Now then, Mardy Bum 14: Temptation, the very thing that held her back


Ainda estou pensando em Alex quando chego até Jesse. Ele encontrou um lugar muito bom e estamos quase sentindo o gosto do suor do vocalista da banda que está tocando. Não sei quem são, mas fazem um som legal. A cerveja faz o suficiente para que eu dance ao som da música e Jesse me acompanha, lançando sorrisos bonitinhos aqui e ali.
Quase me sinto culpada porque ele realmente parece estar apreciando minha companhia enquanto eu estou pensando na boca quente de Alex contra meu pescoço.
Alguns minutos depois, os Arctic Monleys são anunciados. Eles finalmente entram no palco, parecendo quase entediados. Jamie sempre parece estar procurando por dez saídas em qualquer lugar que está, se não só com os garotos. Nick tem aquele olhar de garotinho assustado enquanto coloca o baixo ao redor do seu pescoço. Só Helders é confiante e anda como se todo o palco fosse seu reino. Alex, por sua vez, ainda parece frustrado, mas, de algum jeito, satisfeito. Ele procura por um olhar especial na multidão e meu peito se enche de orgulhoso. Como não encontra, coloca a guitarra ao redor do pescoço e cumprimenta todo mundo.
— Are we all smiling? Is everyone smiling?
Eu estou. Não intencionalmente. Mas sinto os cantos da minha boca se recurvarem para cima, enquanto ele faz caretinhas nos solos mais pesados de musica.
O show tem uma pegada mais veloz que as musicas gravadas em estúdio, me dando a impressão de que estão com pressa e que irão sair do palco a qualquer minuto. Aproveito todas as musicas, letras, acordes e risadas entre Helders e Turner. Jesse não demonstra metade da animação que tinha há meia hora atrás.
Depois de apresentar as musicas novas – que são incríveis -, eles colocam musicas mais antigas e dos B-sides que não costumam tocar, e a multidão parace receber agradecida. Quando Alex começa a cantar Temptation Greets You Like Your Naughty Friend, não posso evitar em me ater à alguns versos.
Temptation, greets you like your naughty mate,
The one that used to get you in bother,
But one you could never bring yourself to hate

Tentação, te cumprimenta como um colega safado,
Aquele que costumava te encher o saco,
Mas aquele que você nunca conseguiu odiar

And she said we've got that spark,
That only lights a fuse,
Helps you see in the dark,
But it's a sight you'll lose when,
Temptation, greets you like your naughty friend.

