. Eu também não sei responder.
Alex não desvia o olhar da estrada, mas mesmo assim consigo ver um sorriso largo e divertido tomando conta de suas feições.
__ Eu não ia perguntar isso
__ Foram as perguntas que mais respondi quando cheguei – murmuro me lembrando de como Catarina me implorava para ensiná-la a dançar e das mil vezes que tive de repetir que não sabia, ela ficava emburrada e sempre repetia a mesma frase “ Você é brasileira como não sabe sambar?” Ainda bem que essa fase passou.
__ Eu imagino, mas huh prossiga.
__ Meu nome é Ana Clara Figueiredo, tenho 17 anos e nasci em São Paulo – começo da mesma maneira que ele fez, como se estivesse sendo interrogada;
__ Huh, o que mais?
__ Eu toco sabia? Na verdade estou um pouco enferrujada  desde que me mudei.
__ O que você toca? - ele desviou a atenção da estrada por alguns segundos para poder me olhar.
__ Piano
__ Sério? E você é boa? Tipo manda pra caralho?
__ Aí só vendo...
__ Tenho certeza que não faltaram oportunidades, linda – responde me deixando envergonhada. Essa frase dizia muita coisa e então resolvo tirar o foco do assunto.
__Eu gosto de cozinhar também, apesar de não parecer eu sou boa nisso.
__ Cozinhar? – seu olhar de deboche e sobrancelhas arqueadas demostravam que ele estava levando muita fé nos meus dotes
__ Tá duvidando? Qualquer dia eu preparo algo pra você comer
__ Será um prazer  comer o que a senhorita tem a me oferecer – responde dissimuladamente com um sorriso que quase lhe rasga a boca de tão largo e carregado de malícia.
__ Idiota – murmuro tão baixo que divido que ele possa ter entendido.
Fecho a cara, totalmente irritada com o comentário idiota e totalmente dispensável. Apenas a musica quebrava o silêncio mortal que permaneceu no carro durante os segundos seguintes. Eu não sabia o que fazer e Alex também parecia inquieto. Direciono meu olhar para a janela, agora já estamos entrando na cidade novamente e é possível notar um numero maior de carros e casas além de prédios comerciais.
__ E os seus olhos? – ouço a pergunta, solta no meio do nada e me viro, com um ponto de interrogação transcrito em meu rosto – Você treme seu olho esquerdo toda a vez que fica puta com alguma coisa.
__ Eu não tremo não – retruco ainda emburrada, mas o fato dele ter notado aquela pequena mania não passou despercebido aos meus olhos.
__ Treme sim, eles estava tremendo agora mesmo e hoje de tarde enquanto você tentava fechar a porta da lojinha também.
__ Estavam? – arqueio a sobrancelha claramente desconfiada
__ Sim – murmura sorrindo dessa vez quase consigo sentir sinceridade, mas antes que esse sentimento me domine volto pra minha posição emburrada de antes.
Pelo restante do trajeto só lhe dirijo a palavra para coordenar o caminho até meu prédio. Alex também parece desistir de tentar algum tipo de gracinha e foca todas as suas atenções na direção até que paramos em frente ao apartamento meio escondido, velho e que tem as típicas escadas de incêndio do lado de fora. Quando me mudei pra cá, foi meio que um sonho realizado, era como se eu estivesse num cenário de filme.
__ É esse aqui? – pergunta entortando um pouco o pescoço para conseguir ver melhor o prédio em nossa frente.
__ É sim – respondo – Er, obrigada por me trazer Alex
__ Não há de quê, Clara – desprende o cinto de segurança e se aproxima o máximo possível, seus olhos me encaram com uma intensidade assustadoramente intrigante – Escuta bem, me desculpa pelo que você ouviu, ok? Eu estou um pouco alterado tente levar isso em consideração.
__ O que você falou foi a coisa mais estúpida do mundo e você sabe né? Mas tudo bem, o que eu poderia esperar vindo de você? – eu estava visivelmente desapontada e minha voz deixava tal sentimento transparecer.
Nos encaramos por um milésimo de segundo, seus olhos pétreos praticamente me cortavam tamanha a intensidade. Em questão de segundos ele me puxou pela nunca, me tomando para si beijando-me docemente. Isso com certeza me pegou de surpresa, já que eu esperava tudo menos um beijo tão calmo e doce. Minhas mãos logo entrelaçam seu pescoço e ele é inteiramente correspondido, sem rodeios. Sua língua explorando cada centímetro de minha boca e vice e versa, seu gosto, seu cheiro, tudo me inebriava. Suas mãos percorrendo a lateral do meu corpo, me fazendo arrepiar por inteiro. Aprofundo o beijo querendo sentir mais seu sabor, meus cabelos já desengrenados com os leves puxões que recebiam dele.
O beijo aos poucos foi tomando maiores proporções, mais e mais urgente, suas mãos cada vez mais ousadas passando por minha coxa e barriga. Uma de minhas mãos puxando fortemente seus cabelos negros e duros devido a algum tipo de gel que lhe assegurava aquele penteado enquanto a outra passeava por seu peitoral.
Alex me puxa para seu colo no banco do motorista, meus joelhos lhe cercavam, um de cada lado da perna, um leve gemido escapa de minha boca ao senti suas mãos que passeavam por baixo da minha camiseta chegando até meus seios. Minhas mãos também passeavam por baixo de sua camisa, arranhando-o com minhas unhas.
Eram milhões de sensações diferentes e todas ao mesmo tempo, corpos e lábios colados e eu nem lembrava onde estava ou qual era meu nome. Nossos corpos estavam tão colados que comecei a sentir seus batimentos cardíacos descompassados assim como os meus.
Os vidros do carro já estavam embaçados devido à nossas respirações entrecortadas e ofegantes e só paramos o beijo quando o ar faltou. Seus lábios foram de minha boca até meu pescoço, chupando-o enquanto eu mordiscava lhe o lóbulo da orelha. Aquilo era surreal demais.
Nossas respirações aos poucos foram voltando ao estado normal. Nos encaramos por algum tempo, sua mão acariciando meu cabelo, suspirei fechando os olhos apreciando seu toque.
__ Nos vemos em breve Clara... Agora suba – sua voz rouca ecoa pelo carro me fazendo abrir os olhos. Apenas concordo em um gesto com a cabeça e ele me ajuda a sair de seu colo. Volto para o banco do passageiro e pego minha mochila, pronta para deixar o carro.
__ Ah Obrigada por devolver o disco – murmuro encarando seu rosto que logo é decorado por um sorriso torto que me deixa louca.
__ Tenho certeza que você vai usufruí-lo melhor... Além do mais, eu já não preciso mais dele – pisca de um jeitinho malandro e sorri. Retribuo o sorriso ao lembrar a finalidade dada ao disco. Me atrair.

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