E ela disse que temos aquela faísca,
Que apenas ilumina um fusível,
Ajuda você a ver no escuro,
Mas é uma visão que você vai perder quando a,
| Tentação, te cumprimentar como um amigo safado
Me pego pensando no que iria acontecer se Matt não houvesse chegado. O que teria acontecido, de verdade? Minha cabeça é um emaranhado de pensamentos e eu o observo segurar o microfone e cantar com o sotaque carregado. Alex não está procurando por mim; essa não é o tipo de musica que você dedica para alguém – Alex não parece o tipo de cara que dedica musica para alguém com frequência, aliás -, mas é similar ao que acontece. Nós definitivamente temos aquela faísca e Alex é, com certeza, a naughty mate.
Jesse me acorda dos devaneios, perguntando bem perto — Tá se divertindo?
— Pra caralho — grito em seu ouvido.
Ele ri. — Gostou da ultima banda?
A banda favorita de Jesse é Kasabian e por mais que já tenha ouvido muitos amigos falarem dela, admito que não conhecia nenhuma musica. Enquanto ela tocva os hits, mais pro final, comecei a realmente gostar do que ouvia. É uma banda com um ritmo mais pesado e os integrantes são estranhos e descolados, como todo cara de banda de rock é.
Eu dou uma risada. — Sim! Não sabia que tinha bom gosto musical!
— Bom, há um monte de coisas que você não sabe sobre mim...
A frase é dita de maneira despretensiosa, mas quando Jesse se aproxima dá pra notar que o que ele quis dizer é cheio de significados.
Ele está perigosamente perto. Se der mais um passo em minha direção passaremos do “a multidão está me empurrando” para “eu gostaria de empurrar você para um canto e fazer maldades”. Congelo no lugar, tentando me concentrar na musica que sai dos amplificadores e ecoa nos gritos dos fãs. Finjo um sorriso animado em direção ao telão, mas pelo canto do olho, fica claro que ele não está nem perto de recuar.
O mais irônico é que ele tenha escolhido esse exato momento para outra investida. Até que ponto isso foi casual? O exato momento em que Alex, o cara com quem Jesse sabe que ando passando tempo demais, está tocando lá em cima, a menos de trinta metros de onde estamos.
Quando ele dá um passo a mais, mesmo que curto, eu recuo com um riso nervoso que provavelmente me faz parecer psicopata.
— Tantas pessoas — resmungo de brincadeira — precisa de espaço aí?
Ele puxa os cós da minha calça com força e encaixa suas grandes mãos na base da minha costa.
— Na verdade, não.
Tento dar um passo pra trás, mas sou presa pelos braços fortes e com pelinhos loiros de Jesse. Ele fica imóvel, me encarando através de cílios longos e igualmente dourados. É desconcertante, então continuo focalizando num ponto atrás de sua cabeça. Ele não faz menção nenhuma em se movimentar, então tento escapar mais uma vez.
— Olivia... — Jesse chama e há um sorriso em sua voz.
— Hum? — Meus olhos ainda estão focados em estranhos ao nosso redor e meu rosto está virado para o lado oposto do dele, como se eu estivesse subitamente interessada por algo que nos cerca.
— Eu não vou soltar você, então seria mais fácil se parasse de se debater.
— Que? — pergunto debilmente. Talvez se me fizer de desentendida consiga me safar. Eu quero me safar?
— É inútil. — ele continua sorrindo, divertido, ignorando minha tentativa falha.
É realmente inútil. Jesse é pelo menos um palmo mais alto que eu e seus ombros são pelo menos alguns centímetros mais largos que os de Alex. Na verdade, o contraste entre seus tipos físicos é literalmente palpável. Alex tem aquele visual magro e “sou cool demais para ligar”, enquanto Jesse é esforçado, se veste bem e está sempre cheiroso. Não é algo que eu deveria saber, já que ele é meu chefe, mas foda-se. Meu histórico de envolvimento com caras para quem eu trabalho já começou ruim, de todo o jeito.
Ele é bonito, também. Não do jeito quase estranho, diferente e intrigante que um certo britânico tem, mas uma beleza mais óbvia e ainda sim, discreta. Jesse tem um sorriso bonito e imagino quão fácil seria me envolver com ele. Sem complicações, sem ex namoradas modelos lindas e talentosas, sem milhões de groupies e sem as tours. Além do mais, mesmo a palavra “envolvimento” ser descompromissada parece algo irreal no contexto Alex Turner.
— Eu vou beijar você agora, tudo bem? — a pergunta quase não é dita, mas a inflexão na voz revela incerteza. Ele está me aprisionando em seus braços, mas pedindo permissão para me beijar. Aí está outra diferença gritante entre Jesse e Alex. Turner jamais pediria algo assim.
Parece que se passaram séculos desde que estamos nessa posição, mas a musica que Alex estava cantando no alguns poucos minutos atrás ainda ecoa por meus ouvidos. E o interessante é que a mesma musica que me fez pensar que sim, eu gostaria de acender aquela faísca com ele, me faz ter uma ideia diferente.

And I said that kind of talk
Only adds intrigue,
To the cauldron of thought,
It's already exceeding,
Temptation, the very thing that held her back.

E eu disse que esse tipo de conversa,
Apenas adiciona intriga
Para o caldeirão de pensamentos,
Que já está em excesso,
Tentação, a única coisa que a segurava.

Jesse e eu praticamente fizemos isso, várias vezes, ao longo daquelas madrugadas. Durante uma ida ao balcão e as mesas, ele frequentemente dava um jeito de se esgueirar atrás de mim e fiscalizar os drinks novos que eu estava fazendo, sempre encostando seu corpo contra o meu. Algumas vezes ele fazia insinuações e tirava o cabelo do meu rosto. Céus, parece que faz tanto tempo... Jesse me desperta fazendo movimentos circulares na minha costa e dá um sorrisinho torto.
Oh, isso parece errado. Tão, tão deliciosamente errado.
Sem olhar para o palco, para as pessoas ao nosso redor ou para nós mesmos, respondo:
— Ok.
E aí ele me beija. É exatamente como previ: tão, tão deliciosamente errado.
O beijo dele encaixa perfeitamente no meu e ele tem um jeito de extrema masculinidade em me segurar. Nem preciso fazer força para me manter em pé, seus braços me sustentam com facilidade e ainda sim, ele dá um jeito de fazer carinho pela lateral do meu corpo. Nosso lábios se provam e eu repouso meus dois braços ao redor do seu pescoço, passando os dedos da direita por suas mexas loiras.
Não penso no que estou fazendo, não penso no que fiz algumas horas atrás e não penso na voz embolada e rouca que ouço a distancia. Só beijo os lábios que estão contra os meus pelo que parece muito tempo.
Não vejo quando eles vão embora ou quando a nova banda começa, mas ao pararmos para tomar ar, Jesse coloca uma mecha de cabelo do meu rosto atrás da orelha e me olha, todo contente.
A ultima banda não é nem do interesse dele ou meu, então como estava com fome e Jesse queria outra cerveja – mesmo que seus lábios já tenham o gosto amargo-adocicado da bebida-, vamos em direção à saída. Ele segura minha mão, enlaçando os dedos nos meus. É um pouco constrangedor agora que estou quase sóbria, mas deixo que a dele aqueça a minha.
Estamos na fila da bebida, onde várias pessoas e estão se empurrando em busca de uma garrafa de cerveja. Fico há dois ou três metros do lugar olhando o estado das minhas unhas enquanto Jesse está lutando para conseguir algo. Quando começo a roer a unha do polegar e tirar o esmalte do mindinho, ouço uns resmungos e barulhos altos.
Quando viro para o lugar onde Jesse deveria estar, ele está pelo menos meio metro abaixo, sentado no chão com a mão no supercílio. E Alex está a trinta centímetros, esfregando o cotovelo com a mão.
— VOCÊ SOCOU ELE? — pergunto incrédula.
— Foi um acidente! — Alex se defende, dando de ombros e me olha sem muita preocupação. — Tinha alguém me empurrando e quando eu virei para ver quem era o filho da puta, bati com o cotovelo no seu amiguinho aqui.
— E pediu desculpas? — pergunto com a mão no quadril e outra afastando a franja da testa.
— Eu disse que foi um acidente, não que estava arrependido.
Foi uma pancada forte, Jesse não está exatamente inconsciente, mas tem dificuldade em entender o que aconteceu. Com toda a cerveja que tomamos durante os shows, é bom que esteja mesmo anestesiado, porque o galo na lateral da sua testa indica que ele sentirá muita dor amanha. Ele está sentado parecendo bêbado – e provavelmente está, ou ele e Alex estariam distribuindo socos e chutes um no outro nesse momento - no chão entre Alex e eu.
Alex olha com atenção enquanto me inclino para analisar o pequeno corte no supercílio de Jesse. Procuro por sinal no celular, mas não tem nenhuma torre. Puta que pariu, como vou conseguir pedir para Pablo vir buscar a gente, agora? Ou mesmo um taxi?Não vejo nenhum telefone publico a vista e me recuso a cogitar pedir o do babaca a minha frente. Ele suspira parecendo mais puto do que deveria estar (quem foi que recebeu uma cotovelada na cabeça, afinal?!)
— Não vai ter mais um daqueles teus ataques de pânico, aí. Eu levo vocês pra casa. — resignado, ele se abaixa para sustentar Jesse nos ombros, mas eu interrompo e o empurro.
— Não! Você não vai mais tocar nele.
— Olha só quem ficou super protetora com o namoradinho...
— Ele não é meu namoradinho, Turner. Vai se fuder. — ralho enfurecida e ainda preocupada.
— Nah, parece que vocês dois vão fazer isso o suficiente hoje a noite...
— Qual é a porra do problema? — grito — Desde quando você se importa com quem eu estou?!
— O que — sua expressão é de inocência e ele finge estar horrorizado pelo tom acusatório da minha pergunta —, amigos não podem demonstrar interesse pela vida sexual um do outro? Porque algumas semanas atrás você parecia muito preocupada com a Alexa.
Ignoro a acusação.
— Somos amigos, agora? — provoco estreitando os olhos.
— Eu não sei, Olivia. O que nós somos? — inclina a cabeça um pouco e me olha com interesse.
Meu coração está acelerado, minhas palmas estão suando e tem algo muito excitante e libertador em estar gritando com ele desse jeito. Alex parece igualmente puto comigo e nós dois continuamos nos encarando, enquanto uma onda de tensão quase sexual se põe entre nossos corpos. Por um momento, acho que ele vai me beijar. No segundo seguinte, tenho certeza que vai me xingar ou algo assim. Também estou dividida entre essas opções, mas a pergunta dele paira no ar sem resposta...
Jesse geme baixinho, colocando as mãos sobre a cabeça e eu aponto para ele.
— O que nós somos? Nada! Mas você... Você é um imbecil, Turner. — grito pegando Jesse pelo ombro. Felizmente está escuro e barulhento e Alex não pode ver que meu nariz está vermelho e um tanto inchado. Assim que viramos as costas para ele, digo com a voz um oitavo mais baixa: — E eu devo ser uma imbecil maior ainda por gostar de você.

Um comentário:

  1. Somos todas imbecis por gostarmos dele, Olivia...keep calm

    A D O R E I essa -super- cotovelada que ele deu no Jesse, Olivia é uma anta de dar asas pra imaginação desse cara a partir do momento em que ela não gosta dele.
    Alex ciumento é outro nível, minha gente! Haha #AMO

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